7 destinos para viajar — Gama Revista
Vamos viajar?
Icone para abrir

4

Semana

Destinos imperdíveis para você visitar

Uma livraria em Los Angeles, um tribunal em Joanesburgo, uma feirinha em São Luís. A equipe da Gama indica lugares fantásticos no Brasil e no mundo para você conhecer

27 de Novembro de 2022

Destinos imperdíveis para você visitar

Uma livraria em Los Angeles, um tribunal em Joanesburgo, uma feirinha em São Luís. A equipe da Gama indica lugares fantásticos no Brasil e no mundo para você conhecer

27 de Novembro de 2022
  • Imagem

    A livraria mais interessante do mundo em Los Angeles, EUA

    Leonardo Neiva, redator

    “Se o sonho de todo apaixonado por livros é se perder por estantes intermináveis, a The Last Bookstore, de Los Angeles, pode ser um paraíso capaz de agradar até um escritor exigente como o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Apesar do nome sugestivo, ela ainda está longe de ser a última livraria do mundo, mas certamente é uma das mais interessantes.

    Quando entrei no andar de baixo pela primeira vez, acreditei estar numa livraria comum. Prateleiras organizadas, banquinhos acolchoados, livros novos e usados a bons preços etc. Mas é quando se sobe uma escadinha apertada que o queixo vai ao chão. Depois de passar por um túnel de livros, o leitor adentra um labirinto de prateleiras de diferentes tipos e tamanhos que se estende por uma infinidade de salas.

    Há sim os inevitáveis ambientes Instagramáveis, como uma janela de livros e até um ambiente cheio de “volumes voadores” à la Harry Potter. Mas o grande diferencial é se perder num espaço que sacrifica a organização em prol do caos, com direito a uma cela oculta com as paredes abarrotadas de livros de terror. Um plus é que a livraria organiza clubes noturnos de leitura. Pude passar algumas noites tomando vinho e devorando bolachas com patê enquanto observava as sombras das velas nas prateleiras e dava pitacos sobre obras dos mais variados gêneros.”

  • Imagem

    O lugar com a maior concentração de samambaias em Oaxaca, no México

    Ana Elisa Faria, redatora

    “Oaxaca de Juárez, capital do estado de Oaxaca, no sul do México, é uma cidade mágica. Colorida, de construções coloniais e resquícios indígenas dos povos zapotecas e mixtecas. Tem muito a se fazer ali: andar pelas ruas de pedra, parar nas feirinhas de artesanato em frente às praças das igrejas, visitar o Mercado Benito Juárez, passear pelo lindo jardim etnobotânico. Também há uma grande variedade de opções de comes e bebes: experimente o milho assado em qualquer barraquinha de esquina, deguste os famosos chapulines (ou gafanhotos), se você curte um inseto, beba o tradicional chocolate quente oaxaqueño, tome uma dose de mezcal e prove o típico “mole”, um molho encorpado à base de especiarias variadas e chocolate.

    Além de fazer tudo isso, a dica é sair da cidade para conhecer as redondezas. Tire um dia para o roteiro que inclui o sítio arqueológico de Mitla, uma fábrica de tapetes em Teotitlán del Valle, uma visita a Santa María del Tule, município que abriga uma das maiores árvores do mundo, até chegar a Hierve el Agua.

    Para alcançar o destino final, um aviso: vans turísticas se espremem por pistas estreitas e vão, em ziguezague, até o alto desse imenso conjunto de formações rochosas no meio das montanhas. Mas, uma vez lá em cima, esquecemos as curvas tortuosas – prometo! O local surpreende por hospedar, há milhares de anos, espécies de cachoeiras petrificadas e piscinas naturais. Por muito tempo, a água dos mananciais com carbonato de cálcio e outros minerais escoava das montanhas e o líquido que escorria foi esculpindo as rochas, além de formar, também, poças gigantes azuis e verdes que lembram piscinas de borda infinita. É daqueles lugares em que nos sentimos formiguinhas em meio à beleza e à vastidão da natureza.

    Um livro que pode fazer companhia durante a viagem é ‘Diário de Oaxaca’ (Companhia das Letras, 2012), do neurologista e escritor Oliver Sacks, também um botânico amador, que, em 2000, fez uma excursão pelo estado para conhecer a maior concentração de samambaias do planeta.”

  • Imagem

    Os arredores da rua mais bela do país em São Luís, Maranhão

    Andressa Algave, estagiária de texto

    “Despretensiosamente, em um pequeno circuito de uma praça a outra, as manhãs de domingo de São Luís viram festa. Semanalmente acontece a Feirinha da Praça Benedito Leite, um pequeno encontro de autônomos do artesanato, da culinária, dos bares e da agroecologia de toda a região metropolitana. A festa acontece da praça Benedito Leite até a praça João Lisboa, no centro da cidade.

