Histórias reais de amor e paixão — Gama Revista
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See-ming Lee

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Depoimento

Histórias reais de amor e paixão

Gama foi atrás de histórias de amor verdadeiras e deliciosas. Prepare-se para rir, chorar, se apaixonar

18 de Fevereiro de 2024

Histórias reais de amor e paixão

18 de Fevereiro de 2024
See-ming Lee

Gama foi atrás de histórias de amor verdadeiras e deliciosas. Prepare-se para rir, chorar, se apaixonar

  • “Uma vez encontrei uma foto em que meu avô estava sorrindo ao lado da minha avó. Até hoje vejo muito amor nessa imagem”

    Renata Py, 46, escritora

    “Sempre gostei muito da história de amor dos meus avós. Meu avô nasceu em 1896, era um cara boêmio, nunca se casou nem se relacionou com ninguém até os 40 anos. Ele vinha de uma família super simples do interior. Foi para o Rio de Janeiro estudar e virou um grande dentista. Certa vez, num congresso que aconteceu em Paris, conheceu uma canadense e se apaixonou, mas precisou voltar logo em seguida ao Brasil. Naquela época, o único jeito de se comunicar era por cartas, que levavam até um mês para chegar. Então eles continuaram conversando por carta durante um ano, guardamos algumas delas até hoje. Até que meu avô pegou um avião e foi ao Canadá pedir minha avó em noivado. Aí ele voltou, ficou mais um ano aqui e só depois retornou para buscá-la. Eles se casaram aqui no Brasil. Nunca conheci minha avó, porque ela morreu de pneumonia quando meu pai era pequeno. Mas ela foi o grande amor da vida do meu avô, ele jamais a esqueceu. Quando o conheci, ele tinha mais de 80 anos e estava num segundo casamento. Era aquela coisa de duas pessoas se unindo por conta da idade, não era amor. E, perto dela, ele falava pouco da minha avó. Mas, quando eu saía só com ele e meu pai, ouvia muitas histórias. Talvez por ser mais velho, sempre vi meu avô como um homem sério, muito quieto e reservado. Mas uma vez encontrei uma foto em que ele estava sorrindo ao lado da minha avó, super brincalhão. Vi poucas vezes ele brincando, não era algo comum. A foto me mostrou esse lado dele, até hoje vejo muito amor nessa imagem dos dois.”
    (depoimento a Leonardo Neiva)

  • “Apesar de tantos anos sem se ver, existe uma paixão que eu não esperava que fosse tão forte. É como se esse tempo que ficamos distantes não tivesse existido”

    Paula Pamplona, 53, psicóloga

    “Conheço o Eduardo desde o dia em que nasci. A gente morava no mesmo quarteirão, em Fortaleza. Nossos pais eram médicos e ficaram muito amigos. Ele era melhor amigo do meu irmão, e acabei ficando próxima porque não tinham meninas da minha idade na vizinhança. Quando chegou a pré-adolescência, ele foi meu primeiro crush. Não sabia que era recíproco, porque ele era tímido. Mas, na adolescência, meu irmão mudou de escola e a gente se afastou. Soube através da mãe dele que o Eduardo se casou e se mudou para os EUA, depois para o Canadá. Ficamos décadas sem nem nos ver. Tive vários relacionamentos, cheguei a ficar noiva, mas nunca deu certo. Sou psicóloga e vivia em função do trabalho. Foi aos 48 anos que o Eduardo entrou em contato comigo pelo Facebook. Ele tinha se separado. Nos encontramos quando ele veio para Fortaleza visitar os pais. Apesar de tanto tempo, foi muito fácil estar com ele, se abrir, coisa rara. Acho que houveram faíscas de ambas as partes, mas nada aconteceu. No fim, ele me contou que tinha um relacionamento no Canadá. Fiquei frustrada. No final do ano, perto do Natal, entrei em contato com ele. O relacionamento tinha acabado. Desde ali, a gente passou a se falar quase todos os dias. A relação foi se tornando mais forte, criamos planos, até que comprei passagem para visitá-lo em Montreal. Mas era 2020, e a pandemia mudou muitas coisas. No fim, foi ele quem veio com os filhos para Fortaleza. A viagem, que ia durar um mês, acabou durando quatro. Nessa temporada, a gente começou a pensar em ir para o Canadá juntos. Consegui um visto, vendi minha casa e a clínica. Organizamos um casamento em menos de um mês. Pouco depois, a gente estava no Canadá. Tem sido um período de adaptação difícil. Estou casada, com enteados, sem poder trabalhar e sem falar francês. Mas nosso relacionamento é mágico, a gente tem um entrosamento muito grande. Apesar de tantos anos sem se ver, existe uma amizade, uma ternura, uma cumplicidade e uma paixão que eu não esperava que fossem tão fortes. É como se esse tempo que ficamos distantes não tivesse existido.” (depoimento a Leonardo Neiva)

