Filmes e séries sobre a relação entre fãs e ídolos

Coberto por uma aura de nostalgia, “Quase Famosos” (2000) conta a história do adolescente William Miller, de 15 anos, que de uma vida escolar morna e impopular, passa a repórter de música da Rolling Stone com a missão de acompanhar uma banda de rock em turnê pelos EUA nos anos 1970. Apesar de ter sido alertado pelo editor sobre não ficar amigo dos músicos, essa parece ser a parte mais difícil do novo trabalho, considerando a proximidade e as aventuras que vai viver durante a viagem. Feito há 25 anos com nomes como Billy Crudup, que faz o rock star da banda, e Kate Hudson, a groupie mais legal que existe, o filme oferece doçura, diversão e uma trilha sonora cheia de artistas clássicos em músicas óbvias como “America”, de Paul Simon e Art Garfunkel, e “Tiny Dancer”, de Elton John. Disponível para aluguel no Google Play, no Prime Video ou na Apple TV+.

“Essa não é uma obra de ficção” é a frase que abre “Enxame” (2023), criada por Donald Glover em parceria com Janine Nabers — conhecidos por “Atlanta” (2016-2022). Explorando o misto de adoração e violência que certos fãs desenvolvem pelos ídolos, a produção acompanha a obsessão de Dre (Dominique Fishback) pela estrela pop inspirada em Beyoncé, Ni’jah (Nirine S. Brown). A série de sete episódios foi indicada ao Emmy em duas categorias e tem participação especial da cantora Billie Eilish, com performance elogiada pela crítica especializada. Disponível no Prime Vídeo.

Escrito por Stephen King, “Louca Obsessão” (1990) é um dos filmes mais assustadores que envolvem fã e ídolo e reúne dois dos melhores atores de sua época, Kathy Bates, como a fã obcecada e premiada pelo papel com o Oscar de melhor atriz, e James Caan, como um ator best-seller que é o objeto de sua loucura. Quando sofre um acidente de carro, o escritor é resgatado por uma doce mulher, que cuida dele no isolamento de sua casa, mas não avisa a ninguém. Enquanto ele é dado como morto pelo mundo lá fora, a fã descobre que sua personagem favorita deve morrer, ao ler um novo manuscrito. Sem aceitar esse desfecho, ela inicia uma série de atos violentos e doentios contra o escritor. Um clássico do terror, foi lançado primeiramente como livro e já chegou a ser montado no país no teatro, estrelado por Mel Lisboa. Disponível para aluguel no Prime e Apple TV+.

Talvez você até já tenha ouvido falar do anime “Perfect Blue” (1997) como uma das principais inspirações do longa “Cisne Negro” (2010). De fato as semelhanças são muitas, mas ainda assim vale a pena mergulhar no bizarro filme do lendário cineasta japonês Satoshi Kon (1963-2010). O longa explora de forma assustadora a relação da protagonista Mima Kirigoe com seus fãs. Inicialmente vista como uma integrante pura e angelical de uma banda de j-pop, parte de seu público se volta imediatamente contra ela quando a artista decide investir numa carreira de atriz que coloca em risco essa imagem de inocência. O suspense psicológico com pitadas de fantasia evidencia o lado pouco saudável da fama e a perversidade que pode surgir da relação entre artistas e fãs descontentes. Disponível no Daily Motion.

O clássico de Martin Scorsese “O Rei da Comédia” (1982) também aprofunda o tema ao contar sobre Rupert Pumpkin (Robert De Niro), um aspirante a comediante de 34 anos que sonha em ser convidado para um talk show. Ele encontra a oportunidade perfeita para isso quando conhece o consagrado apresentador de TV Jerry Langford (Jerry Lewis), terminando por sequestrar o astro junto com sua amiga Masha (Sandra Bernhard). Disponível no Disney+.

Já imaginou ser famoso, ter milhões de fãs, várias de suas canções na boca do povo, mas não fazer ideia disso? Essa premissa absurda é a história real do músico norte-americano Sixto Rodríguez, um artista inicialmente comparado a Bob Dylan que acabou desistindo da carreira musical depois do fracasso retumbante de seus álbuns. Mal sabia ele que um desses discos tinha virado hit na África do Sul, com músicas que se tornaram hinos do movimento anti-apartheid. Numa era pré-internet, o próprio Rodríguez também virou lenda urbana por lá, numa série de histórias desencontradas de que o músico havia se matado em pleno palco. O documentário vencedor do Oscar “Procurando Sugar Man” (2012) resgata essa narrativa impressionante através da jornada de dois fãs sul-africanos, em busca de finalmente conectar o artista com um público que ele nem sabia que tinha. Disponível no Prime Video.

Almejar um aumento de seguidores é algo comum hoje em dia, mas nem sempre essa meta termina em satisfação pessoal. Pelo menos não para a influenciadora fitness Sylwia (Magdalena Kolesnik), a protagonista do filme sueco “Sweat” (2020) que tem dificuldade de encontrar conexões afetivas reais e precisa lidar com stalkers. Dirigido por Magnus von Horn, o longa foi selecionado para a edição cancelada do Festival de Cannes 2020 e está disponível na Mubi.

“Waiting for B.” (2017) mostra o cotidiano de cerca de 150 pessoas que acamparam por 57 dias na fila do show de Beyoncé no estádio do Morumbi, em São Paulo, em 2013. Sem dinheiro para comprar um ingresso mais caro, ps fãs da cantora encontraram apenas este jeito para conseguirem ficar próximos ao palco e, em busca do sonho, se alternaram 24 horas por dia, enfrentaram calor, chuva e assédio de quem passava pelo local. Disponível no Looke.

O que a fama faz com as crianças? Pela experiência de Simony, Tob, Mike e Jair Oliveira, ela pode causar traumas marcantes. Em “A Superfantástica História do Balão” (2023), os integrantes do grupo que estourou nos anos 80 se reúnem após duas décadas sem se encontrarem, para comemorar e relembrar os 40 anos da Turma do Balão Mágico. Disponível no Disney+.

Foi graças aos fãs de da cantora americana que o movimento #FreeBritney ganhou força e, mais tarde, levou ao fim da tutela que a mantinha sob controle do pai por mais de uma década. “Framing Britney Spears” (2021), dirigido por Samantha Stark e produzido pelo New York Times, mostra como a artista foi cercada por uma cultura de vigilância – da mídia, do público e de sua própria família. Disponível na Globoplay.