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ConversasDez regras para se organizar na cozinha e comer melhor
Chef Camila Yazbek, que comanda buffet Cayá e dá aula na Escola Wilma Kovesi, em SP, defende planejamento semanal, despensa variada, pré-preparo e utensílios como aliados
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Dez regras para se organizar na cozinha e comer melhor
Chef Camila Yazbek, que comanda buffet Cayá e dá aula na Escola Wilma Kovesi, em SP, defende planejamento semanal, despensa variada, pré-preparo e utensílios como aliados
Não é raro que o caos da vida doméstica chegue em efeito dominó: você está sobrecarregado, não consegue se planejar, vai fazendo tudo de qualquer jeito, ou do jeito que dá, e acaba negligenciando o que é importante ou pagando mais caro para ter algo corriqueiro. Uma das primeiras coisas a irem para o espaço nesse cenário é a alimentação — embora estejamos todos cansados de saber que ela é um dos pilares do bem-estar e de uma vida saudável.
Como então reverter esse quadro? Como conseguir cozinhar no dia a dia quando novas tarefas não param de surgir, o trabalho parece não ter fim e, no tempo livre, estamos exaustos demais para qualquer coisa?
Gama conversou com a chef Camila Yazbek, proprietária do buffet Cayá Culinária e professora do curso Guia de Bolso, da Escola Wilma Kovesi, em que ensina o que a organização pode fazer pelo cozinheiro doméstico, para chegar às dicas valiosas que você lê abaixo.
Yazbek, que tem formação no Culinary Institute of America, sugere desde os ingredientes fundamentais em uma cozinha, até uma lista de utensílios indispensáveis, ensina como não desperdiçar frutas e legumes e, talvez o mais importante de tudo, indica qual o primeiro passo na direção do sucesso: o planejamento.
1. Planejar é investir
“A cozinha é algo ativo, mãos na massa, e isso faz com que esqueçamos do planejamento. Muita gente vê o ato de parar para planejar como um gasto de tempo. Mas, na verdade, é uma economia, um investimento que se faz para o futuro, para conseguir se organizar melhor e reduzir o desperdício.
Quando decidimos preparar um prato, antes de qualquer coisa, antes de ir ao mercado, temos que ler a receita inteira. Não vale só pegar os ingredientes e ir ao mercado; você tem que entender o que é preciso fazer. Isso faz parte do planejamento. Se você pula essa etapa, de repente começa a fazer uma receita que pede duas horas de descanso e você não tem esse tempo.
É preciso entender e respeitar o tempo das coisas e dos preparos. Dessa maneira, você toma as rédeas da sua própria cozinha
O planejamento também é fundamental para conseguir fazer vários pratos ao mesmo tempo. Ao ler a receita inteira você já vai ter uma ideia do tempo e do trabalho que vai ter. Com uma ideia dos processos, você pode planejar a execução: um feijão pode ter um pré-preparo (colocar de molho antes, por exemplo), uma sobremesa pode ter que ir ao forno e depois à geladeira, e ao ler as receitas completas você reduz suas chances de erro na preparação. É preciso entender e respeitar o tempo das coisas e dos preparos. Dessa maneira, você toma as rédeas da sua própria cozinha.”
2. Monte o seu cardápio, mas sem neurose
“Para ter comida para a semana inteira, faça uma seleção dos pratos que você quer fazer. Organize essas receitas para fazer um pré-preparo e manter ingredientes pré-prontos e congelados Eles durarão três meses no freezer e tornarão o dia a dia bem mais fácil. No entanto, fazer um cardápio do que vai comer a cada dia da semana pode gerar ansiedade. Melhor é listar os ingredientes que você gosta de comer e se preparar para cozinhar a quantidade que você de fato vai consumir e pode acondicionar no seu freezer, sem exageros.”
3. Despensa e geladeira variadas, prato idem
“Ingredientes como sementes, castanhas, especiarias, ervas secas, diferentes grãos e leguminosas fazem com que a alimentação fique mais variada. Um dia você come lentilha, no outro, grão de bico, no terceiro, um trigo. Você já pode ter esses ingredientes pouco perecíveis e evitar ter que sair para comprar o tempo todo. Na geladeira, além da manteiga, do ovo, do iogurte, você pode investir em pastas de tahine e amendoim para variar nos molhos. Uma mostarda diferente também pode transformar vários pratos.”
