Histórias de amor de verão — Gama Revista
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Depoimento

Histórias de amor no verão

Ahhh, o calor…. As altas temperaturas rendem folga e bons romances. Confira relatos de encontros na estação mais quente do ano

08 de Janeiro de 2023
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Histórias de amor no verão

Ahhh, o calor…. As altas temperaturas rendem folga e bons romances. Confira relatos de encontros na estação mais quente do ano

08 de Janeiro de 2023
  • “Saudade da época que se conhecia pessoas em lugares reais e não virtuais”

    Marina Maria, 38 anos, jornalista e publicitária

    “Eu tinha 22 anos e estava de férias com minha família em Ilha Grande-RJ. Quando faltavam alguns dias para vir embora, fui até a farmácia comprar remédio para dor de cabeça. Me deparei com um gringo loiro do olho azul tentando explicar para a vendedora que precisava de um curativo para um machucado no pé, mas sem falar uma palavra em português. Gastei o inglês que tinha para oferecer ajuda e conversamos um pouco – descobrir que ele era um fotógrafo de Nova York e estava no Brasil de férias com um amigo e se chamava Jonathan. Ele me disse que os dois estariam no centrinho à noite, trocamos telefones e nos encontramos naquele dia mesmo. Mais tarde saímos para um passeio na praia, ficamos e, para a surpresa de ninguém, eu me apaixonei perdidamente.

    Passamos os dias seguintes grudados e, no dia de nos despedirmos, ele prometeu que voltaria para o Brasil para me ver. Eu não botei fé, mas seguimos nos falando por meio de longos e-mails e conversas no messenger, algumas raras ligações… Eram outros tempos sem WhatsApp e vídeochamadas. E ele cumpriu a promessa – veio me ver em Belo Horizonte três vezes no ano seguinte e chegamos a cogitar uma relação à distância, mas eu era muito nova, estava me formando na faculdade, achei que não era o momento. Não chegamos a perder contato imediatamente, mas os e-mails foram ficando cada vez mais espaçados, e a vida seguiu.

    Até hoje me lembro com muito carinho dele e dessa história, e bate sempre uma saudade da época que se conhecia pessoas em lugares reais e não virtuais.” (Depoimento a Isabelle Moreira Lima)

  • “Foi a paixão mais avassaladora que vivi e não me arrependo de nada”

    Marina Remaldi, 34 anos, dermatologista

    “Todos os anos ia a Portugal passar o verão. Como meus melhores amigos são portugueses, as idas ao país ficaram cada vez mais recorrentes, fui virando amiga dos amigos deles, e nos tornamos uma grande família. Num desses verões, estávamos na praia quando olhei para um dos meus amigos e num estalar de dedos o que era uma amizade de anos se dissolveu numa paixão louca. Não sei descrever de onde veio aquela química. Parecia aquelas cenas que você vê nos filmes e tem certeza que é mentira. Uma paixão avassaladora que nem eu sabia que existia e poderia vivê-la. No começo, ficamos escondidos, na surdina, mas a química era tanta que parecíamos adolescentes ao lado um do outro, nos cutucando, brincando, querendo estar sempre perto. Acabaram descobrindo que éramos um casal. Ele chegou a mudar para o meu apartamento, levou suas coisas e parecia que éramos casados há anos. Fazíamos tudo juntos: café da manhã, almoço, jantar.

    Logo chegou o dia da minha volta para o Brasil. Sofremos desesperados. Combinamos de manter contato. Falávamos por WhastApp, era ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘boa noite’. A gente se ligava por vídeo, curtia e comentava tudo que o outro postava nas redes. Curiosamente, ele trabalha numa empresa que tem sede em São Paulo e, depois do que vivemos, ele inventou mil motivos para vir. Nosso amor não durou só o verão europeu, desembarcou em terras tropicais também. Ele chegou aqui e a sensação foi idêntica ao que vivemos em Portugal, sem nenhum defeito.

    Mas depois de tudo isso, as mensagens foram diminuindo, a distância foi esfriando essa paixão quente. Ele acabou se relacionando com outra pessoa, que engravidou. Nos afastamos. Foi a paixão mais avassaladora que vivi e não me arrependo de nada. Inclusive nunca mais quero vê-lo, porque foi uma química perfeita, que não tive com mais ninguém.” (Depoimento a Manuela Stelzer)

  • “Não tivemos que fazer nenhum esforço para estarmos juntos”

    Bruna Boucinha, 24 anos, analista de tendências

    “Em março de 2021, fui ao Rio com um amigo. Fazia quase três anos desde meu último término e estava acomodada na solteirice, até um pouco desacreditada no amor [risos]. Resolvi baixar o [aplicativo de relacionamento] Bumble, e dei match com um francês. Quando fui buscá-lo no Instagram, vi que ele era famoso – mais de 10 mil seguidores. Estranhei, pensei até que podia ser fake. Mesmo com o pé atrás, comecei a conversar com ele. Acabamos desencontrando as datas para nos conhecermos ao vivo.