    Andar pelo evento é se cercar da cultura viva de São Luís. Entre casarões históricos e ruas feitas de blocos, a feirinha conta com música ao vivo e bebidas geladas no precinho – tudo sob o sol maranhense. Como a festa fica no centro histórico, acessar outros pontos turísticos é fácil. Bem pertinho das praças fica a Rua do Giz, eleita pela Casa Vogue como uma das ruas mais belas do país. Andando um pouco pelas redondezas, você encontra museus de arte tradicional, pequenas lojas de artesanato e muita comida típica. Recomendo comer uma caranguejada na Feira do Reviver, e aproveite para tomar uma dose de cachaça artesanal no bar do Corinthiano.

    Vale pegar um sol, tomar uma caipirinha dobrada (ou um suco de cupuaçu bem geladinho) e aproveitar a vista do mar no Palácio dos Leões, bem pertinho. A festa começa por volta de 9h e vai até o meio da tarde. O ideal é ficar pelo centro para ver o pôr do sol e captar um pouco da magia da cidade.”

  • Imagem

    Um símbolo de luta em Joanesburgo, África do Sul

    Manuela Stelzer, redatora

    “Política e arquitetura não são os temas que mais me interessam, mas foi a junção deles que me encantou quando visitei o Constitution Hill, em Joanesburgo. O espaço é onde hoje são celebrados e assegurados os direitos, a diversidade e a liberdade da população sul-africana. Mas nem sempre foi assim: no passado, o local era uma prisão, na qual estiveram encarcerados Nelson Mandela e Gandhi. Parte da antiga construção permanece de pé e se propõe a contar as atrocidades que se passaram ali. O que mais impressiona, entretanto, é chegar à segunda parte do passeio, totalmente reformada, que mistura um trabalho minucioso de arquitetos e diferentes símbolos históricos.

    O Tribunal Constitucional é um ambiente amplo e revestido por vidraças para aproveitamento da luz natural, o que passa a ideia de transparência: nada que é decidido lá dentro deve ser um segredo. Os pilares se parecem árvores, com folhas prateadas no topo – relembram o hábito dos povos originários de se sentarem sob a sombra das folhagens para tomarem decisões importantes. Os tijolos que subiram a prisão por volta de 1892, foram os mesmos utilizados para o projeto do Tribunal, inaugurado em 2004, dez anos depois do fim do Apartheid. O uso do mesmo material traz a ideia de que nenhum traço da história deve ser apagado, e que é possível construir novas camadas, mais bonitas e democráticas, mesmo a partir de um passado terrível. A cereja do bolo é uma frase em português, exposta em uma das paredes em material neon vermelho, que serve como homenagem aos moçambicanos, importantes atores na luta contra o Apartheid, e também como lembrete: ‘A luta continua’. E talvez nunca termine.”

  • Imagem

    Bolinho de bacalhau, chopp e praia em Niterói, Rio de Janeiro

    Luara Calvi Anic, editora-chefe

    “Se for ao Rio, não deixe de pegar a ponte Rio-Niterói. Dá para ver a bela vista da cidade maravilhosa enquanto segue em direção a esse município onde fica a obra escultural de Oscar Niemeyer – o Museu de Arte Contemporânea, que até já serviu de passarela para um desfile da Louis Vuitton, em 2016. Se tudo der certo ao atravessar a ponte – que recentemente sofreu com a batida de um navio à deriva (!!!), pegue o caminho em direção à Praia de Itacoatiara, uma das mais bonitas do estado.

    São apenas 700 metros de orla, vegetação exuberante e espaço para diferentes gostos – de um lado uma pedra gigante em forma de elefante contorna o mar revolto; do outro, uma área mais calma, apelidada de prainha. No pós-praia, eu costumo ir direto para o Restaurante Seu Antônio, um clássico português da região. A dica é começar pelo bolinho de bacalhau com chopp, é claro! Nas paredes, fotos de antigos frequentadores, como Darcy Ribeiro e Leonel Brizola.

    Niterói contou com uma forte imigração portuguesa. Ali perto, no bairro de Ponta D’Areia, fica uma região chamada de Pequena Portugal, onde você pode visitar o tradicional Mercado de Peixes São Pedro. Dois outros restaurantes portugueses na área central representam bem a influência lusitana: Dona Henriqueta – Gruta de Santo Antônio e Caneco Gelado do Mário. De novo, comece pelo bolinho de bacalhau com chopp, é claro!”

