5 dicas para correr melhor — Gama Revista
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5 dicas

Como correr melhor

Especialistas dão dicas de fortalecimento, mobilidade, descanso e nutrição para aprimorar a performance na corrida

Ana Elisa Faria 02 de Junho de 2024

Como correr melhor

Ana Elisa Faria 02 de Junho de 2024
Isabela Durão

Especialistas dão dicas de fortalecimento, mobilidade, descanso e nutrição para aprimorar a performance na corrida

“Correr é bom demais, tá maluco!”. É o que sempre diz, a cada corrida finalizada, o educador físico carioca Pedro Paulo, dono de um dos bordões mais simpáticos e orgânicos da internet hoje em dia. De fato, quem corre, não tem como dizer o contrário. Porém, de quilômetro em quilômetro, de paisagem em paisagem, o corredor quer sempre mais, afinal, ele não está maluco.

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Mas como melhorar o desempenho, seja nas pistas dos parques, no asfalto ou até mesmo na esteira da academia, sem sobrecarregar os músculos e se lesionar? Gama perguntou a dois treinadores, uma médica do esporte e uma nutricionista como fazer isso.

Os quatro especialistas deram dicas de fortalecimento, mobilidade, descanso e nutrição para aprimorar a performance na corrida. Leia abaixo.

  • 1

    Fortaleça a musculatura –
    Nem só de correr vivem corredores e corredoras. Para alcançar uma boa performance, seja para percorrer cinco quilômetros ou concluir uma maratona com sucesso, é preciso malhar sobretudo o core — os músculos que se encontram entre o abdômen e o quadril e que dão equilíbrio ao corpo —, nosso centro gravitacional. Além desse conjunto muscular, é importante ainda fortificar glúteos, quadríceps e panturrilhas. Todo esse trabalho tem como foco evitar machucados e, de quebra, ajuda a melhorar o desempenho com o ganho de potência. O treinamento resistido, que é o que chamamos de força, é essencial para fortalecer a musculatura e prepará-la para a corrida — um exercício cíclico de alto impacto que tende a um nível elevado de contusões. “O músculo, quando está forte, estabiliza as articulações mais usadas para correr, como as dos joelhos, as dos tornozelos e as do quadril. E dependemos da musculatura que envolve a articulação para deixá-la o mais estável possível e prevenir lesões”, diz Mariana Camargo, médica do esporte e preceptora do ambulatório de medicina esportiva da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). O treinador Diego Fernandes lembra também da importância dos exercícios de mobilidade, alongamento e fortalecimento dos membros inferiores para corrigir possíveis encurtamentos e desequilíbrios já que, correndo, frequentemente ficamos em apoio unilateral. “Às vezes, a pessoa passa o dia todo trabalhando sentada, com as pernas cruzadas, gerando um encurtamento lateral e, ao correr, ela pode sentir dores de um lado só, que está encurtado e o corpo acaba compensando do outro lado”, explica. Ele enfatiza que essas atividades devem ser encaixadas na rotina de treino, como aquecimento para o fortalecimento ou para a própria corrida. César Augusto de Oliveira, sócio e diretor técnico da MPR Assessoria Esportiva, fala que, para quem corre, a musculação é o exercício de sobrecarga mais indicado no longo prazo e recomenda que seja feito de duas a três vezes na semana, dentro da capacidade física individual de cada um. “E, conforme os anos forem passando, é crucial tomar conta mais da parte muscular do que até da parte aeróbia”, pontua. Apesar de ser bastante recomendada, a musculação não é a única fonte de força, que pode vir ainda com a prática de ginástica funcional, calistenia e pilates.

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    Tenha objetivos definidos e mantenha a regularidade –
    Para evoluir no esporte, não basta colocar o par de tênis, uma roupa leve e sair correndo por aí. É necessário ter uma estratégia que vai ser elaborada a partir de respostas a questões como “Aonde você quer chegar?”, “Deseja participar de uma competição?”, “Melhorar o condicionamento?”, “O seu objetivo é fazer quantos quilômetros em quanto tempo?”. Ou seja, saiba o que você quer com a corrida, que também é uma atividade para amadores, mas tem de ser realizada com cuidados e planejamento. A definição de metas ajuda na periodização do treinamento, com a criação de um plano eficaz com diferentes estímulos, o que permite a progressão adequada e evita sobrecargas que podem levar a lesões. Segundo Diego Fernandes, para correr melhor, é preciso saber de onde o corredor está saindo e para onde quer ir. “A partir disso, é possível pensar nos materiais e nas opções viáveis para cruzar esse caminho.” Exemplificando: vamos supor que a pessoa quer correr cinco quilômetros em três meses. O que ela vai fazer para cruzar a linha de chegada? Vai correr na rua ou na esteira? Como está a carga de trabalho dela durante a semana? Quanto tempo há disponível para se exercitar, na correria do cotidiano? “Se a pessoa tiver, por exemplo, 30 minutos de segunda a sexta para treinar, ela vai treinar nesse tempo e seguir dia a dia, regularmente. Para mim, o grande X da questão para melhorar na corrida é a regularidade”, afirma. A doutora Mariana Camargo ressalta que, sempre que o objetivo for o progresso do exercício, o ideal é contar com o suporte de uma equipe multiprofissional com educador físico, treinador e fisioterapeuta, que, juntos, vão pensar numa progressão adequada. “Não podemos ir de um volume pequeno para um volume muito alto de exercícios de uma vez. O nosso corpo tem que estar preparado para isso. E aí também entra a questão da musculação, que vai preparar o músculo, o tendão e as articulações para receber essa carga maior de atividade”, alerta. O treinador César Augusto de Oliveira diz que é fundamental não ter pressa para evoluir. “A evolução na corrida acontece a longo prazo.”

