Turbante
Símbolo de status, função religiosa e ancestralidade, este tecido representa mais do que um adorno estético — é reafirmação da cultura negra
-
o que é
Um pedaço de tecido, de preferência bem maleável, com ou sem estampas, a ser amarrado de diversas formas para adornar a cabeça ou proteger os cabelos. O turbante, que também pode ser considerado como uma técnica além de um objeto, vai além da estética: é um símbolo de poder e autocuidado para pessoas pretas. Para a comunidade negra em diáspora, como se chamam os que foram retirados do continente africano durante os séculos de escravização, o uso do turbante serve como reafirmação de uma identidade cultural, seja no dia-a-dia ou nos ritos das religiões de matriz africana, como sinal de espiritualidade e ancestralidade. O símbolo esteve até nas Olimpíadas de 2020: as atletas Neisi Dajomes, Tamara Salazar e Angie Palacios, do Equador, usaram turbantes estampados e coloridos para receber suas medalhas.
-
quem fez
A origem específica do uso dos turbantes é desconhecida, mas estima-se que populações do Oriente já utilizavam as amarrações na cabeça antes do surgimento do Islamismo, no século VII. O uso do adorno com simbologias diferentes também é adotado na Índia, como símbolo de castas e status. Na África, a expressão mais antiga do uso vem do Egito Antigo, como peça fundamental do vestuário dos faraós. Relíquias históricas como a máscara do faraó Tutancâmon e a estátua da rainha Nefertiti apontam o uso do turbante como símbolo de máxima importância na sociedade egípcia. Em outras localizações do continente, o turbante começou a ser utilizado sob o nome Ojá, com amarrações específicas para expressar funções religiosas. O uso do tecido na cabeça já foi associado à proteção da mente e estímulo da fé.
-
por que é tão desejado
No Brasil, o uso do turbante está relacionado à reapropriação de uma cultura negra que se adaptou — o que já provocou até uma discussão sobre apropriação cultural pelo uso do adereço por pessoas brancas. Mas além da religiosidade e da função social, é uma técnica que tem sua funcionalidade: o cabelo cacheado e crespo, normalmente mais frágil e sensível ao sol e ao vento, pode ficar protegido dentro do tecido. O turbante também é uma opção para pessoas que passaram por quimioterapia, tratamento contra o câncer que normalmente causa a queda dos cabelos. A técnica da amarração na cabeça com tecidos de estampas vivas ou mais neutras possibilita uma mudança instantânea de visual e uma força na autoestima para quem quer variar um pouco sem abrir mão da elegância.
-
vale?
O turbante pode ser acessível com tecidos mais simples ou mais caro, no caso de quem deseja uma certa sofisticação no adorno, com tecidos mais elaborados e importados. A criatividade das amarrações fica a critério de quem usa — há modelos mais altos e volumosos, menores e mais discretos, com tecidos mais finos ou mais grossos a depender da temperatura. Vale até para quem não sabe o que fazer com o cabelo. A variedade de amarrações pode ser aprendida em tutoriais no YouTube , mas é possível também criar uma amarração própria que acomode bem a cabeça. O importante é se sentir bem e usar da versatilidade do adereço, que combina com looks diversos, do streetwear ao traje de festa.
-
onde comprar
Os materiais mais indicados são tricoline, sarja e viscose, que podem ser encontrados em lojas de tecido e artesanato, com preços variáveis, a depender do tamanho escolhido. É possível encontrar kits de tecidos africanos específicos para turbantes por R$ 40, opções com arame para facilitar a amarração por R$ 18 e malhas longas por R$ 20.