Se você é uma das 62 milhões de pessoas que maratonou “O Gambito da Rainha”, é bem provável que tenha sido despertado para uma vontade de jogar xadrez. A popularidade da produção foi tamanha que tabuleiros se esgotaram nos EUA e surgiram diversos novos cursos online. Um deles, tem a própria Beth Harmon como professora. O site Chess.com criou robôs que simulam o estilo de jogo e a habilidade de Beth em diversas fases de sua vida. É possível jogar contra a Beth de oito anos, quando ela ainda está aprendendo o básico do jogo, ou desafiar a Beth de 22 anos, que detém o título de campeã mundial do esporte. Ao todo, são sete versões de Beth, cada uma com um nível de desafio diferente para testar sua habilidade contra a maior jogadora de xadrez da ficção. (Daniel Vila Nova)
Uma garota prodígio tenta conquistar o título máximo do xadrez mundial em “O Gambito da Rainha”, minissérie de ficção disponível na Netflix. Apesar do nome, a história nada tem a ver com as pernas da rainha Elizabeth II, como sugerem as várias piadas e memes que pipocaram na internet. Os gambitos em questão são movimentos típicos do xadrez, em que o jogador sacrifica uma de suas peças com a intenção de conseguir uma posição mais vantajosa no jogo. Interpretada pela atriz Anya Taylor-Joy (de filmes como “A Bruxa”, “Fragmentado” e “Emma”), a protagonista Beth Harmon é uma órfã que ainda luta com problemas emocionais e contra o vício em álcool e drogas nos anos 1950 e 1960. A série é inspirada no livro de mesmo nome, escrito pelo norte-americano Walter Tevis, autor de obras que originaram sucessos do cinema, como “O Homem que Caiu na Terra” e “The Hustler”. A narrativa da série desafia as convenções de um esporte predominantemente masculino e de histórico machista. Na vida real, até hoje nunca houve uma campeã feminina do torneio mundial de xadrez, excetuando-se as competições exclusivamente para mulheres. (Leonardo Neiva)
“Oh, a vida é maior, é maior que você, e você não sou eu. Até onde eu iria, a distância nos seus olhos. Oh, não, eu falei demais.” Você já deve ter ouvido esses versos antes, provavelmente em inglês. Eles abrem a canção “Losing My Religion”, um dos maiores sucessos da banda americana R.E.M. e foco de um episódio da nova série documental da Netflix, “Song Exploder”. Um hino da insegurança e da dúvida é como o vocalista Michael Stipe descreve a música, cuja gênese é destrinchada ao longo de pouco menos de meia hora. Inspirada num podcast de sucesso, a primeira temporada traz um hit por episódio, em que artistas contam em detalhes o processo de concepção e lançamento de uma de suas canções. Além do conhecido refrão do R.E.M., a série conta com Alicia Keys apresentando a recente “3 Hour Drive” e Lin-Manuel Miranda, que abre o processo de criação da música “Wait for It”, do musical “Hamilton”, concluindo com o rapper Ty Dolla $ign falando sobre a gênese de “LA”. (Leonardo Neiva)
Michaela Coel encantou o mundo do entretenimento com sua série “I May Destroy You” (2020). Escrita, produzida, dirigida e atuada por Coel, a série se transformou em um sucesso ao falar sobre violência sexual de uma maneira diferente de tudo o que havia sido feito na mídia até então. Capa da GQ de novembro, Coel se sentou com o também encantador Donald Glover, responsável por “Atlanta” (2016), e os dois tiveram uma das conversas mais interessantes do turbulento ano de 2020. Parte desconhecidos, parte amigos, eles navegam em um bate-papo sobre seus processos criativos, suas vidas e suas carreiras. A conversa pode ser lida na íntegra no site da GQ. Revolucionários — cada um à sua maneira —, os dois criadores provaram que há espaço para séries pensadas a partir da perspectiva negra. Vale acompanhar a produção — e as conversas — de duas das mais novas estrelas da TV mundial.
Quantos filmes, séries e minisséries já foram feitos sobre Catarina II da Rússia, a Grande, a czarina iluminista que transformou o país no século 18? De Marlene Dietrich a Helen Mirren, incontáveis atrizes já encarnaram a personagem, que é encantadoramente feminista muito antes de qualquer manifestação clara pelo voto ou pela liberação feminina. A novidade de "The Great" (2020), nova série que conta a história de como uma menina aparentemente romântica toma o trono do marido, é a oportunidade de ouro dada a Elle Fanning, atriz que vive a protagonista, de fazer uma Catarina mais bem humorada, quase amalucada, que vai da inocência a Maquiavel sin perder la ternura. A série é uma invenção em cima do que conta a história, com personagens modificados, mais força nas tintas, e um timing de humor perfeito. Pedro, o marido de Catarina, por exemplo, une sadismo à autoestima do homem hétero branco que usa um colar de pérolas rebuscado para sentir-se mais próximo da mãe. A corte russa bebe vodca e quebra taças sem parar, o sexo corre solto em qualquer lugar do palácio, e os sacerdotes recorrem a cogumelos alucinógenos para ter visões mais claras sobre o que deve ser feito para o bem da Rússia. Disponível no StartzPlay, vale a assinatura e, como dizem por lá, huzzah!