"Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; contudo as deformações e miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram." Se os sofrimentos desaparecessem, o que seria da arte? É o que pergunta o autor de "Vidas Secas" ao pintor Candido Portinari, em correspondência de 1946. Na carta, disponível no Correio IMS, acervo online organizado pelo instituto, Graciliano Ramos reflete sobre a produção de obras que observam a miséria, e que espécie de arte surgiria numa paisagem sem deformações. "Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também uns exploradores, tão perversos como os outros, quando expomos desgraças?", questiona o escritor, angustiado, a seu amigo.
Crônicas de Ana Paula Maia, Cidinha da Silva, Geovani Martins e Itamar Vieira Junior; filmes da atriz e diretora Helena Ignez e do cineasta Takumã Kuikuro; vídeos dos artistas Edgar e Leona Vingativa e do fotógrafo Marcelo Rocha; e uma apresentação musical da Família Ernest Dias estão entre os primeiro trabalhos do programa IMS Convida. O Instituto Moreira Salles concebeu o programa como uma forma de dar apoio à prática artística durante a quarentena. Cerca de 60 artistas e coletivos produziram obras inéditas que levaram em conta a pluralidade e a diversidade do Brasil, que serão publicadas diariamente na plataforma. Na lista estão ainda nomes como os rappers Brô MCs, o cartunista Angeli, o cineasta Karim Aïnouz, o fotógrafo Roger Cipó e o coletivo Slam das Minas.