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4. Seja esperto com os legumes
“No dia em que fizer as compras ou no seguinte, aproveite que estão ainda frescos e se dedique um pouco a eles: lave-os, cortes-os e leve-os ao forno com o tempero da sua preferência. Após assados, eles podem ir ao freezer espalhados na assadeira para que congelem individualmente. Depois, podem ser acondicionados em um saquinho. A ideia é que você tenha vários legumes congelados na sua casa: um saco de mandioquinha, outro de abóbora, de cenoura, abobrinha, couve-flor, brócolis, e por aí vai. Eles ficarão melhores do que se esquecidos no fundo da gaveta. Quando você chegar em casa, cansado, vai ter menos trabalho apenas em regenerar (de volta ao forno, na air fryer ou na frigideira) e compor o prato do que cozinhar os legumes do zero.”
5. Porcione e evite o “achei que era sorvete, mas era feijão”
“O mesmo vale para as leguminosas. Se você tem umas horas livres, vale cozinhar lentilha, grão-de-bico e feijão e guardar no freezer. Mas atenção ao tamanho das porções. Não queira reaproveitar aqueles potes de sorvete gigantes para guardar o feijão porque você terá que consumir tudo de uma vez. E aí haja criatividade: vai ser bolinho de feijão frito, tutu, feijão tropeiro e invenção que não acaba mais.”
Comprar banana descascada é um absurdo, mas uma salada lavada é o ‘antes feito que perfeito’, melhor isso do que pedir um delivery
6. Não despreze a salada higienizada; é um atalho justo
“Há muitas críticas sobre comprar os legumes e verduras já higienizados, eles costumam ser mais caros. Mas, se ter uma salada já pronta para o consumo em casa fizer com que você coma melhor, é um preço justo a ser pago. Comprar banana descascada é um absurdo, mas uma salada lavada é o ‘antes feito que perfeito’, melhor isso do que pedir um delivery.”
7. Frutas são maravilhosas, mas não se emocione demais na feira
“Não adianta comprar um monte de banana e depois ficar vivendo em função delas. Se exagerou, congele as frutas e use em vitaminas, geleias ou caldas. Mas lembre-se do porcionamento em pequenos potes na hora de congelar esses ingredientes também.”
8. O primeiro que entra é o primeiro que sai
“De tão famosa, essa regra virou sigla difundida nas escolas de gastronomia: “Peps”. Sempre que comprar algo novo, tenha o cuidado de colocar o mais velho na frente e usá-lo primeiro. Também é importante acondicionar o que está aberto em potes herméticos e não exagerar nas compras para dar conta do que foi adquirido antes do prazo de validade expirar, evitando o desperdício.”
9. Com esses ingredientes, você não passa aperto
“Ter uma lata de atum pode substituir um frango ou um peixe quando estamos desprevenidos. Ovos também são uma mão na roda para isso, viram omeletes que, com uma salada, são uma refeição muito digna. Para cozinhar rápido, cuscuz marroquino, que é só hidratar e temperar. Outra alternativa é um macarrão de arroz tipo bifum, que vai bem com uma manteiga de amendoim, óleo de gergelim e shoyu. Ter pão congelado também salva a vida. Para ressuscitá-lo, só borrifar água e levar ao forno: ele voltará com tudo. Nos temperos, azeite, limão, sal, vinagre (que é ótimo para variar os sabores, tem o balsâmico, um chinês que eu amo), especiarias (páprica defumada, cominho, córcuma, etc.) e pastas de sementes, que quebram o maior galho.”
10. Utensílios são os verdadeiros ajudantes
“É muito difícil fazer algumas coisas sem ter o material certo — e não falo de panelas de R$ 2 mil, mas talvez de uma assadeira maior, que comporte mais legumes. Se você quiser assar vários de uma vez, com uma assadeira pequenininha não vai dar certo porque você terá que espalhá-los, eles não podem ficar um sobre o outro.”
- Uma assadeira grande
- Silpat, um tapete de silicone que ajuda muito, principalmente para fazer esses legumes assados, que não grudarão na assadeira. Como é reaproveitável, é mais ecológico que o papel alumínio, que também pode fazer a mesma função
- Liquidificador individual ou bullet, que é menorzinho e você pode guardar os ingredientes dentro dele mesmo, ao trocar a lâmina pela tampa
- Uma faca afiada. Não precisa ser de uma marca incrível, só precisa cortar bem
- Um amolador de faca. Pode até estragar sua faca, mas quem sabe usar as pedras?
- Uma tábua de polipropileno grande. A gente insiste nas pequenas, mas ter espaço para cortar é outra vida. E, sobre o material, as de vidro são ruins, as de madeira mais difíceis de conservar
- Um processador, que ajuda muito a acelerar os processos
- Uma frigideira que comporte uma quantidade de comida decente
- Uma chaleira elétrica, que também vai acelerar processos em vários preparos. Importante: não adianta ter tudo isso em armários altos, o que vai dificultar o uso. Na correria do dia a dia, vai dar preguiça e eles ficarão esquecidos lá no alto. Melhor deixar tudo na bancada.
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