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Como saber se é hora de terminar uma relação

Em dúvida sobre o caminho a seguir? Veja cinco dicas para saber se vale dar mais uma chance ou se terminar é o melhor remédio

Leonardo Neiva 09 de Março de 2025

Como saber se é hora de terminar uma relação

Em dúvida sobre o caminho a seguir? Veja cinco dicas para saber se vale dar mais uma chance ou se terminar é o melhor remédio

Leonardo Neiva 09 de Março de 2025

Quem nunca enfrentou essa dúvida cruel que atire a primeira pedra. Afinal, as relações humanas passam longe de ser matemáticas, e entender se não tem mais jeito fazer o relacionamento funcionar é algo que envolve observação, persistência e muito bom senso. Segundo especialistas, aliás, trata-se de um momento crucial, em que também é preciso lutar contra questões como ansiedade, rejeição e o medo da solidão.

“A decisão de ficar ou partir nunca é simples, mas estar atento ao que sua própria experiência está lhe dizendo é o caminho mais seguro para encontrar uma resposta genuína”, afirma o psicólogo e escritor Marcos Lacerda, criador do canal do YouTube Nós da Questão. Como indica a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, manter um relacionamento nunca é um trabalho fácil. “Não é eu faço a minha parte, você faz a sua e no fim do dia a gente se encontra e come uma pizza”, aponta.

Outro fator que complica ainda mais a situação é que raramente os dois lados de uma relação têm a mesma percepção sobre o momento que estão vivendo, acrescenta a psicóloga Cristina Werner, terapeuta de casais há 40 anos. Então, para te ajudar um pouco nesse árduo processo, Gama reúne a seguir algumas dicas de especialistas para que você entenda se é hora dar um ponto final no relacionamento.

  • 1

    Para começar, uma pergunta simples: o relacionamento está te fazendo feliz? –
    O amor pode ser uma “ferida que dói e não se sente”, como nos versos de Camões, mas até para aguentar os machucados do coração há certos limites. Caso haja dores demais e poucos momentos de felicidade e prazer dentro de um relacionamento, isso não deve ser ignorado. Mais ainda, “se a relação constantemente ativa feridas emocionais, gera frustração repetitiva ou impede o crescimento pessoal, isso pode ser um alerta”, aponta o psicólogo Marcos Lacerda. Para o especialista, o mais importante é ficar atento ao próprio bem-estar e não deixar de agir caso perceba que a relação já não é mais um espaço para crescimento e apoio mútuos. “Se o relacionamento perdeu o sentido, não há mais conexão genuína e um ou ambos os parceiros se sentem presos em ciclos de dor, talvez seja o momento de repensar o caminho juntos”, afirma. Mesmo com essas dicas, está difícil avaliar o status do seu relacionamento? Então coloque em prática o exercício sugerido pela psicóloga e terapeuta de casais Cristina Werner: “Imagine-se no dia seguinte ao término. Como você acha que acordaria? Triste, feliz, cansado?” Projeções como essa para a semana que vem, o próximo mês ou até datas comemorativas que os dois costumam passar juntos, aponta Werner, são uma forma clara de entender como você se enxerga fora da relação. “Se eu me imagino mais feliz, mais leve, é uma boa indicação”, diz a terapeuta. “Agora, se visualizo um certo medo de me arrepender, então talvez ainda não seja a hora de sair.”

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    Fique atento aos sinais, que podem estar debaixo do seu nariz –
    É comum falar nos sinais de que uma relação não anda bem. Muito mais difícil, no entanto, é reconhecê-los ou mesmo admitir que eles existem quando estamos em meio ao turbilhão de um relacionamento amoroso. Para a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo, o principal indicador de que o fim está próximo é o desinteresse, seja o seu ou do seu parceiro. “Os telefonemas e as trocas de mensagem já não são tão frequentes, e a dificuldade de sair juntos começa a aparecer”, exemplifica a especialista. Nesses casos, ela afirma, é perceptível “que a disposição de estar junto, de compartilhar momentos, já não é a mesma”. Outro sinal bastante comum é a ausência de planos a dois — os de curto prazo, como uma viagem, ou mesmo os grandes sonhos, como comprar uma casa. A doutora explica que, “quando os projetos em comum acabam, a relação acabou. É como se o casal estivesse dividindo espaço, morando juntos, mas cada um com o seu projeto pessoal”. Além disso, Lacerda destaca a recorrência de padrões destrutivos, como jogos de poder e dependência emocional, indicativos de que a dinâmica da relação não é mais saudável. E outro ponto central nessa equação, revela o psicólogo, é uma crescente dificuldade de comunicação.

