Como se desligar das redes? — Gama Revista
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Mariana Simonetti

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5 dicas

Como aproveitar o fim de ano para desligar das redes sociais

Os dias de recesso que muita gente tem entre o Natal e o Réveillon são ideais para um detox da vida online. Confira dicas para ajudar nesse processo, que é difícil, mas muito relaxante

Ana Elisa Faria 18 de Dezembro de 2022
Mariana Simonetti

Como aproveitar o fim de ano para desligar das redes sociais

Os dias de recesso que muita gente tem entre o Natal e o Réveillon são ideais para um detox da vida online. Confira dicas para ajudar nesse processo, que é difícil, mas muito relaxante

Ana Elisa Faria 18 de Dezembro de 2022
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    Desconecte-se aos poucos –
    Para o choque não ser grande, antes de deixar as redes sociais de lado nas férias de fim de ano, vá se desconectando aos poucos, gradativamente. No Instagram, por exemplo, há o recurso “lembrete para fazer pausas”, lançado no início de 2022. Trata-se de uma funcionalidade que envia avisos a cada 10, 20 ou 30 minutos de navegação ininterrupta no aplicativo. Adam Mosseri, executivo da empresa, disse na época do anúncio da ferramenta que a função faz “parte de um esforço para dar aos usuários mais controle sobre a experiência na plataforma”. Depois de ativar esse lembrete, tente a tática de passar períodos do dia longe do celular – guarde o smartphone em um local de difícil acesso. Experimente, ainda, um domingo offline. Praticante de períodos de desintoxicação das redes, principalmente entre o fim de um ano e o início de outro, Luiza Voll, sócia-fundadora da Contente, estúdio de criação que trabalha para promover uma conexão mais genuína e uma vida digital ainda mais atenta e consciente, fala que gosta de se propor tempos longe do telefone e das timelines das redes. “Às vezes, no início da noite, coloco na gaveta, e me proponho a deixar o aparelho ali até a manhã seguinte. É bom para ter conversas importantes, uma escuta atenta. Há várias pesquisas, inclusive, que mostram que basta apenas a presença do celular no ambiente para causar um impacto considerável na atenção”, diz a Gama.

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    Você não precisa sair de todas as redes sociais ao mesmo tempo –
    Dê um tempo da rede social mais viciante, aquela em que você gasta muitas horas diárias rolando o feed incessantemente. Geralmente, é a mesma rede que, ao deslogar, o usuário fica se comparando a inúmeras pessoas, sejam elas conhecidas ou desconhecidas, e, ainda, sai com a autoestima baixa. Voll conta que acha importante a pessoa aprender a identificar o que faz mal a ela nas redes. “É importante a gente se conhecer para saber que não é tudo na internet que dá gatilhos negativos, há bastante coisa legal também. Então, eu, por exemplo, já fiquei fora do Instagram, mas, no período, via o WhatsApp normalmente. E acho pouco prático ficar sem o celular totalmente porque sempre tem um endereço para pesquisar, um link para clicar. A internet não é perfeita, não é mágica, mas eu sei o que me faz mal dentro do aparelho celular. O que eu faço nos momentos de detox, então, é sempre deletar o aplicativo. Se eu deixo instalado, em algum momento vou olhar, por isso, deleto e, quando for a hora, faço o download novamente”, relata.

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    Ano novo, vida nova: uma boa pedida para fazer aquele detox online –
    Dezembro chega e, junto com o mês, surgem as famosas listinhas de promessas para o ano seguinte, com uma infinidade de desejos para uma vida de mais bem-estar e saúde. Por isso, os dias entre Natal e Réveillon, quando muita gente dá aquela paradinha do trabalho e viaja, são uma ótima oportunidade para pausar – desde a correria das reuniões à rotina frenética de acompanhar as redes. Esse é o período do ano favorito de Luiza Voll para se desintoxicar das mídias sociais. “Adoro fazer isso nessa época, nem que seja por poucos dias. Eu aprendi que essas pausas não resolvem a forma como a gente lida com o celular e com as redes, até porque, depois de um tempo do retorno, voltamos a ficar do mesmo jeito de antes. No entanto, é uma forma de você revisitar a vida sem tanta influência e de ver também o tamanho do impacto das redes sociais no seu tempo. No primeiro dia, é comum sentir uma sensação de alargamento do tempo”, descreve Voll.

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    Aproveite as novas sensações que a desconexão das redes sociais proporciona –
    Falta de foco e ansiedade são dois sintomas comuns causados pelo uso excessivo do celular e, consequentemente, das redes sociais. Assim, quando mergulhamos no detox, o corpo e o cérebro levam um tempo até se acostumarem com a nova rotina sem telas e tantos estímulos. Voll explica o processo: “Há um desconforto mesmo, que chega a ser físico, químico, incomoda. Toda hora você procura o celular, pega o aparelho, desbloqueia, vai imediatamente na tela onde o aplicativo costuma ficar, e nada, ele não está mais ali. Esse ciclo, no início, é repetido algumas vezes, até que em um momento a gente esquece do aparelho e do app. É relaxante e, com os dias, a experiência vai ficando mais gostosa.” A sócia da Contente fala ainda que até a simples ação de fotografar muda após a pausa. “O nosso olhar fica condicionado ao Instagram, vamos tirando mais fotos em pé, que são as que ficam melhor no feed, por exemplo. Antes do clique, damos uma arrumada no ambiente para sair bonitinho. Quando eu fico offline em viagens, as fotos são completamente diferentes, fotografar fica muito mais legal. Tenho saudade desse olhar, tanto que adoro fotos antigas, que são justamente aquelas que não ‘cabem’ no Instagram.” Voll diz que o retorno às redes (ou à rede) também traz uma sensação boa. “Quando você voltar, vai estar tudo ali, e é uma delícia voltar também. Eu sempre volto repensando alguma coisa, fico menos tempo online – me proponho a esse exercício, pelo menos”, conclui.

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    Na volta da pausa, consuma conteúdos que reflitam sobre o uso consciente das redes –
    Com o término do recesso entre o Natal e o Ano-Novo, provavelmente você vai retornar ao Instagram, ao Facebook, ao TikTok, ao Twitter ou até mesmo ao Koo, concorrente da rede social de Elon Musk, que, em novembro de 2022, ganhou milhares de usuários brasileiros. No entanto, essa volta pode ser mais tranquila e consciente. Para isso, consuma conteúdos que façam pensar sobre o uso excessivo das redes. Diariamente, os perfis da Contente trazem reflexões e provocações sobre o nosso comportamento na internet. Luiza Voll também indica a obra “Indistraível” (AlfaCon, 2019), de Nir Eyal, que divide aprendizados para compensar os efeitos danosos da contaminação causada pelos algoritmos e pelas redes sociais, além de apontar os benefícios da desconexão. “O bacana desse livro é que ele ajuda a entender um pouco mais profundamente quais são as causas do problema. Por que eu pego tanto o telefone? Quais são os gatilhos, internos e externos, que me levam a essa ação tão repetida?”, conta. Duas outras publicações podem ajudar a refletir e a seguir no caminho rumo à paz interior fora dos ambientes online: “Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais” (Intrínseca, 2018), de Jaron Lanier, e “Falso Espelho” (Todavia, 2020), de Jia Tolentino. O documentário “O Dilema das Redes”, disponível na Netflix, também é uma boa opção para entender o vício contemporâneo em telas e nas mídias sociais.