Viaje mesmo sem viajar — Gama Revista
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Para viajar dentro de casa

Relatos de viagem para conhecer o mundo — especialmente quando pegar um avião se torna impraticável — e a si mesmo

Laura Capelhuchnik 29 de Março de 2020

  • 1

    “O Livro do Mar”

    Morten Strøksnes, 422 págs., Âyiné
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    Baseado em uma história real de quando o jornalista norueguês Morten Strøksnes e seu amigo Hugo Aasjord, artista e marinheiro, partiram em um pequeno bote com o objetivo de caçar um temido monstro habitante dos fiordes na Ilha de Skrova, na Noruega. Segundo a lenda, o tubarão boreal, também conhecido como tubarão-da-groenlândia, mora nas profundezas polares e é capaz de viver por 500 anos. 

    Nessa história de pescador, Strøksnes examina a natureza e o mar pela perspectiva da ciência, da poesia e da mitologia. Também reflete sobre a capacidade do homem de mapear o mundo, navegar no espaço e, ainda assim, continuar obcecado pelo mito do monstro nas profundezas do oceano. Uma viagem pelas expedições marítimas, com criaturas marinhas e os medos e mistérios que ainda hoje o oceano desperta. 

  • 2

    “Os Prazeres da Solidão”

    Stephanie Rosenbloom, 308 págs., Rocco
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    Quatro estações, quatro cidades: Paris, Istambul, Florença e Nova York. A escritora americana Stephanie Rosenbloom, colunista de viagem do New York Times, relata como é desbravar essas rotas contando apenas com a própria companhia. E mostra como viajar sozinho pode mudar sua percepção de um lugar, seja ele desconhecido ou não. Além de descrever as cidades e dar dicas aos viajantes, reúne pequenas reflexões sobre a solidão com o apoio de trabalhos de poetas, músicos, filósofos, cientistas sociais e artistas que falam sobre os significados de estar sozinho. Jantar sem companhia pode ser bom, segundo a autora.

  • 3

    “Sobre Homens e Montanhas”

    Jon Krakauer, 216 págs., Companhia das Letras
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    Nesta coletânea de artigos e reportagens, reeditada em 2019, o americano Jon Krakauer, autor de “No Ar Rarefeito” e do clássico aventureiro “Na Natureza Selvagem”, se debruça sobre o fascínio que mobiliza praticantes de escalada e montanhismo. O monte McKinley, no Alasca, é um dos ambientes mais inóspitos do planeta e, mesmo assim, cerca de 300 pessoas por ano se aventuram a explorá-lo. No livro, Krakauer percorre paisagens do Himalaia ao Alasca investigando a trajetória de quem escala cachoeiras e se arrisca em paredes de gelo e de rocha pelo mundo, “como se procurasse voluntariamente a morte”. Um livro para quem quer entender as motivações e as estratégias de sobrevivência dos amantes das montanhas.

  • 4

    “Instruções para montar mapas, cidades e quebra-cabeças”

    Flávia Péret, 208 págs., Guayabo
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    Uma espécie de anti-guia da cidade de Buenos Aires. O livro reúne contos baseados na passagem da escritora mineira Flávia Péret pela capital argentina e o contato com pessoas de todas as classes, em especial os trabalhadores portenhos, e suas memórias. Os textos recriam uma cidade que nada tem a ver com tradicionais percursos turísticos. E falam sobre os motivos pelos quais as pessoas se deslocam e mudam as paisagens. A autora também faz reflexões sobre a ditadura militar no país  (1976-1983) e a luta para que os crimes cometidos durante o período não sejam apagados da memória argentina. As “instruções” do título são, na verdade, uma constatação irônica de que é impossível compreender um lugar em sua totalidade.

  • 5

    “Uma Noite com Sabrina Love”

    Pedro Mairal, 160 págs., Todavia
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    O romance de estreia do autor argentino Pedro Mairal é um road movie. O protagonista, Daniel Montero, é um adolescente do interior do país que ganha um sorteio em um programa de televisão de uma atriz pornô, Sabrina Love, e é premiado com a chance de passar a noite com ela. Daniel deixa sua cidade e embarca pelas estradas argentinas, de carona, com destino a Buenos Aires. A viagem é também um processo de amadurecimento em que Montero descobre o sexo, o amor, a hipocrisia humana e os desafios de transitar por uma grande capital.

    Pelo livro, Mairal foi vencedor do concurso de literatura do jornal Clarín e ganhou projeção fora da Argentina. Em 2000, teve sua obra adaptada para o cinema sob direção de Alejandro Agresti.

  • 6

    “100 Vistas de Tóquio”

    Shinji Tsuchimochi, 128 págs., Estação Liberdade
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    Um guia afetivo e visual da capital japonesa, feito pelo ilustrador japonês Shinji Tsuchimochi. Ele dá novas cores a ruas, ladeiras, pontes e estabelecimentos importantes da cidade por meio das próprias lembranças. A Tóquio que Tsuchimochi  recria tem paisagens habitadas por seres fantásticos do folclore japonês e mapas com roteiros dos lugares por onde passa.

    O livro é inspirado na série de xilogravuras “100 vistas de Edo”, que mostra a antiga cidade onde hoje é Tóquio, no século 18. A obra é uma das mais conhecidas da escola artística ukiyo-e, que retratava majoritariamente cenários urbanos e foi muito popular no Japão durante o período Edo (1603-1868).

  • 7

    Um outro Brooklyn

    Jacqueline Woodson, 120 págs., Todavia
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    Um romance sobre a amizade entre quatro jovens mulheres, em Nova York, que tem início na década de 1970. Depois de reencontrar uma antiga amiga, a antropóloga Augusta é transportada para a memória dos seus oito anos, em 1973, quando se mudou para a região da cidade que agregava populações de imigrantes de todo o mundo e uma dinâmica comunidade afro-americana, muito antes de virar reduto dos hipsters. Uma viagem no tempo, no lugar e nos afetos, que traz de volta o olhar da protagonista para o bairro da infância, um lugar em que garotas bonitas e talentosas eram capazes de vislumbrar um grande futuro. Um cenário bastante contrastante com o que há por trás dessa narrativa esperançosa: ruas perigosas, perseguição e gente desaparecida.

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