  • 3

    Fale sobre aquilo que está sentindo (e deixe que o outro fale também) –
    Não é porque vocês quase não brigam que a relação está indo às mil maravilhas. Em alguns casos, pode ser o oposto. Muitas vezes, uma das partes prefere se calar ou se sente intimidada na hora de se abrir sobre os problemas e dificuldades que vem enfrentando. Quando o parceiro se recusa a ouvir as queixas do outro ou permanece sempre na defensiva, é um forte sinal de que o diálogo pode estar comprometido. “Vamos ouvir aquilo sobre o que a pessoa está reclamando e, num primeiro momento, acolher”, incentiva Werner. Até porque, de acordo com a terapeuta de casais, é nessas conversas que podemos descobrir questões sobre nós mesmos das quais, enfurnados em nossas próprias mentes, nem sempre nos damos conta. “Eu achava que era muito carinhosa, mas, se você está dizendo que não, pode ser que eu não seja tanto quanto penso”, ela dá como exemplo. Quando suas reclamações e apontamentos não são ouvidos ou não geram nenhum tipo de mudança, isso é um problema. Nesses casos, vale prestar atenção ao próprio umbigo, para que não seja você aquele que ignora o que seu companheiro está tentando dizer. Num tempo em que o diálogo é evitado a qualquer custo e muita gente prefere praticar suas habilidades de ghosting do que ter uma troca franca, Carmita Abdo sugere que conversar é sempre o melhor caminho quando você percebe que a relação começa a esmorecer. “Pode ser que, para mim, não haja necessidade de falar mais nada, mas para a outra pessoa é preciso ouvir e também se posicionar.”

  • 4

    Num impasse, busque ajuda externa –
    Percebeu que as conversas não chegam a lugar algum, mas ainda sente que quer continuar tentando? Esse é o momento ideal para recorrer à intervenção de terceiros, de acordo com a psiquiatra. O que inclui conversar com pessoas próximas para entender melhor o momento pelo qual está passando e os próprios sentimentos, e também buscar uma ajuda profissional. “A terapia de casal não é para reconciliação, mas sim para definir situações que estão muito pouco resolvidas, em que as pessoas não estão conseguindo chegar num termo”, afirma Abdo. Caso o relacionamento ainda tenha uma base forte, a terapia pode ajudar a reconsiderá-lo e entender melhor o processo que o casal está vivendo. E sempre há, é claro, a possibilidade de que o oposto aconteça. “Pode ser que a terapia acabe esclarecendo que acabou”, considera Abdo. Mesmo nesses casos, a psiquiatra defende que se trata de uma alternativa saudável para concluir a relação. “Assim, ninguém sai se sentindo vítima ou agressor”, enfatiza. Tanto persistir quanto desistir são virtudes importantes, na visão da terapeuta Cristina Werner. Nesse sentido, buscar a terapia pode ser um último recurso importante. “É muito ruim sair de uma situação achando que poderia ter tentado mais. O ideal é ir em paz com o seu coração, sua mente e a sua decisão. E uma das coisas que ajudam muito os casais nessa hora é a terapia.”

  • 5

    Evite tomar essa decisão de forma impulsiva, mas também não fique adiando demais –
    Esse momento exige um equilíbrio que não é nada simples. Afinal, ninguém quer tomar uma decisão apressada, da qual vai acabar se arrependendo pouco tempo depois. Por outro lado, também não é saudável continuar dando murro em ponta de faca por medo de tomar uma atitude. “Agir por impulso pode gerar arrependimento, especialmente se o término for motivado por uma emoção passageira, como raiva ou frustração”, indica Lacerda. Além disso, segundo o psicólogo, sem uma reflexão profunda, você se arrisca a repetir os mesmos padrões também em novas relações, já que os desafios internos não foram trabalhados. Por isso, antes de encerrar um relacionamento, ele sugere algumas ações: primeiro, tentar modificar a dinâmica que vem causando incômodo. “Proponha diálogos mais honestos, estabeleça novos limites e observe se há espaço para evolução.” Caso nada mude, esse pode ser um forte indício de que a relação perdeu o sentido. Porém, se você vem adiando o fim mesmo sabendo que ele é inevitável, essa hesitação pode ter a ver com o medo — mais especificamente, o medo de ficar sozinho. Portanto, outra dica do psicólogo é começar a considerar a solidão como uma possibilidade viável. “Pergunte-se: se eu soubesse que ficaria bem sozinho, minha escolha seria diferente?” Para Abdo, chegar a essa conclusão por si mesmo é melhor do que lançar mão de artifícios como pedir um tempo na relação, demanda que a psiquiatra considera egoísta. “Quanto é esse tempo? Uma semana, um mês, um ano? A outra pessoa talvez não tenha desistido de você, mas, diante da sua desistência, pode seguir em frente. Quando você quiser voltar, ela talvez já não esteja no mesmo lugar.”

Colaborou Sarah Kelly

Um assunto a cada sete dias