10 livros curtos para ler em um dia na praia
Obras de até 100 páginas que podem ser uma ótima companhia para o seu momento de folga
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Se você deseja voltar das férias com a intenção de olhar de maneira diferente para a vida, “Algumas Notas do Dia a Dia” (Fósforo, 2023) é a escolha perfeita. A obra de Christina Sharpe reúne dezoito notas do livro “Notas Ordinárias” (Fósforo, 2024), com a proposta de olhar para dois temas centrais: a beleza como uma maneira de compreender o mundo e as muitas formas de vida negra que surgem apesar dos cenários de opressão e violência. Sharpe aprecia o comum, seja o cuidado de sua avó com sapatos ou a organização meticulosa da mãe, os detalhes que deixamos passar revelam histórias e significados profundos sobre amor, memória e identidade. Aqui na Gama, você confere uma entrevista com a autora que vem revolucionando as abordagens e a linguagem do debate racial contemporâneo.
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Um tradutor, escritor e cientista maluco. Essa combinação forma César, protagonista da trama “O Congresso de Literatura” (Fósforo, 2024) que leva o mesmo nome do autor argentino. César Aira escreve sobre esse homem em crise financeira que resolve intuitivamente o enigma do Fio de Macuto, descobrindo um tesouro pirata que o deixa rico. Apesar disso, sua prioridade é o seu plano de conquista mundial. Com isso, parte para um congresso de literatura na Venezuela onde planeja clonar o escritor mexicano Carlos Fuentes para formar um exército imbátivel. Brincando com a ficção científica e o absurdo, a obra é uma crítica ao mundo acadêmico e compõe uma série de “novelinhas” do escritor, como ele mesmo denomina suas narrativas curtas.
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A poesia está em tudo. Assim afirmava Manuel Bandeira. E nada mais poético do que um dia na praia, tomando sol e ouvindo o barulho das ondas. Para completar o estado apreciativo, uma boa opção é ler um livro inusitado como “Sal de Fruta” (Círculo de Poemas, 2023). Nele, a escritora Bruna Beber dedica cada poema a uma fruta diferente, ressaltando particularidades e simbolismos de forma criativa. Ela chama, por exemplo, o melão de “priminho insosso” e diz que “nem tudo que é barato sai caro”, em relação à banana. A obra é uma oportunidade para escapar da realidade e embarcar no universo das frutas, ainda mais palpável graças às ilustrações de Daniel Almeida, que complementam a edição.
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Já divorciada e mãe de dois filhos, a vencedora do Nobel Annie Ernaux viveu um intenso relacionamento com um homem casado. A experiência resultou em “Paixão Simples” (Fósforo, 2023), um livro ao mesmo tempo breve e profundo, no qual disseca a alma apaixonada. Toda sua vontade de viver era guiada pela existência dessa outra pessoa, o que a fez se aproximar do limite que a separa do outro, “a ponto de às vezes imaginar que iria chegar do outro lado”, como descreve no texto. O sentimento radical é celebrado por ela, que considera viver um grande amor como um luxo. Tão intensa quanto a paixão da escritora francesa é a sua escrita e capacidade de envolver o leitor, fazendo as 64 páginas passarem rapidamente. Confira um trecho da obra.
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“O Gato Perdido: Uma Memória” (Todavia, 2022) explora o luto e a dor de perder alguém a partir das memórias da autora. Após adotar um gato na Itália, Mary Gaitskill o leva para os Estados Unidos, onde ele desaparece. Enquanto cola cartazes, panfleta fotos do felino e faz de tudo para reencontrá-lo, ela lembra de outras grandes perdas na vida, como ao assistir a partida de crianças de baixa renda que passaram as férias em sua casa. A escritora compara essas ausências e busca uma explicação para sentir mais empatia pelo gato: “Um animal aceita o amor até mais facilmente do que os jovens”.
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“No final ela morre e ele fica sozinho, ainda que na verdade ele já tivesse ficado sozinho muitos anos antes da morte dela, de Emilia.” É desse jeito que se inicia a premiada novela de estreia do escritor chileno Alejandro Zambra, “Bonsai” (Tusquets, 2018). Mesmo sabendo como a história termina, a sua curiosidade em descobrir quem são esses personagens não deve se esgotar. Dois estudantes de Letras, Emilia e Julio, vivem um relacionamento frustrado. Após a faculdade, os dois seguem rumos diferentes, ele como professor de literatura em Santiago e ela com uma vida solitária em Madrid. Enquanto aprofunda os encontros e desencontros de ambos, Zambra reflete sobre a memória, a fragilidade do amor e a arte como um reflexo das experiências mais urgentes da vida.
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Apesar de ser ambientado na década de 1930, o romance “Puro” (Todavia, 2024) traz paralelos com acontecimentos atuais. Tendo como cenário a cidade fictício de Santa Graça, em Minas Gerais, a narrativa de Nara Vidal conta a vida de Lázaro, um adolescente com deficiência que foi adotado por três senhoras quando bebê, e Íris, uma empregada doméstica que sofre com abortos forçados e com a exploração social, além de outras figuras que representam uma elite opressora. A obra explora o movimento eugenista brasileiro a partir do pequeno vilarejo, com um governo que busca “purificar” a sociedade. Também contém lampejos de humanidade graças ao afeto entre os personagens em meio a opressão.
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Enquanto está na praia, aproveite para estudar bons argumentos para o descanso em “O Direito à Preguiça” (Edipro, 2016). Mas se engana quem pensa que a obra de 1855 é um manifesto contra o trabalho. O revolucionário cubano Paul Lafargue defende que o trabalho deve ser a essência do homem, sendo o lugar onde interage com a natureza e satisfaz suas necessidades vitais por meio da capacidade criativa e inventiva. Quando não é assim, como acontece na sociedade capitalista, o trabalho se torna alienado e o trabalhador perde sua condição humana, tornando-se um objeto mercadológico. Por isso, Lafargue exalta as virtudes do pecado capital e critica a degradação física e intelectual causada pelo trabalho.
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Olhar para a vida com a perspectiva de uma criança pode revigorar o seu otimismo. Pelo menos é assim que os leitores de “O Paraíso São os Outros” (Biblioteca Azul, 2018), que apresenta as impressões de uma garota sobre os relacionamentos. Ao concluir lições clássicas como “o amor deve ser uma solução, não um problema” e “devemos respeitar os outros”, o livro do português Valter Hugo Mãe relembra os adultos do valor da simplicidade. A edição vem acompanhada de ilustrações do autor.
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Quais comportamentos são passados de geração em geração? Em “É a Ales” (Companhia das Letras, 2023) somos introduzidos a Signe, mulher que lamenta a perda de seu marido, Asle, que saiu de barco e nunca mais voltou. Em um fluxo de consciência entre passado e presente, o romance de Jon Fosse, vencedor do Nobel de Literatura em 2023, apresenta a matriarca Ales, trisavó do desaparecido e quem dá nome ao livro. A partir dela, a família vive uma maldição, gerando sempre pessoas ensimesmadas e incapazes de conexões profundas. Com apenas 112 páginas, a obra é uma amostra do estilo inovador de Fosse, sem parágrafos e capítulos, o que demanda a total imersão do leitor na história.
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