  • Imagem

    Uma ilha para conhecer de bike, no Japão

    Mariana Simonetti, editora-assistente de arte

    “Naoshima é uma ilha inteira dedicada a arte e arquitetura contemporâneas. Fica no mar interior de Seto, mais próximo de Osaka, antiga capital do Japão.

    A ilha pode ser explorada de bike (elétrica) e encanta por suas paisagens e vilarejos, galerias e obras de arte, como a famosa Pumpkin Yayoi Kusama, em um deck com vista para o horizonte e para o mar. Quem quiser pode se hospedar na própria ilha, no conhecido Bennesse House, que é ao mesmo tempo hotel e museu, projetado pelo arquiteto Tadao Ando, um espaço onde ‘coexistem natureza, arte e arquitetura’.

    O que mais me marcou foi o Chichu Art Museum, em sua maior parte construído debaixo da terra, com a premissa de interferir o menos possível na natureza e evitar grandes transformações no cenário natural. O museu conta com uma sala específica para um quadro imenso de Monet, outra, impecável, para Walter de Maria, e uma terceira, extremamente sensorial, do incrível James Turrel.

    Chegar até a ilha pode parecer difícil, mas é só um pouco demorado. São três trens e uma balsa. De onde estiver, busque um trem-bala até Okayama. De lá, um trem local até Uno, com uma baldeação em Chayamachi – mas na mesma linha, só muda o trem. Dali, uma caminhada até o porto, onde o turista pega uma balsa de 20 minutos até Naoshima. O melhor é se planejar para sair cedo, e assim ter tempo de sobra para explorar as tantas possibilidades artísticas que a ilha oferece.”

  • Imagem

    Um dos melhores museus de história do mundo em Bogotá, Colômbia

    Isabelle Moreira Lima, editora executiva

    “São tantos os biomas da Colômbia (Amazônia, Andes, Savana, Pacífico, Caribe, entre outros), que fica difícil escolher o que visitar e o que fazer naquele país de natureza fabulosa, história rica, literatura encantadora, gente gentil, café dos sonhos, frutas exuberantes. Mas vou dar aqui a letra: independentemente dos seus planos, encaixe o Museu do Ouro, de Bogotá, no começo da visita. Sem dúvidas, é um dos melhores museus de história do mundo (o ranking da revista National Geographic de 2018 concorda) por um recorte curioso: o do uso e da exploração do ouro desde a época pré-colombiana até os dias de hoje.

    Em seus dois andares, o museu reúne 34 mil peças, algumas têm beleza minimalista elegante, outras são rebuscadas e delicadíssimas. Por meio delas, aprendemos sobre práticas indígenas de culturas como a muisca e a tayrona, tanto as cotidiana, quanto as dos rituais sagrados. Um exemplo é o ‘poporo quimbaya’, um recipiente usado para armazenar cal no ritual da mastigação das folhas de coca. Há também inúmeros adornos, como as narigas, piercings ancestrais que podem ser pequenos ou imensos, e as máscaras mortuárias, que descem ao corpo; e os pequenos objetos que retratam a natureza e o cotidiano de cada povo originário. No primeiro andar, conhecemos também um pouco da geografia do país e das tribos que viviam em cada região, o que dá um conforto ao turista: sentimos como se realmente estivéssemos compreendendo aquele país.

    Mas é no segundo andar que seu queixo vai cair. Depois da escada que leva à porta principal, notamos que ela fecha como um cofre. Essa imagem antecipa certa ansiedade: a coleção guardada ali tem ainda mais valor. A peça mais impressionante de todas é a jangada muisca, uma representação da lenda de El Dorado. Segundo ela, havia um local que concentrava todo o ouro da região, algo que os colonizadores buscaram com afinco ao longo de séculos. O maior representante desse local seria o cacique Guatavita, que navegava em uma jangada com o corpo coberto de pó de ouro para brilhar ao sol. Pequena e delicada, a jangada leva à reflexão sobre a engenhosidade dessas populações pré-colombianas e da destruição que ocorrou quando a ganância colonizadora chegou em suas terras.

    O passeio no Museu do Ouro leva em torno de duas horas e, ao fim, vale tomar um café no premiado San Alberto e visitar a galeria de artesanato ali do lado. Na galeria, por preços módicos, encontramos brincos que reproduzem as narigas indígenas folheados a ouro, além de outras maravilhas do artesanato local como as bolsas wayuu e as máscaras de Barranquilla. Se vir vendedores ambulantes oferecendo mango biche (manga, limão, pimenta e sal), milhos gigantes ou churros, não deixe passar.”