  • “A pandemia veio, nunca mais falamos, eu só tinha essas imagens dela na minha cabeça”

    Aline Novakoski, 22, jornalista

    “Eu entrei na USP em 2020. Minutos antes da epidemia de Covid estourar. Teve a semana de recepção no início de março, nela acontece uma apresentação geral pelos estudantes veteranos de diversas entidades que compõem a faculdade. E eu lembro perfeitamente de uma muito específica, no caso, a da Isadora. Uns dois dias depois ela me vendeu uma camiseta da faculdade. Daí foi isso, a pandemia veio, nunca mais falei com ela, eu só tinha essas imagens na minha cabeça.
    Depois de um ano de pandemia, começou a moda das festas online. Além das festas online, ainda por cima existiam os afters das festas. Foi numa dessas que eu tirei sorte grande. A Isadora estava lá, toda expansiva conversando com todo mundo. Eu confesso que, como uma mera caloura naquela call, fiquei super tímida, mas não ia sair, estava determinada no objetivo de fazer aquela gatinha me notar.
    E não é que meu charme funcionou? Naquela fatídica noite de 17/04/2021 me chega uma mensagem às 1h da manhã de uma mulher completamente bêbada: “Estou apaixonada por você depois dessa call”
    Ela achou que eu estava fazendo uma piada! Mal sabia ela… eu já falei que a amava e aí nunca mais paramos de conversar. No aniversário dela, em agosto, a pandemia deu uma melhorada e conseguimos nos encontrar pessoalmente pela primeira vez em São Paulo! Ela estava morando no Paraná, então realmente foi um grande acontecimento.
    De lá pra cá já se foram quase 3 anos de relacionamento, moramos juntas há um ano. A cada dia que passa eu tenho mais certeza que quero a mulher mais bonita daquela semana de recepção da faculdade paro o resto da minha vida.” (depoimento a Emilly Gondim)

  • “Só via ele na minha frente, o frevo tocando e a festa em polvorosa. Em Olinda, perguntei se Diego queria casar comigo. Ele aceitou”

