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Podcast da semanaDaniel Munduruku: 'Voltamos à ótica militar dos anos 1980'
Escritor premiado pertencente ao povo Muduruku fala sobre o retrocesso no tratamento do governo às comunidades indígenas nos últimos oito anos. ‘Foi golpe em cima de golpe’, afirma
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Daniel Munduruku: ‘Voltamos à ótica militar dos anos 1980’
Escritor premiado pertencente ao povo Muduruku fala sobre o retrocesso no tratamento do governo às comunidades indígenas nos últimos oito anos. ‘Foi golpe em cima de golpe’, afirma
O escritor e educador Daniel Munduruku lembra que a Constituição de 1988 é o principal marco na história dos povos indígenas, pois foi o documento que passou a considerá-los como brasileiros com direitos. Agora, sob o risco de projetos que querem delimitar a data de publicação da Carta para o reconhecimento de territórios indígenas, é como se tivéssemos passando por uma dobra no tempo: “Voltamos atrás e esses discursos voltaram à ótica da era militar dos anos 1980”, afirma em entrevista ao Podcast da Semana, da Gama.
Com mais de 50 livros publicados, a maioria voltada ao público infantil e muitos deles premiados, inclusive com o maior prêmio literário do país, o Jabuti, Daniel Munduruku é uma importante voz na cultura nacional. Ele é crítico sobre a situação das comunidades tradicionais, fala sobre sofrerem “golpes em cima de golpes”, e joga luz especialmente sobre as mais isoladas, que hoje vivem a ameaça de missões religiosas e de expedições que buscam contato com comunidades isoladas. “A demarcação resulta em perseguições maiores”, afirma.
Munduruku conta que escreve para não esquecer, e que só o passado por nos ajudar a, mais que elucidar, nos proporcionar um futuro. “No Ocidente, somos levados a pensar no futuro. Ele é uma ficção. Ele só existe à medida que conseguimos olhar para trás, para o passado, para a nossa memória”, afirma na entrevista que você ouve abaixo.
O escritor e educador Daniel Munduruku
No Spotify, na Apple Podcast, no Google Podcast e no link abaixo você escuta essa conversa.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Edição de som: Deisi Witz
*A fotografia que ilustra esse texto, jovem Wakatha u thëri, vítima de sarampo, é tratado por xamãs e paramédicos da missão católica do Catrimani (RR, 1976), foi exibida na exposição Claudia Andujar: A Luta Yanomami, organizada pelo Instituto Moreira Salles e atualmente em cartaz no Barbican Centre, em Londres
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