A internet pede o impeachment
Nas redes sociais, personalidades e nomes de diferentes áreas criticaram atitudes do governo em relação à pandemia. No último mês, choveram publicações que pediam o impeachment de Bolsonaro
As redes sociais, que já estavam em polvorosa há semanas por conta da atitude de Jair Bolsonaro perante a pandemia, a vacina e a falta de oxigênio em Manaus, explodiram nesta última semana de janeiro com os dados do Painel de Compras do Ministério da Economia para o Palácio da Alvorada, que indicaram que o governo federal teria gasto em 2020 R$ 15 milhões em leite condensado — produto que Jair Bolsonaro gosta de passar no pão pelas manhãs.
Antes mesmo desse novo auê, artistas, advogados, jornalistas, historiadores, professores, antropólogos e nomes já atuantes no debate público manifestavam nas redes criticando o atual governo e defendendo o impeachment. A atriz Alice Braga, que até então não tinha uma conta no Twitter, resolveu entrar para a rede social apenas para dizer: #ImpeachmentBolsonaroUrgente. A hashtag foi um dos assuntos mais comentados do Twitter no dia 13, e Alice, em poucas horas, já reunia alguns milhares de seguidores.
Artistas, advogados, jornalistas, historiadores, professores, antropólogos e nomes atuantes no debate público vêm se manifestando nas redes em defesa do impeachment
Desde junho de 2020, a reprovação da gestão de Jair Bolsonaro se acentuou: chegou a 40% com a piora da pandemia e o fim do auxílio emergencial. Depois do silêncio por parte do chefe do Executivo sobre a aprovação da vacina, a busca pelos termos “genocídio”, “Jair Bolsonaro” e “Bolsonaro genocida” sofreram um aumento repentino, de acordo com o Google Trends.
A seguir, Gama reuniu uma série de manifestações recentes que chacoalharam as redes nos últimos tempos.
Rita lobo, cozinheira e apresentadora
Ao falar sobre uma receita de bala de pêssego, pediu o impeachment do presidente
Sem críticas ou argumentos, a manifestação de Rita Lobo pode ter passado despercebida pelo seu feed. À primeira vista, a foto de uma coleção de pêssegos não entrega seu posicionamento político. Mas a legenda, de uma maneira cômica, sim. Ao pedir a receita de uma bala de pêssego americana que leva o nome de “aunt peach mint”, ela explicou ironicamente como se pronuncia a palavra no Brasil: impeachment. “Alguém pode me passar?”, escreveu.
Augusto de Arruda Botelho, advogado
“Passou da hora de impeachment de Bolsonaro começar”
Depois de postar sobre o panelaço contra o governo, que ocorreu no dia 15 por conta do colapso da rede de saúde em Manaus, o advogado escreveu um texto para a Folha de S. Paulo no qual defende que comportamentos do presidente configuram crime de responsabilidade e que não faz sentido esperar situação se agravar.
Mariana Lima, atriz
Gravou um vídeo endereçado ao deputado Rodrigo Maia e pediu o impeachment de Bolsonaro
Em um vídeo caseiro de pouco mais de um minuto, a atriz pediu que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, desengavetasse os mais de 50 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Em seguida, Lima nutriu críticas ao presidente, e o chamou de genocida, assassino e responsável pelos últimos dois anos de “desgoverno” no Brasil.
Lilia Schwarcz, historiadora
O pior presidente que o Brasil já conheceu
De acordo Lilia Schwarcz, foram muitos os crimes de responsabilidade que Jair Bolsonaro cometeu, mas o pior de todos foi a adoção do negacionismo político no lugar de combater a pandemia. Foi contra a vacina chinesa, fez campanhas por remédios preventivos contraindicados e recusou-se a negociar com a Pfizer. Com ilustração do chargista Bennet, ela finaliza seu post com o pedido de destituição de Bolsonaro: “ficaremos melhor sem ele”.
Maria Flor, atriz
O vídeo em que está “pistola” com o governo viralizou na internet
O título já entrega a raiva que sentia: “Flor Pistola”. Em um vídeo de quase sete minutos, Maria Flor aparece indignada com o governo Bolsonaro e diz que, em 2016, “Dilma sofreu um impeachment por muito menos”. A atriz também pediu uma atitude de Rodrigo Maia, e se mostrou enfurecida que, em pleno 2021, ainda tenhamos um governo “cheio de militar, homem velho, branco”.