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    Coma bem para correr melhor. E hidrate-se –
    O que você come vai impactar positivamente ou negativamente no seu treino de corrida. Portanto, uma alimentação adequada, balanceada e com algumas suplementações, caso seja necessário, é primordial para melhorar o desempenho. Cristiane Perroni, nutricionista clínica, especialista em controle de peso, nutrição esportiva e alta performance, comenta, entretanto, que cada indivíduo corre por algum motivo — perda de peso, lazer, melhoria dos resultados de exames laboratoriais, alcance de determinada distância —, treina por um tempo específico e concilia ou não com outro tipo de atividade física. Sendo assim, as refeições devem se adequar a cada meta, levando em consideração estilo de vida, exames clínicos, preferências alimentares e histórico pessoal. “Mas a base da dieta diária, em média, precisa ser composta de, pelo menos, 50% de carboidratos, que é a fonte básica de energia”, ensina. Em seguida, normalmente há de 20% a 30% de gordura e entre 1,2 e 1,6 gramas de proteína por quilo, dependendo do objetivo e da distância da corrida. Perroni indica também o consumo de cinco porções de frutas, verduras e legumes por dia porque esses grupos têm um alto potencial antioxidante, vitaminas e minerais, que ajudam a equilibrar o consumo excessivo de oxigênio e a produção de radicais livres que modalidades esportivas que exigem maior resistência provocam. Durante a corrida, há a recomendação de reposição de carboidrato — geralmente por géis ou gominhas — que varia de acordo com o tempo do exercício. “Para quem pratica até uma hora, pode usar ou não até 20 gramas de carboidrato. De uma hora a duas horas e meia, que costumam ser as distâncias de dez quilômetros até uma meia maratona, é recomendada a ingestão de 30 gramas a 60 gramas de carboidratos por hora”, detalha. Quanto mais diferentes os tipos desses carboidratos industrializados — como glicose, palatinose e maltodextrina —, melhor. “Eles vão garantir uma maior velocidade de absorção.” A hidratação também é outro fator importante. Enquanto corre, a indicação é beber de 400 ml a 800 ml de água por hora de prática.

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    Descanse e durma o suficiente –
    Há quem ache besteira, mas o descanso e as boas noites de sono impulsionam o corredor. A médica do esporte da FMUSP Mariana Camargo destaca que antes de se pensar unicamente na performance, é primordial focar na nutrição, no repouso para a recuperação e nas noites bem dormidas. “Dormir as horas necessárias é fundamental. O sono é extremamente importante. Além disso, o corredor deve ter um dia de descanso na semana para deixar o corpo se recuperar, o músculo se recuperar”, frisa. Ela também aconselha, para quem puder, fazer massagem de liberação muscular para aliviar contraturas e prevenir possíveis lesões. O sócio e diretor técnico da MPR Assessoria Esportiva César Augusto de Oliveira concorda: “Hoje já é muito estudado e sabido que a alimentação, o sono, o fortalecimento e a preparação mental fazem diferença no desempenho. Então, não basta olhar única e exclusivamente para o treino de corrida, mas é fundamental prestar atenção em todos esses outros aspectos.”

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    Faça um check-up anual –
    Espera-se que quem corra tenha tido a liberação de um médico para começar a percorrer quilômetros e quilômetros mundo afora — se esse não for o seu caso, por favor, consulte um especialista. O acompanhamento de profissionais da área da saúde é imprescindível para se dedicar ao esporte. Por isso, coloque no calendário o lembrete para uma visita ao cardiologista a cada 12 meses. Mesmo corredores experientes devem realizar uma bateria de exames todos os anos. De acordo com Mariana Camargo, em geral, exercícios moderados não têm muitas contraindicações para a saúde, mas o check-up anual sempre é bem-vindo porque exames regulares podem detectar novas lesões, fatores de risco e prevenir problemas cardiovasculares.