    Voltei ao Rio com uns amigos em abril, de última hora. Mandei mensagem pra ele avisando que estava lá, porque ele tinha dito que estaria também. Desta vez as datas coincidiram. No meio do bloquinho, só mandei minha localização e uma selfie do meu traje. Tinha certeza que nunca iríamos nos encontrar. Mas não é que ele me encontrou? Ficamos juntos naquele dia e foi incrível. Mesmo assim, continuava muito desconfiada, achando que aquilo jamais poderia dar certo. Não depositava minhas fichas nisso. O cara era um gato, francês, skatista famoso [risos]. Mas a gente não se desgrudava: nos vimos todos os dias na viagem, e fui percebendo que ele era uma pessoa muito legal.

    Voltei pra São Paulo e ele veio atrás, alugou um apartamento do lado da minha casa e basicamente moramos juntos por três semanas. Confessamos como há tempos não nos sentíamos tão à vontade com alguém. O mais curioso foi quando comentei que tinha uma passagem comprada pra passar o segundo semestre em Barcelona, e ele me contou que há 12 anos morava lá. Foi muito chocante esse momento, porque percebemos que não tivemos que fazer nenhum esforço para estarmos juntos, seja no Rio, em São Paulo ou em Barcelona. Apesar de sermos de países diferentes, tudo encaixou com muita facilidade e leveza.

    Chegando perto da viagem, depois que ele inclusive ofereceu pra que eu morasse com ele (e eu neguei), percebi que tinha alugado meu Airbnb na data errada. Surtei e falei isso pra ele, morrendo de vergonha. Chegando em Barcelona, recebo uma mensagem: ‘Vim te buscar, estou aqui fora te esperando’. Ele ainda alugou um hotel pra nós nesses primeiros dias, porque queria que eu tivesse uma experiência deliciosa – e eu não poderia ter vivido nada mais apaixonante. Sorte nossa que ainda estamos juntos. Agora ele vem ao Brasil ficar um tempinho aqui, depois voltamos para Barcelona para continuar vivendo nossa paixão.” (Depoimento a Manuela Stelzer)

  • “Nosso encontro de verão se tornou uma amizade para a vida”

    Valéria Lannes, 55 anos, massoterapeuta e criadora da Das Orgânicos

    “Eu morava na Califórnia e, no verão europeu, fui à Milão de férias. Entrei no Tinder para fazer contatos e pedir dicas de lá. Daniele, uma italiana, me respondeu dando dicas da Sicília, seguimos conversando e viramos amigas virtuais. Naquele mesmo ano, ela me escreveu dizendo que estava indo para São Francisco (EUA) com uma amiga. Eu convidei elas para ficarem na minha casa. Quando vi a amiga, Pinella, subindo as escadas do meu prédio com uma mala enorme e aquele sorrisão eu falei, pronto…. Mas ela estava com casamento marcado.

    Depois de um mês delas em casa, eu já estava muito mais próxima da Pinella. Ficamos tão amigas que fui para a Sicília algumas vezes depois. Em uma delas, até participei da montagem do casamento dela. Fiz os arranjos de flores, ajudei a escolher o buffet, participei de tudo. A celebração durou três dias, meses depois eles se separaram. Eu sempre achei que não tinham muito a ver mesmo…

    Nossa amizade foi crescendo porque gostávamos de fazer as mesmas coisas. Aproveitar o verão viajando, comendo, tomando aperitivo, cozinhando e indo para festas. Temos o mesmo pique! Eu com 55, ela com 58 anos. Essa afinidade foi a razão para que, no verão seguinte, eu fosse para a chácara em que ela vive na Sicília. Fiquei três meses lá.
    Fomos a festas, bebemos, viajamos. Durante a pandemia, eu deixei uma vida de 20 anos na Califórnia e voltei ao Brasil. Fui morar em um sítio.

    Ter visto Pinella em ação na Itália me inspirou na minha nova vida no Brasil. Lembro que em determinado momento do nosso começo de amizade, ela falou para eu não me apaixonar porque ela ainda estava ligada ao antigo casamento e porque não era gay. Aquela admiração inicial, nosso encontro de verão, se tornou uma amizade para a vida. Quando construo coisas novas ou faço alguma mudança no meu sítio eu sempre penso na Pinella, hoje uma amiga de personalidade tão parecida com a minha.” (Depoimento a Luara Calvi Anic)

  • “Poderiam, dois homens, viver um amor de praia?”