Thiago Amparo, advogado
Relembra que não faltam crimes de responsabilidade para legitimar o impeachment
Em uma entrevista ao canal My News, Thiago Amparo falou sobre a constitucionalidade do afastamento do presidente e listou razões para o impeachment, entre elas o abuso de poder e a quebra do pacto federativo. “Do ponto de vista jurídico, não há dúvida de que o presidente cometa crimes de responsabilidade todos os dias”, disse.
Gregório Duvivier, ator, roteirista e comediante
Na Gama, pediu pela vacina, Carnaval e impeachment
O que espera de 2021 em um tweet?, Gama perguntou. “Impeachment. Vacina. Carnaval. Necessariamente nessa ordem”, respondeu Gregório. Em suas redes sociais e no programa “Greg News”, da HBO, o comediante já havia feito muitas críticas ao governo durante todo o mandato.
Paulinho, jogador do Bayer Leverkusen
Postou um meme e se disse à favor da ciência
Paulo Henrique Sampaio, mais conhecido como Paulinho, é ex-jogador do Vasco e hoje compete pela equipe alemã do Bayer Leverkusen. Em seu twitter, o atleta compartilhou um meme com a foto da primeira mulher vacinada no Brasil que segura um pedaço de papel escrito “só falta o impeachment”. Paulinho comentou no próprio tweet dizendo que não era uma questão partidária, e sim por ser “a favor da ciência”.
Debora Diniz, antropóloga
Comemora a saída de Trump e diz que em breve será Bolsonaro
Depois da posse de Joe Biden como chefe de governo dos Estados Unidos, a antropóloga Debora Diniz comemorou a saída do ex-presidente Donald Trump, e agora torce para que, no Brasil, o impeachment aconteça logo.
Fábio Porchat, comediante
Manifestou-se por diversos meios
Foi no Roda Viva, no Instagram, no Twitter — Fábio Porchat usou diversos meios para se posicionar em relação ao governo. Em sua entrevista virtual para o Roda Viva, o comediante viralizou ao dizer que, para atingir Bolsonaro, era necessário “nivelar o debate por baixo”. No Twitter, pediu impeachment e chamou o governo de “criminoso”. E no Instagram, repostou um vídeo antigo, no qual um dos entrevistados do seu programa, “Que História É Essa, Porchat?”, disse que se fosse escolher ser uma pessoa por um dia, seria “o Bolsonaro, para renunciar”.
Petra Costa, cineasta
“Impeachment já”
Diretora do documentário “Democracia em Vertigem” (2019), a cineasta Petra Costa nunca deixou dúvidas sobre seu posicionamento em relação ao governo. Seguindo a onda de manifestações nas redes sociais, ela também compartilhou sua opinião: pediu o impeachment por haver “um genocídio em curso”.
Conrado Hübner, jurista
O impeachment é uma questão de saúde pública
O jurista e colunista da Folha de S. Paulo Conrado Hübner escreveu um texto para o jornal onde afirma que “não se combate vandalismo institucional sem tirar vândalos do poder”. No Twitter, ao publicar sua coluna, escreveu que o impeachment é “a maior causa pró-vida”.
Bruno Gagliasso, ator
“Acabou.”
O ator Bruno Gagliasso usou seu perfil do Twitter para demonstrar indignação em relação ao que chamou de “projeto de poder”. O tweet foi feito logo após a rede de saúde de Manaus colapsar por falta de oxigênio e outros equipamentos hospitalares. Gagliasso disse que “ninguém aguenta mais”.
Leandra Leal, atriz
Disse que o único “tratamento precoce possível” é o impeachment
Em sua conta do Twitter, a atriz Leandra Leal compartilhou uma notícia que afirma que Bolsonaro voltou a lançar desconfiança sobre a vacina do coronavírus e a insistir em um tratamento precoce, uma menção a hidroxicloroquina. Em relação a notícia, Leal disse que “o único tratamento precoce é o impeachment”, e reafirmou que não há alternativa.
Renata Côrrea, escritora e roteirista
“Taokey?”
Em um tweet endereçado ao presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, Renata Côrrea alerta para a ameaça de golpe de estado por Jair Bolsonaro, e usa o jargão do chefe do Executivo para pedir o início do processo de impeachment.