    Tiago Guimarães, arquiteto, 43

    Há muitos anos eu vou para Olinda, no Carnaval. É um lugar muito especial para mim. E, finalmente, havia chegado o momento de levar a pessoa com quem eu estava me relacionando pra lá, para a festa que eu tanto amo. Eu namorava e morava com o Diego fazia pouco tempo, somos um casal onde tudo aconteceu muito rápido. Deu medo. E se ele não gostasse? Eu já tinha, na minha cabeça, a vontade de casar com ele. Esse tipo de ritual é importante para mim e eu não só desejava pedir alguém em casamento como queria que esse alguém fosse ele. A sorte minha foi que ele gostou muito de Olinda logo de primeira e, alguns dias depois de chegarmos ao Carnaval, decidi que iria pedir o Diego em casamento ali mesmo. Estava acompanhando duas amigas e o filho delas em um bloco infantil e tive um estalo: e se, na terça-feira, eu pedisse o Diego em casamento? Elas, que também haviam decidido se casar em um Carnaval, amaram a ideia. Eu queria fazer um furdúncio. Decidi que ia pedir ele na primeira parada do bloco “Eu Acho é Pouco”, o momento em que os músicos param, descansam e o pessoal festeja no meio de uma praça. Planejei com a minha amiga de entrar no meio da roda do bloco, onde ficava o porta-estandarte, e pedir o Diego em casamento. Essa minha amiga conhecia uma das diretoras do bloco, conversou com ela e ela aceitou. Pensei, “ferrou, vai ter que acontecer”. Com isso decidido, tive de correr para achar uma aliança. Andei por Olinda inteira procurando por um anel, mas só encontramos anéis de coco em banquinhas de artesanato. Depois de muita procura, achei um hippie que vendia anéis de aço cirúrgico por dez reais. Comprei e me preparei para o dia. Na terça-feira, fiquei muito nervoso. O bloco sempre foi muito lotado e tive medo de dar um passo maior do que a perna. O pânico se instaurou quando pensei que eu, Tiago, entro em uma roda numa boa. Sou pavão, mas o Diego é mais tímido, mais retraído. E se ele decidir não entrar? Respirei fundo e disse para mim mesmo “agora já é tarde”. Seguimos o bloco e, na primeira parada, nos aproximamos da roda central. E aí, aconteceu. Entrei na roda e comecei a puxar o Diego pra dentro, mas ele se negava, não entendia o motivo. Ele foi empurrado para dentro da roda e aí eu o pedi em casamento. Sequer me ajoelhei, não tinha pensado muito sobre. Só via o Diego na minha frente, o frevo tocando e a festa em polvorosa. Tirei as alianças e perguntei se ele queria casar comigo. Ele disse que sim. Ele conta que eu, nervoso, tremia muito e acabei errando e coloquei as duas alianças nele. Não importava. Nós nos beijamos, saímos da roda e curtimos nosso bloco, agora noivos. (depoimento a Daniel Vila Nova)

  • “Tinha tanta vergonha que não conseguia falar olhando pra ele nos olhos, conversava olhando para o lado”

    Karine Krisch, 31, coordenadora de sinistro

    “Eu e o Bruno nos conhecemos em 2010, na faculdade — a gente estudava publicidade e propaganda na mesma sala —, e até hoje me lembro da camiseta que ele usava no primeiro dia que o vi. Ele costumava se sentar na carteira atrás de mim e, aos poucos, fomos nos familiarizando e gostando da companhia um do outro. O Bruno foi meu primeiro namorado, eu já tinha dado um beijo ou outro na vida, lá pelos 17, 18 anos, ou seja, bem pertinho de conhecê-lo. Então, eu ainda tinha uma certa armadura e uma grande timidez. A gente já estava se paquerando e um dia combinamos de nos encontrar um pouquinho mais cedo na faculdade; chegamos duas horas antes e ficamos só os dois na sala vazia. Aquela foi a primeira vez que ele quis me beijar e eu neguei, dei um fora. Mesmo assim, é como se a gente tivesse uma ligação forte, como se já estivéssemos entrando num relacionamento, mas a gente não se beijava; ficávamos conversando até de madrugada no MSN. Certa vez, eu estava andando bem perto do Bruno e a minha irmã, que estudava no mesmo campus, estava vindo na nossa direção e eu, com vergonha — sei lá o que se passava na minha cabeça, tinha vergonha da possibilidade de ter um namorado —, o empurrei e, depois, ele até falou que ficou chateado. A gente conversava bastante no intervalo, ficávamos num cantinho olhando o campus, mas mesmo assim, por mais reservado que o lugar fosse, eu não conseguia. Eu tinha tanta vergonha que não conseguia falar olhando o Bruno nos olhos, eu conversava com ele olhando para o outro lado. Depois de ter passado por essas situações, teve o fatídico dia em que ele ia me apresentar como namorada para os amigos dele do colégio. Quando estávamos chegando perto do barzinho, ele parou e me pediu um beijo, falou: ‘vamos tentar’. E eu, super envergonhada, falei que não, porque tinha muito carro passando e muita gente vendo. No bar, ele me apresentou como namorada aos amigos, a uma ex-ficante. A gente foi embora e eu não o beijei. O primeiro beijo veio uma semana depois disso, na faculdade. A gente estava conversando no intervalo e decidi dar uma chance. Eu sabia que se olhasse para os olhos dele não teria escapatória. Nos beijamos e, no meio do beijo, ele parou e falou: ‘Aleluia!’. Eu morri de vergonha e não consegui mais beijá-lo ali. Depois disso, demorei mais duas semanas para dar outro beijo nele. Teve uma vez também que eu estava abraçando o Bruno e dei um beijo no pescoço dele; ele achou aquilo muito bonitinho, fez algum comentário e eu fiquei roxa, tanto que nem me lembro da cena. Enfim, parece que a gente já vem com algumas coisas programadas na vida, né? Ele insistiu e conseguiu. O Bruno é uma pessoa muito assim. Eu não fui a primeira namorada dele, ele já tinha tido relacionamentos anteriores, não tão sérios, mas já tinha tido. E ele é descolado, não é envergonhado, mas foi atencioso e paciente comigo. Eu era muito caipira, muito. Depois de sete anos namorando, fomos morar juntos e estamos assim desde então, agora com o Noah, o nosso bebezinho de dois anos e sete meses.” (depoimento a Ana Elisa Faria)

