Distanciamento não é sinônimo de solidão — Gama Revista

Bem-estar

Distanciamento não é sinônimo de solidão

O isolamento social é hoje realidade para a maioria. Por isso, preparamos um pequeno manual sobre como viver junto – mesmo que separados

Wilian Vieira e Manuela Stelzer 29 de Março de 2020

Não se trata de escolha: é preciso se distanciar fisicamente de amigos e familiares. Salvo a ida ao mercado, milhões de pessoas estão totalmente isoladas em casa, o que deve durar semanas ou meses – medida vital para conter a pandemia do coronavírus. O que não deve ser sinônimo de solidão.

Se o trabalho vira home office para quem tem essa opção, o jantarzinho entre amigos se torna virtual. Com o celular à mão, há novas sociabilidades e afetos possíveis nesse mundo de confinamento forçado.

“É possível descobrir formas de lidar com a solidão, fortalecer laços e criar novos”, diz o psicanalista Leonardo Goldberg, que pesquisa sociabilidades digitais. “A quarentena abre um hiato ambivalente”: é uma experiência solitária, mas a supressão do cotidiano, marcado por excesso de estímulos e demandas, “cria o terreno privilegiado para fomentar as relações pessoais”.

Ou seja: é hora de destinar esse tempo extra para cuidar das amizades e amores e descobrir novas formas de se conectar com o outro. Mas como reinventar a convivência em tempos de isolamento? As sugestões abaixo são um bom começo.

Videoconferência não serve só no trabalho

Evite as mensagens escritas e aproveite para falar com as pessoas queridas e vê-las por videoconferências via Zoom, Hangouts e Skype. Não substituem o contato físico, mas permitem interações digitais mais completas.

Com o Zoom, você pode convidar amigos para festinhas de até 100 pessoas: 40 minutos cada vez saem de graça. Dá para escolher foto de fundo, então você pode estar na praia e o amigo, em Veneza. Ligue a câmera e socialize. Inclusive a trilha sonora: alguns apps permitem que você dê uma de DJ e escolha a música para todos.

Os “zoomers” ou “hangouters” mais animados podem manter a conferência numa janela e, na outra, jogar. Para os gamers existem outras opções para substituir o carteado. Até brincar de stop online.

Vamos pegar aquele cineminha?

Nem todo mundo gosta de aparecer no vídeo, então dá para sociabilizar de outra forma. Saem a maratona solitária e o binge watching (assistir um mesmo seriado por um longo período de tempo), entram as festas do Netflix. Basta instalar a extensão“Netflix Party” no navegador Google Chrome do computador e pedir que amigos ou familiares (ou amores, para quem namora a distância) fazerem o mesmo.

Daí é só compartilhar o link para a sala virtual, que sincroniza a reprodução dos vídeos, fazer a pipoca e boa sessão. E, para quem vive no Twitch (site de streaming mais focado em games), a plataforma permite compartilhar o streaming da Amazon Prime. Se é para maratonar, que seja com os amigos.

Acredite no poder da endorfina

Se praticar exercícios reduz o estresse, mantém a mente ocupada e ajuda a apaziguar os pensamentos negativos e a solidão, o confinamento só reforça a necessidade de produzir endorfina, esse hormônio mágico que o corpo dá de graça quando a gente levanta da cadeira.

Nos Estados Unidos, as ergométricas que permitem fazer spinning em casa conectado com amigos estão em alta. E dá também para fazer exercícios em grupo, com a videoconferência ligada.

Com as academias fechadas, muitas liberaram conteúdos gratuitos. Há também opções de treinos no Instagram e no Youtube, de aulas de yoga (com opções para fazer com crianças) a treinos funcionais. Se ainda falta tempo, apps de treinos rápidos ou intensivos (Hiit) podem ser úteis.

Exercícios são tão importantes em tempos de confinamento que correr é uma das cinco razões para se poder sair à rua na França. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Exercício desestimula a prática. Talvez seja hora de pesquisar aquela promoção de esteira ergométrica – ou correr dentro de casa!

Ajudar os outros também funciona

Você deve ter visto na porta do elevador: durante o confinamento, ajudar idosos e outras pessoas do grupo de risco (indo ao mercado, por exemplo), além de evitar que se contaminem, melhora o bem-estar de quem ajuda. Cuidar do outro, afinal, faz parte de uma prática diária de autocuidado.

Com o vírus mudando nossa rotina frenética, é tempo de repensar a importância das relações. Um estudo concluiu que a existência de conexões mais fortes entre as pessoas aumentam a chance de viver mais. Por que não aproveitar para conversar mais com quem divide o mesmo teto? Ou conviver mais com quem está longe?

Por que não aproveitar e ensinar os avós, à distância, a se conectar? Se para quem domina a tecnologia, a migração do mundo físico para o virtual é só mais um passo, “não se pode esquecer de apresentar tais possibilidades para quem não está tão imerso no mundo digital”, diz Goldberg.

Por fim, na luta para evitar que o vírus se espalhe vale disseminar positividade. Na China, durante a quarentena, circularam vídeos de pessoas gritando mensagens de apoio de suas janelas. Na Itália, vizinhos cantaram da varanda e transformaram o país num concerto. Positividade pode não ser a solução, mas a esperança ajuda a acalmar a solidão.

Na foto acima, no sentido horário, estão Renata Ursaia, Ricardo Heder e Francisco; Chris Marin; Adriana Lago; Joana Lira; Gustavo Calazans e Diego Lopes; Ana Paulo Montesso; Mariana Brandão; e Dani Arrais e Laura Della Negra

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