Coluna da Fernanda Torres: Que história, Brasil! — Gama Revista
COLUNA

Maria Ribeiro

Que história, Brasil!

Estamos todos, há dias, morando na última edição do Globo de Ouro, vendo e revendo nossa cidadania, nossa possibilidade de estar no mundo, nossa capacidade de acreditar na vida

08 de Janeiro de 2025

É claro que não há outro assunto. Nem para mim, nem para você e nem para quem acha que ser artista nunca foi profissão. Estamos todos, há dias, morando na última edição do Globo de Ouro, vendo e revendo o vídeo da Fernanda Torres recebendo o prêmio da Viola Davis. Vendo e revendo nossa cidadania, nossa possibilidade de estar no mundo, nossa capacidade de acreditar na vida.

Quer dizer então que ela “presta”? Que dá, sim, para sonhar com o amor, com a justiça, com a democracia? Que não precisamos organizar nossa história com escudos? Nos protegendo de gostar, de fazer planos e, muitas vezes, até de tentar?

É, comunidade, um roteiro é um roteiro. Socorro, que delícia. Que susto bom! Tinha esquecido como era ganhar um presente inesperado, ser feliz, assim, meio menina, torcedora de time. Tinha esquecido, juro.

Ao mesmo tempo, diretamente do segundo round da existência e já tendo recebido algumas voadoras, sempre penso que talvez fosse mais seguro conter a euforia. Será que sigo comemorando? Ou volto ao estado de todos os dias, de alerta e defesa?

Vai levar tempo para a gente elaborar o quanto essa vitória significa, e em quais camadas da bandeira um filme pode ser capaz de chegar

Quando algo extraordinário assim acontece – uma atriz brasileira ganhar um reconhecimento desses, em um país que sabe o poder do cinema, exatamente 25 anos depois de sua mãe ter sido indicada ao prêmio na mesma categoria –, fica parecendo que tudo vai dar certo. Que a gente pode se atirar no futuro, ter fé nos encontros, tirar as roupas de luta.

E talvez a gente nem possa. Mas, quer saber? Eu que não sou boba de perder esse “vale alegria”. Essa reserva de ilusão, de afeto, de final feliz, de promessas de Ano Novo.

Como disse Fernanda Torres: “What a story, Walter!”. What a story, Brasil!

Vai levar tempo para a gente elaborar o quanto essa vitória significa, e em quais camadas da bandeira um filme pode ser capaz de chegar. Portanto, para as Fernandas, para os Rubens Paiva, para os nossos corações machucados e, principalmente, para a nossa nação em recuperação, a mensagem é uma só: de amor.

De amor.

Maria Ribeiro é atriz, mas também escreve livros e dirige documentários, além de falar muito do Domingos Oliveira. Entre seus trabalhos, destacam-se os filmes "Como Nossos Pais" (2017) e "Tropa de Elite" (2007), a peça "Pós-F" (2020), e o programa "Saia Justa" (2013-2016)

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões da Gama.

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