Paetê
Item importante dos trajes carnavalescos e usado por ícones da cultura pop, o paetê tem raiz no Antigo Egito, como um bom samba-enredo
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O que é
Pequenos discos de plástico liso ou sextavasado com um pequeno furo no meio, usados para decorar roupas e acessórios. Símbolo da cultura carnavalesca e usado há séculos, o paetê ou lantejoula tem nome de inspiração francesa (pailleté) e historicamente passaram de discos de metal para a forma atual, que é mais confortável e mais leve porém pouco amigável ambientalmente, de plástico. Alguns nomes de influência na história da cultura da moda e do entretenimento são adeptos: foi o caso da designer Coco Chanel (1883-1971), que criou peças em paetê desde 1926 em seu ateliê de bordado pessoal, e do rei do pop, Michael Jackson (1958-2009); e até hoje das divas Madonna e Beyoncé. Nem sempre os brilhos estiveram no topo da sofisticação: durante o fim dos anos 2000 e a popularização da moda com uma estética minimalista, usar paetês passou a significar um risco de ser cafona. Mas a variedade de cores e a possibilidade de criar estampas únicas com o adereço, como o paetê dupla face ou o uso de cores coringa como o prateado e o preto, fizeram o item voltar aos tecidos usados por celebridades nos tapetes vermelhos.
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Quem fez
Ao redor do mundo, moedas e bolas costumavam ser costuradas nas roupas dos mais nobres para demonstrar riquezas. O paetê como conhecemos hoje em dia, em menor tamanho e mais leve, tem raízes no Egito e na civilização do Vale do Indo, na Ásia, que existiu entre 3300 a.C. e 1300 a.C. Lá, costumavam usar discos de ouro, uma alternativa mais leve e luxuosa ao bronze, para decorar roupas; e no túmulo do faraó Tutancâmon, aberto em 1922, foram encontrados bordados com discos de ouro semelhantes. Na mesma década as lantejoulas passaram a ser característica essencial das roupas das “flapper girls”, ou melindrosas, junto com vestidos de seda, cabelos com o corte bob e colares de pérolas. Mais tarde, em 1940, os paetês foram usados por Coco Chanel e 30 anos depois, com a popularização da discoteca e de bandas como o Earth Wind and Fire e Chic e de grandes cantoras como Donna Summer e Diana Ross, o item tomou uma nova força.
No Brasil, além de ter sido adotado com paixão por nomes da música como Cauby Peixoto, o paetê teve uma outra referência: o Carnaval inspirado à moda dos bailes de máscara venezianos e na figura dos Pierrots e Arlequins, os palhaços tristes e felizes. O sucesso da festa das cores do carnaval de salão chegou às ruas influenciado por ícones pop da época, como Carmen Miranda (1909-1955), no início do século 20. Anos depois, com o início do programa do Chacrinha (1917-1988) e a popularização dos desfiles de escolas de samba, as lantejoulas começaram a ser parte essencial da expressividade carnavalesca. Hoje, além dos salões, estão nos blocos e no Carnaval de rua.
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Por que é tão desejado
Espelhado, metálico, transparente ou holográfico – os paetês são produzidos de toda forma e atendem a qualquer gosto. Opções mais discretas, como os paetês brancos, pretos ou irisdescentes, podem ser a melhor pedida para quem deseja chamar menos atenção nas luzes diurnas e noturnas. Para os mais ousados, os paetês coloridos e os bordados em padrões criativos, como estampas animais ou dupla face, que trocam a cor dependendo da direção que estão virados, são uma boa forma de ir além do brilho. O importante é estar de mente aberta para as lantejoulas e esquecer que um dia já foram atreladas à cafonice: grifes de alta costura, como Louis Vuitton, Prada e Dolce & Gabbana, têm apostado em seu brilho em looks para os tapetes vermelhos e mostraram que os paetês podem ser um símbolo do glamour.
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vale?
Vale, com ressalvas. É divertido, capaz de levantar o visual (e o humor) e hoje já é visto até em situações casuais. No Carnaval vale tudo que seja criativo e colorido: apostar na mistura de cores vivas e nas roupas ousadas é sempre uma boa opção na hora de se expressar. Para o dia a dia, paetê com cores metálicas combinados com peças neutras podem ser uma combinação de luxo. O grande problema dos paetês é sua matéria poluente, o plástico. Por isso, vale usar e cuidar para que dure por muitos carnavais. A boa notícia é que já há alternativas biodegradáveis em desenvolvimento, como esses em em celulose e à base de algas. Para reduzir o gasto de plásticos no Carnaval, opte também por glitter biodegradável, que já é produzido em larga escala por marcas de cosméticos.
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onde comprar
É possível comprar as lantejoulas (ou paetês) em lojas de pedrarias, de decoração e de variedades. Podem ser vendidas por peso ou quantidade, dependendo do tamanho, com um pacote de 1 mil unidades custando R$ 5, e potes de 2g por R$ 23.