  • “Ele não desistiu de mim e não deixou que eu desistisse”

    Steffanie Godoi, 28

    “Na época da faculdade, fiz amizade com uma menina e ela me chamou para uma festa. Eu tinha planos de ficar com um amigo dela, mas quem me recebeu no local foi o Vinicius. Eu olhei para ele, ele olhou para mim e pintou um clima. Até falei para minha amiga que não queria ficar com ninguém, mas o Vinicius ficou o rolê inteiro flertando comigo. Eu me fiz de difícil, mas, lá pro final da noite, ele me disse que precisava me beijar. Eu cedi. Nós ficamos e a noite estava bem fria. Ele me emprestou a blusa dele e, na hora de ir embora, me disse para ficar com a blusa para ele ter uma desculpa para me ver de novo. Eu saí de lá encantada. No dia seguinte, nós conversamos o dia inteiro. E, dali em diante, nunca mais nos separamos. Pode parecer muito clichê, mas no momento em que eu vi ele, meu coração bateu diferente. Parece mentira, mas é real. Costumo dizer que estávamos destinados um ao outro. A gente acha que esse tipo de coisa só acontece em filme, mas eu percebi que também acontece na vida real. Eu era a pessoa que defendia que isso não existia, mas hoje sei que foi amor à primeira vista.

    Foi o Vinicius quem viu os primeiros sinais da doença. Ele foi me abraçar e sentiu um caroço no meu pescoço. Na hora, já me bateu um desespero. Tenho um histórico de câncer na família e perdi pessoas por conta da doença. Eu fiz todos os exames, mas a médica do ultrassom cometeu um erro. Ela me disse que estava tudo bem, que eu não precisava me preocupar. Um ano depois, o caroço aumentou. Fui ao médico e ele me confirmou que não era algo normal. Quando recebi a notícia que estava com câncer, foi desesperador. Liguei para o Vinicius e disse que precisava fazer a cirurgia. Ele ficou desesperado, pegou o carro e veio até a minha casa ficar junto comigo. Eu não gosto de preocupar as pessoas, então falei para ele que, se ele quisesse terminar comigo, eu entenderia. Jamais julgaria ele, eu sabia que era um fardo muito grande para outra pessoa carregar. Ele olhou para mim e me perguntou se eu estava maluca, me disse que ia ficar comigo até o fim, que eu era o amor da vida dele e que ele jamais ia me abandonar. O Vinicius foi comigo em todas as quimioterapias, todas as cirurgias, todas as consultas. Ele nunca me deixou desistir do tratamento. Ele, junto a medicina, foi o meu tratamento. O amor cura. Ele não desistiu de mim e não deixou que eu desistisse. Eu queria tanto ficar viva para viver tudo o que eu queria viver do lado dele que eu precisava vencer o câncer. Meu objetivo era casar e ter filhos com ele. Felizmente, me curei da doença. Adotamos dois cachorrinhos e, há três anos, ele me pediu em casamento. Nos casamos em 2022. No final do ano passado, descobrimos que estamos esperando o nosso primeiro filho. Foi a melhor escolha da minha vida.” (depoimento a Daniel Vila Nova)