Zé Celso

Qual é sua ideia de felicidade perfeita?

Felicidade perfeita não existe. Eu sou muito feliz no meu trabalho, mas não é perfeito. Minha alegria é estar em cena.

Qual é o seu maior medo?

Ficar sem o teatro.

Que característica mais detesta em você?

Característica é algo muito determinado. Eu adquiro novas características sempre, é algo maleável.

Que característica mais detesta nos outros?

Caretice e ódio, essa máscara que não permite que os outros se comuniquem. Eu conversaria com todo mundo. Até os mais loucos são gente.

Que pessoa viva você mais admira?

Eu admiro tantas pessoas vivas.

Qual é a sua maior extravagância?

Ser extravagante. Extra vagante, um viajante.

Qual é o seu estado mental atual?

Loucura.

Que virtude considera superestimada?

Dignidade com pose.

Em que ocasião você mente?

Desde criança, eu não acredito na verdade. Eu chamo de concreto. Eu posso falar muita coisa descabida, deixar a imaginação fluir, mas eu não tenho o hábito de mentir.

O que menos gosta sobre sua aparência?

O que eu não gosto e dá para mudar, eu mudo. O que não dá, eu aceito. É o que é.

Que pessoa viva você mais despreza?

Vai além do desprezo. Eu queria que essa corja da Terra plana, que está destruindo a cultura, que é ignorante, eu queria que eles saíssem, já deviam ter saído. São pessoas que desprezam o outro.

Que qualidade mais admira em um homem?

Capacidade de se transformar, e saber que ele tem mil possibilidades, que ele não está só fechado naquela heteronormatividade. Eu admiro a abertura.

Que qualidade mais admira em uma mulher?

O poder que a mulher adquiriu.

De que palavras ou frases você abusa?

Vida. Amor. Tesão.

O que ou quem é o maior amor da sua vida?

Eu tive muitos amores da vida. Amor, como eu entendo, é plural. Tem o amor libidinoso, que é o mais forte, e ele constrói. Constrói filhos e obras de arte. Toda obra de arte nasce do amor. Todos os meus amores são relacionados à criação.

Quando e onde você foi mais feliz na vida?

Eu estou feliz agora.

Que talento você mais gostaria de ter?

Talento digital. Eu lido bem com a internet, mas não tenho talento.

Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?

Fazer mais exercícios, ser mais aplicado ao meu corpo.

O que considera sua maior conquista?

Para ser bem objetivo: depois de 40 anos de conflito, o Parque do Bixiga. Não foi bem uma conquista, mas é o início de uma virada ecológica, de um processo de possibilidades para a cidade de São Paulo.

Se você morresse e voltasse como uma coisa ou uma pessoa, o que você gostaria de ser?

Eu teria que viver para saber.

Onde você mais gostaria de morar?

Perto do mar.

Qual é o seu pertence mais estimado?

Um copo d'água, comida boa, maconha, meus óculos.

O que você considera o nível mais baixo da desgraça?

Assassinato.

Qual sua ocupação favorita?

Teat(r)o. Teatro é uma representação, "teato" é um ato, é quando você se abre totalmente, quando você vive, e não apenas representa um papel. Essa é a minha ocupação favorita.

Qual sua característica mais marcante?

Minha paixão pelo teatro. Sou incapaz de amar uma pessoa que não ame teatro.

O que você mais valoriza em seus amigos?

A empatia e a não hipocrisia.

Quais os seus escritores favoritos?

Oswald de Andrade.

Quem é seu herói na ficção?

Serafim Ponte Grande (Oswald de Andrade).

Com qual figura histórica você mais se identifica?

Leonel Brizola e Eduardo Suplicy.

Quem são seus heróis na vida real?

Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Sonia Guajajara.

Quais são seus nomes favoritos?

Eu gosto muito do meu nome, Zé. Manuela é lindo, Manu.

O que você mais detesta?

O cancelamento. O que o Bolsonaro está fazendo (e o que o Trump fez) também é detestável.

Qual seu grande arrependimento?

Não tenho. Não lamento nada.

Como gostaria de morrer?

Em uma viagem psicodélica. Quero fazer a viagem da morte.

Qual é o seu lema?

Com certeza não é a ordem e o progresso. Só a antropofagia nos une. O contato mesmo, corpo a corpo, carne com carne. É preciso viver ao vivo, e morrer ao vivo também.