Sabe festa boa, que dá vontade de ficar até a última nota musical ser emitida pela caixa de som ou até o primeiro raio de sol sair? O novo álbum da inglesa Jessie Ware, “What’s Your Pleasure” é capaz de levar a essa pista perfeita, ainda que neste momento ela não exista. Com um clima superdisco, faz viajar no tempo: ao ouvir a faixa que dá nome ao disco, teletransporta-se à 1979 de “Born to be Alive”, de Patrick Hernandez, mas com mais classe. A seguinte, “Ooh La La”, mistura o baixo disco com o sintetizador do início dos anos 1980. Incríveis vocais, ecos de Madonna aqui, de dance italiano ali, e um monte de citações de outros marcos da história do pop estão ali – é um prato cheíssimo e delicioso para caçadores de referências. A crítica pirou, é possível que aconteça o mesmo com você.
“Canto do Povo de um Lugar” foi produzido em 2016, mas só chegou ao Netflix na última semana. O timing é bom, o documentário é um elixir para quem sente falta de aglomeração, carnaval, alegria. Conta a história do que foi a revolução baiana iniciada nos anos 1980 quando nasceu o axé e que se seguiu pela década seguinte com o som da guitarrinha baiana, do rufo de tambores africanos, e as letras ora non-sense, ora cheias de referências vindas da África. Com entrevistas com músicos tão conhecidos como Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, e outros de bastidores, como produtores e compositores que escreveram a história junto às celebridades, o filme começa a narrar a história do axé desde as primeiras gravações de Luiz Caldas, com maravilhosas imagens de arquivo de programas de TV e de outros carnavais, que permitem apreciar, além da música, uma estética perdida.
Você já deve ter ouvido o assobio que abre balada “Wind of Change”, um hit da banda de hard rock alemã Scorpions. Ela foi um sucesso estrondoso no Brasil, é apontada como responsável por um baby boom na França no início dos anos 1990 e, segundo investigação do jornalista americano Patrick Radden Keef, pode ter sido também uma importante peça de propaganda política. A partir de uma pista dada por um ex-funcionário da CIA de que teria sido a agência americana de inteligência a verdadeira autora da música (e não o vocalista do Scorpions, Klaus Meine, dono da voz rouca), Keef passa a investigar a origem da música e apresenta essa história no podcast “Wind of Change”. A ideia é que a balada pop seria uma arma cultural para influenciar os países do bloco soviético depois da queda do muro de Berlim em 1990. No podcast, ele nos leva por sua investigação que vai de Washington D.C a Kiev, e que ouve de agentes aposentados da CIA, como a fascinante Jonna Mendez, viúva de Tony Mendez, retratado em “Argo”, 2012, a nomes envolvidos na cena roqueira dos anos 1990, como o empresário Doc McGhee, que conseguiu o feito de levar bandas americanas como Bon Jovi e Skid Row à União Soviética. (Isabelle Moreira Lima)
Para quem gosta de cinema, não é nenhuma novidade exaltar o diretor prodígio Orson Welles ou sua obra-prima “Cidadão Kane”, considerada por muitos um dos maiores filmes de todos os tempos. Embora trate da conturbada produção de “Kane”, “Mank”, novo longa de David Fincher, no entanto, prefere não enfocar a trajetória do cineasta, e sim a de seu roteirista James L. Mankiewicz. Baseado num roteiro antigo, escrito pelo pai de Fincher, o projeto praticamente já nasceu como postulante ao Oscar, tanto por seu tema centrado nas glórias e mazelas de Hollywood quanto pelo talento por trás e em frente às câmeras. E as reações iniciais positivas parecem ter vindo só para confirmar essa aposta. Capitaneado por Gary Oldman no papel-título, o elenco é um dos quesitos mais celebrados e conta com Tom Burke na pele de Welles, Charles Dance como o magnata da imprensa William Hearst — em quem Kane foi inspirado — e uma elogiadíssima Amanda Seyfried vivendo a atriz Marion Davies. Já em cartaz nos cinemas brasileiros, a produção da Netflix chega às telas do streaming no dia 4 de dezembro. (Leonardo Neiva)
Com os olhos profundos e os longos cabelos negros, ela trabalha sob risco de morte e já teve o coração partido inúmeras vezes: a artista sérvia Marina Abramovic — que ganhou notoriedade pop com a performance “The Artist is Present” (“A Artista Está Presente”), encenada pela primeira vez no Museu de Arte Moderna de Nova York em 2010 e com passagem pelo Brasil em 2015 — é conhecida por colocar o corpo e a própria vida à prova em seus trabalhos. Neste longo perfil publicado pelo site de design, arte e cultura It's Nice That, Abramovic discute o tema da mortalidade e fala de seu projeto mais recente, a ópera biográfica “The Seven Deaths of Maria Callas” (“As Sete Mortes de Maria Callas”), em que a vida e a obra das duas notórias artistas se fundem. (Guilherme Falcão)
O podcast Modus Operandi é feito para quem não deixa passar uma investigação criminal misteriosa ou narrativa de serial killer sequer. Com dois episódios por semana, as apresentadoras Mabê e Carol Moreira revisitam crimes emblemáticos no Brasil e no mundo e trazem para os ouvintes, além das histórias detalhadas, materiais de referência para quem quer se aprofundar nos temas: séries documentais já realizadas, reportagens e livros, entrevistas com profissionais que investigaram ou produziram conteúdos relacionados aos casos. Entre as histórias brasileiras já remontadas pela dupla estão o assassinato de Isabella Nardoni; o Caso Evandro, que deu origem ao podcast homônimo do jornalista Ivan Mizanzuk; e a história do Vampiro de Niterói, o assassino em série Marcelo Costa. (Laura Capelhuchnik)