    Vinícius Stein, 31 anos, professor

    “Tive um amor no verão de 2009. Recém-saído da casa dos meus pais, eu tentava me tornar adulto. Na lista de necessidades para ser um adulto havia muita coisa. Dentre essas, curiosamente, não havia ‘encontrar um amor’, mas a vida é uma surpresa constante. No final do primeiro ano da graduação em arte, tive uma oportunidade: trabalhar no litoral, nas férias de janeiro, em um projeto de lazer. ‘Trabalhar’ estava naquela lista de adultices, então, lá fui eu. Temperados com sol, areia e sal, dezenas de jovens universitários estavam reunidos em pequenos grupos, convivendo 24 horas por dia em acampamentos improvisados em colégios. Não demorou muito para que o fetiche do amor de praia se materializasse e se espalhasse como um vírus. Eu, sem propósito e cheio de ingenuidade, só observava. Até que, de tanto observar, fui capturado (ou capturei?) por um olhar. Seriam aqueles os olhos ‘ilegais’ cantados por Vanessa da Mata no disco que eu ouvia incessantemente [o disco ‘Sim’,  lançado em 2007]? Parece que sim. À medida que os dias passavam, os trechos das músicas que se repetiam no MP3 player traduziam minhas sensações desejantes.

    Dia 1 – “Eu só sei que eu quero você”

    Dia 2 – “Pertinho de mim”

    Dia 3 – “Eu quero você”

    Dia 4 – “Dentro de mim”

    Dia 5 – “Eu quero você”

    Dia 6 – “Em cima de mim”

    Dia 7 – “Eu quero você”

    A cada dia, uma descoberta. E medo. Poderiam, dois homens, viver um amor de praia? Sim. O amor subiu a serra, segue existindo e sendo recriado, sigo querendo. Já são mais de 5081 dias.”

  • “Ele até voltou a usar celular para falar comigo”

    Iza, 28 anos

    Em 2018, viajei com a minha irmã para Morro de São Paulo, uma ilha na Bahia. Numa manhã, andando até a Praia da Gamboa, avistei um moço que não parecia brasileiro chamando a gente para ficar no quiosque dele. Passamos o dia lá, e ele ficou puxando conversa comigo enquanto eu tomava banho de mar. Era argentino e tinha um sotaque muito bonito. Me contou que não tinha celular porque não gostava muito, que morava com o tio e veio da Argentina para a Bahia de ônibus. Papo vai, papo vem, ele me chamou para sair, e eu aceitei. Só que a gente não tinha como se comunicar direito, então ele reativou o perfil do Facebook pelo computador do quiosque para a gente poder se falar.

    À noite, fomos dar uma volta. Quando chegamos num bar, o pessoal começou a zoar porque disseram que ele estava muito mais arrumado do que o normal. Deu meia-noite, todos os bares fecharam e não tinha absolutamente nada para fazer a não ser andar na praia. Eu estava com medo porque literalmente só estávamos nós dois perambulando pela cidade. Mas confiei. Ele contou que ficou encantado quando me viu andando com meus brinquinhos de uva (na época, eram dois brincos de cachos que eu usava sempre). Naquela noite, ele me ensinou a fumar porque até então eu não sabia tragar. Também me contou que era formado numa universidade argentina, entre várias outras coisas. Ficamos deitados nas cadeiras de praia de diversos quiosques e casas, sem ninguém à vista, e assistimos o sol nascer do alto de um morro. Foi bem bonito.

    No final, a gente se despediu e continuou falando por mensagem. Ele até voltou a usar celular para conversar comigo. Tentamos combinar uma data para nos vermos novamente, ele ofereceu casa e tudo, mas não deu certo e acabou ficando por isso mesmo. (Depoimento a Leonardo Neiva)

  • “Meu papel era ensiná-lo a amar, e eu percebi que não ia conseguir”

    Bernardo Soares, 29 anos, professor de português

    É uma longa história, que dura muito mais do que um verão. Eu estava apaixonado por um cara que conheci online, mas tivemos um relacionamento meio tumultuado, porque eu vivia no Brasil e ele na Holanda. Nas férias de verão de 2022, fui passar uma semana na Holanda para encontrá-lo pela primeira vez, sem saber exatamente o que esperar. Considerando que a gente viveu uma relação longa, eu tinha muita vontade de conhecê-lo. Só que, com a convivência, percebi que a gente tinha uma sintonia muito diferente. Eu me considero reservado, mas ele tinha problemas de socialização a ponto de só se sentir à vontade com a família e com alguns amigos. E ele nunca tinha tido um relacionamento com ninguém. Então era um cara de 37 anos que nunca viveu uma relação amorosa. Meu papel ali era quase ensiná-lo a amar. Mas percebi que não ia conseguir. Fiquei decepcionado. Mas, por outro lado, foi bom porque eu precisava de uma resposta para esse longo relacionamento à distância. (Depoimento a Leonardo Neiva)