Tatiana Salem Levy (Lisboa, 1979) é escritora, ensaísta e pesquisadora na Universidade Nova de Lisboa. Recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura como autora estreante em 2008 e acaba de lançar o romance “Vista Chinesa” (Todavia)
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Qual é sua ideia de felicidade perfeita?
Há uma cena do filme “O Paciente Inglês” em que Kristin Scott Thomas pergunta a Ralph Fiennes: “Quando você foi mais feliz?” “Agora”, ele responde. Ela continua: “E quando você foi mais triste?” “Agora”, ele responde. Eu não acredito em nada perfeito, muito menos em felicidade perfeita. Aliás, eu não me interesso pela perfeição.
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Qual é o seu maior medo?
Tenho medo de que, ao revelá-lo, ele se concretize.
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Que característica mais detesta em você?
A ansiedade.
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4
Que característica mais detesta nos outros?
Em outras circunstâncias, eu diria a burrice. Hoje, o ódio.
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5
Que pessoa viva você mais admira?
Eu sou péssima em escolher um título de livro, imagina escolher uma única pessoa que eu admiro.
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6
Qual é a sua maior extravagância?
Achar muito natural o que a maioria das pessoas acha extravagante.
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7
Qual é o seu estado mental atual?
Depressão pós-parto.
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Que virtude considera superestimada?
Se for virtude mesmo, nunca é superestimada.
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9
Em que ocasião você mente?
No consultório médico, na psicanalista e em qualquer tipo de questionário.
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O que menos gosta sobre sua aparência?
Ter espinhas aos 42 anos.
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Que pessoa viva você mais despreza?
Ah, essa é fácil. Bolsonaro.
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12
Que qualidade mais admira em um homem?
Ser feminista.
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Que qualidade mais admira em uma mulher?
Ser feminista.
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De que palavras ou frases você abusa?
“Tô com dor.” “Vocês amam a mamãe mais que tudo nessa vida?”
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O que ou quem é o maior amor da sua vida?
Clichê máximo: meus filhos.
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Quando e onde você foi mais feliz na vida?
Este é um questionário que preza o absoluto. Eu sou uma pessoa fragmentada. Sinto, vejo, penso, escrevo, vivo de forma fragmentada. Por isso, tenho dificuldade em escolher uma pessoa, o momento. Prefiro substituir a ideia de felicidade pela de alegria, assim sei que tive, tenho e terei quase todos os dias pequenas, médias ou grande alegrias.
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Que talento você mais gostaria de ter?
O da música. Sou muito desafinada. Se eu fosse afinada, já estaria bom. Mas eu gostaria mesmo era de saber cantar.
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Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?
A impaciência.
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O que considera sua maior conquista?
Ter organizado uma viagem para subir o Monte Everest e ter desistido.
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Se você morresse e voltasse como uma coisa ou uma pessoa, o que você gostaria de ser?
Eu gostaria de não ser pessoa nem coisa. Gostaria de ser um elefante ou uma árvore.
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Onde você mais gostaria de morar?
Debaixo d'água.
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Qual é o seu pertence mais estimado?
As cartas da minha mãe.
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23
O que você considera o nível mais baixo da desgraça?
O atual governo brasileiro.
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Qual sua ocupação favorita?
O ócio.
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Qual sua característica mais marcante?
Ser dramática.
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O que você mais valoriza em seus amigos?
Desde que vim morar em Portugal, passei a valorizar o toque. Prezo amigos que me abraçam, deitam no sofá ao meu lado e me dão colo.
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Quais os seus escritores favoritos?
Depende do momento da vida.
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Quem é seu herói na ficção?
Penélope e G.H.
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29
Com qual figura histórica você mais se identifica?
Não tenho talento para sequer me identificar com figuras históricas.
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Quem são seus heróis na vida real?
As professoras dos meus filhos.
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Quais são seus nomes favoritos?
Esther, Penélope, Helena, Alma e Hannah.
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O que você mais detesta?
Atualmente, o que o Brasil está fazendo com a Amazônia.
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Qual seu grande arrependimento?
Tenho uma coleção de pequenos arrependimentos. Um único grande, não sei.
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Como gostaria de morrer?
Com tempo suficiente para experimentar a morte, mas sem dor; já tive a minha cota em vida.
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Qual é o seu lema?
Ser anticapitalista. Antirracista. Antimachista. Antiprogresso. Tentar me conectar mais com a terra e menos com a internet. Ouvir mais os nossos ancestrais. Os que habitavam o Brasil antes de ele se chamar assim. Depois que assisti ao documentário “Symbiotic Earth: How Lynn Margulis Rocked the Boat and Started a Scientific Revolution”, só consigo pensar em como interpretamos erroneamente a natureza: a evolução não é competitiva, mas cooperativa. Só melhoramos em conjunto. O individualismo é o maior desastre ambiental.