De ajudante de obra a cozinheiro, o escritor gaúcho José Falero já fez de tudo um pouco. Em 2019, publicou “Vila Sapo”, seu primeiro livro de contos, seguido do romance “Os Supridores” (2020) e do volume de crônicas “Mas em que Mundo Tu Vive?” (2021), onde retrata o cotidiano na periferia
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1
Qual é sua ideia de felicidade perfeita?
Acredito que a felicidade perfeita seja ser tratado como gente. Não sofrer desumanizações.
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Qual é o seu maior medo?
O meu maior medo é morrer. Atualmente o que mais me desperta esse medo é andar de avião.
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Que característica mais detesta em você?
Ser fumante e não conseguir parar de fumar.
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Que característica mais detesta nos outros?
A incapacidade de se espantar com as coisas, como se as compreendessem plenamente.
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5
Que pessoa viva você mais admira?
Minha namorada Dalva Maria Soares.
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6
Qual é a sua maior extravagância?
Uso a camisa do Internacional mesmo sendo gremista.
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7
Qual é o seu estado mental atual?
Atormentado.
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Que virtude considera superestimada?
Todas as virtudes públicas são superestimadas. Uma virtude, para não ser superestimada, precisa permanecer desconhecida.
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9
Em que ocasião você mente?
Quando a verdade me parece mais inconveniente do que a mentira.
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O que menos gosta sobre sua aparência?
Meus dentes.
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Que pessoa viva você mais despreza?
Bolsonaro.
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Que qualidade mais admira em um homem?
A capacidade de se espantar com as coisas.
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Que qualidade mais admira em uma mulher?
A capacidade de se espantar com as coisas.
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De que palavras ou frases você abusa?
"Tá ligado?", "Te foder!", "Olha esse cara!". Esta última até virou meme entre meus colegas de trabalho na construção civil.
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O que ou quem é o maior amor da sua vida?
Minha namorada Dalva Maria Soares.
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Quando e onde você foi mais feliz na vida?
Quando morávamos juntos eu, minha mãe, minha irmã e meu pai, na nossa primeira casa, na Lomba do Pinheiro.
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Que talento você mais gostaria de ter?
Não creio que exista talento.
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Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?
Eu pararia de fumar.
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O que considera sua maior conquista?
A autoestima. Nunca teria conquistado isso sozinho: Dalva foi fundamental para que eu aprendesse a gostar de mim. Mas também tive que fazer bastante esforço por mim mesmo, e me orgulho muito disso.
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Se você morresse e voltasse como uma coisa ou uma pessoa, o que você gostaria de ser?
Eu não gostaria de voltar. Se fosse obrigado a voltar, então escolheria ser qualquer coisa inanimada e inútil, como um pedaço de gelo de amônia numa nuvem de Júpiter. Se fosse obrigado a voltar como algo vivo, então escolheria uma forma de vida simples e fugaz, como uma bactéria.
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Onde você mais gostaria de morar?
Na Lomba do Pinheiro.
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Qual é o seu pertence mais estimado?
Minha camisa da Ponte Preta. É linda e tem o meu nome e o meu número da sorte atrás, o 22, que, coincidência ou não, é o mesmo número desta pergunta.
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O que você considera o nível mais baixo da desgraça?
Ver as pessoas que tu ama passando todo tipo de necessidades e não poder fazer nada.
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Qual sua ocupação favorita?
Pensar.
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Qual sua característica mais marcante?
Eu não gosto de quase nada de comer. Dá pra contar nos dedos as coisas que eu gosto de comer.
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O que você mais valoriza em seus amigos?
A capacidade de se espantar com as coisas. E como isso foi repetido várias vezes, vou explicar melhor aqui: se espantar com as coisas no sentido de estranhá-las, de achar que elas merecem ser objeto de reflexão, de efetivamente refletir a respeito delas, de não achar que as coisas são meros fatos consumados sobre os quais não precisamos sequer pensar. A capacidade de tomar um susto ao perceber que não entende muito bem as coisas, mesmo as mais cotidianas, e a partir daí promover um exercício intelectual honesto na tentativa de entendê-las um pouco melhor. Mas se um amigo meu eventualmente não tiver essa capacidade, que inclusive é bem rara, valorizo com a mesma grandeza a capacidade de dizer besteiras engenhosas. E não estou brincando. Penso que as pessoas espirituosas, dessas que são capazes de salvar o nosso dia por pior que tenha sido a nossa desgraça, atingiram um tipo de inteligência que para mim é misterioso, mas que valorizo muito.
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Quais os seus escritores favoritos?
Mano Brown, Machado de Assis e Eiji Yoshikawa.
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Quem é seu herói na ficção?
Miyamoto Musashi. Bom, ele foi uma figura histórica, existiu realmente, mas boa parte da sua construção no romance sobre a sua vida é sabidamente ficcional.
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Com qual figura histórica você mais se identifica?
Não sei. Acredito que as figuras históricas com quem eu mais me identificaria ou foram totalmente apagadas da história ou foram apagadas o suficiente para que eu não saiba nada sobre elas ou saiba muito pouco sobre elas.
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Quem são seus heróis na vida real?
Minha mãe Rita Helena Falero, meu pai José Carlos da Silva, minha irmã Caroline Falero e minha namorada Dalva Maria Soares.
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Quais são seus nomes favoritos?
Não sei. Nenhum em particular. É claro que gosto mais de alguns do que de outros, mas os que entram nesse grupo dos que gosto são muito numerosos e gosto deles de maneira mais ou menos equivalente. Gosto de Jéferson, de Caroline, de Renato, de Jenifer, de Rodrigo, de Fernanda... Sei lá. É provável que eu goste igualmente de metade dos nomes que existem.
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O que você mais detesta?
Injustiça.
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Qual seu grande arrependimento?
Não ter aproveitado a vida como deveria. Não ter feito coisas que estavam ao meu alcance. Ter me deixado dominar por medos que hoje me parecem bobos.
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Como gostaria de morrer?
Dormindo, sem me dar conta.
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Qual é o seu lema?
Não deixe para fazer amanhã o que tu pode fazer depois de amanhã.