Aprimore o seu poder de escuta – Cinco dicas — Gama Revista

Aprimore o seu poder de escuta

Ninguém mais se ouve, mas escutar é importante e traz bem-estar. Por isso, selecionamos dicas para você treinar seu ouvido e a capacidade de atenção

Ana Elisa Faria 28 de Julho de 2022
  • 1

    Não saia fofocando por aí –
    “O que acontece no processo de escuta deve ficar ali”, salienta Tati Brandão, doutoranda e mestra em Psicossociologia de Comunidades pela UFRJ, palestrante e mentora de líderes. De acordo com ela, é fundamental que a conversa não vire uma fofoca. “Se a pessoa nos confiou algo, é importante termos essa ética, esse carinho, essa proteção, é um respeito pelo que escutamos do outro.” Em tempos da tal modernidade líquida, como sugeriu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), em que as sociedades estão fragmentadas e as relações podem ser facilmente diluídas, a especialista diz que é preciso sermos cuidadosos uns com os outros. “Quando as pessoas se escutam, elas estão produzindo cuidado e bem-estar.”

  • 2

    Evite falar de você o tempo todo –
    Em um vídeo para a Casa do Saber sobre como aprender a escutar o outro, Christian Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), avaliou que “sair de si é um primeiro movimento contra narcísico”. Inserir a sua própria história numa conversação pode ser interessante, um ato de empatia e de construção de relações, mas, segundo uma publicação da Harvard Business Review, essa ação contínua feita sem cuidado pode também inviabilizar o foco da conversa. Não há problema em inserir comentários pessoais, desde que você, logo depois, direcione o papo de volta ao outro interlocutor, indicam os autores do texto. Tati Brandão lembra, ainda, que as interrupções quebram o raciocínio e as emoções do momento.

  • 3

    Saiba que escutar é diferente de ouvir –
    Ouvir, para Tati Brandão, “a gente ouve qualquer coisa. Escutar é diferente porque requer atenção, postura e posicionamento”. No mundo imediatista de hoje, ela conta, “as pessoas não estão mais se escutando”, e cita como exemplo o recurso disponibilizado pelo WhatsApp para acelerar áudios. “Perdemos muito com isso. Podemos ‘ganhar’ tempo, mas perdemos a conexão com o outro. A voz, a velocidade e o tom em que a pessoa fala, além das pausas, dizem muito sobre quem está do outro lado, sobre o momento pelo qual o outro está passando.” Brandão destaca que a utilização do recurso acelerado no aplicativo de mensagens nos faz estarmos “ausentes na presença”. Dunker observa que é possível realizar um diagnóstico espontâneo dos dias atuais. “Há uma incapacidade de escutar o outro. Por consequência de uma cultura da indiferença, do ódio e da hiperindividualização, as pessoas não se escutam mais.”

  • 4

    Tenha paciência para escutar –
    Sabe aquela pessoa que conta a mesma história sempre? Por exemplo, um avô que recorda causos do passado que você já sabe de cor e salteado? Então, ao invés de interrompê-lo com a clássica frase: “você já me contou esse”, continue escutando. “Mais importante do que está sendo falado é o porquê a pessoa está falando”, afirma Brandão. “Nenhuma história é narrada da mesma maneira todas as vezes, ressalta”. “Escutar bem é um ato de generosidade, de amor e de carinho. É uma sensibilidade.” Outra dica é não cortar os silêncios entre uma frase e outra querendo apressar a contação. “Escutar o silêncio faz parte do processo porque se não houvesse o silêncio, ninguém conseguiria falar e ser escutado. Fora que, numa pausa, a pessoa pode estar acessando uma memória importante.” Outra dica do que não se deve fazer é completar as frases alheias. “Quando fazemos isso, julgamos o que o outro quer falar.”

  • 5

    Dedique-se plenamente à escuta –
    Não importa se temos cinco minutos ou meia hora para escutar alguém, o essencial é criarmos momentos de dedicação profunda à escuta. No TEDx Talk “O poder transformador da escuta”, Tati Brandão exemplifica essa dica com uma história da mãe, com quem aprendeu a ser uma “escutante”. Ela conta que muitas mulheres da vizinhança procuravam por dona Ana Maria para desabafar, pedir conselhos e ajuda. Na maioria dessas ocasiões, quando a mulher chegava ali, as panelas [do jantar ou do almoço] estavam no fogo e, imediatamente, Tati recebia o comando: “Filha, desligue o fogo que eu vou dar atenção à fulana”. Foi assim que ela compreendeu que o ato de desligar as panelas significava que aquela pessoa era importante e merecia atenção plena. “Hoje, ao invés de desligar o fogo, eu desligo o meu celular”, ela diz. “Aprendi com a minha mãe que a gente escuta para aprender e para ajudar.” 

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