Como driblar a positividade tóxica — Gama Revista

5 dicas

Como driblar a positividade tóxica

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Confira essas dicas para não cair no papo ‘good vibes’ e evitar suprimir sentimentos negativos — afinal, eles também são importantes

Manuela Stelzer e Dandara Franco 03 de Junho de 2021
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    Reconheça a importância das emoções negativas — elas são motor de crescimento –
    Ser feliz o tempo inteiro não vai levá-lo muito longe. A animação “Divertidamente” (2015) comprova essa tese. O filme é uma viagem para dentro da cabeça de Riley, onde vivem as cinco emoções humanas básicas: alegria, raiva, nojo, medo e tristeza. Perceba: das cinco, apenas uma é positiva. E a Alegria (em letra maiúscula por se tratar de um personagem na história) tenta suprimir todas as outras emoções, principalmente a Tristeza, para que a menina Riley fique sempre feliz. Aqui, um spoiler: é só quando a Riley fica triste e chora, ou seja, só quando a Alegria percebe que a Tristeza também é necessária, que as duas se unem para criar lembranças mistas, com memórias positivas e negativas que ficam instaladas no cérebro da garota, e que permitem que ela cresça e evolua. “A emoção de tristeza ali tem uma função, assim como a raiva, o medo. Todas elas têm importância”, afirma o psicólogo Yuri Busin.

  • 2

    Acolha sua própria tristeza e evite que ela se torne um monstro gigante –
    “Evitar o sofrimento é uma forma de sofrimento”, já diria o escritor americano Mark Manson em seu best-seller “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se” (Intrínseca, 2017). Adriana Drulla, mestre em psicologia positiva pela Universidade da Pensilvânia, relembra a teoria do urso branco, estudada pelos pesquisadores de Harvard Daniel Wegner e Daniel Schneider. No estudo, foi comprovado que quando somos proibidos de pensar em alguma coisa, seja no ex, na perda de alguém querido ou numa lembrança ruim e que causa dor, pensamos ainda mais sobre aquilo. “O cérebro cria um mecanismo para checar se estamos tendo sucesso em não pensar sobre o urso branco. Mas toda vez que checamos, introduzimos o urso branco no pensamento. É o mesmo mecanismo no caso do sofrimento.” Outra pesquisa, realizada em 2018 com um grupo de mais de 1,3 mil adultos, comprovou que pessoas que evitam emoções negativas acabam se sentindo pior do que aquelas que se permitem ficar tristes. Por isso, se a tristeza chegar, o melhor caminho talvez seja não fugir dela. Drulla diz que, por mais que o desconforto seja difícil, precisamos abrir a porta para ele — e não simplesmente jogá-lo para debaixo do tapete.

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    Faça um balanço: às vezes, é importante ser otimista –
    “Pensar positivo também é importante”, pondera o psicólogo Yuri Busin. Há uma diferença entre o positivo tóxico e a positividade que faz sentido. De acordo com ele, ser otimista não é uma característica ruim, mas não deve extrapolar o limite do sentimento do outro e o próprio, ignorando a emoção negativa. Drulla reafirma: “A positividade pode ser importante em um momento difícil, mas é necessário reconhecer a dificuldade”. Ela diz que, em casos de extrema tristeza, podemos e devemos nos presentear com momentos de alegria, como ver um filme água com açúcar, dar risada, pedir a comida predileta. A ideia não é fingir que as emoções negativas não existem, mas também não se entregar às ruminações. “É não ignorá-las, mas aprender a lidar com elas”, completa Busin.

  • 4

    ‘Vai ficar tudo bem’ não pode ser a resposta padrão –
    Frases como “veja o lado bom” ou “vai ficar tudo bem” podem não ser os melhores clichês na hora de dar conselhos. Ao jornal The Washington Post, uma psicóloga clínica de um hospital em Boston disse que expressões como essas, ditas em situações de tragédia como falta de moradia, insegurança alimentar, doenças ou injustiça racial são como “negar um sentimento real de desespero e desesperança” e que servem apenas “para alienar e isolar aqueles que estão lutando”. Fica o lembrete de que talvez não exista um lado bom para todas as realidades, e que mesmo que fique tudo bem em algum ponto, no momento presente ainda naõ está. Não compre a ilusão de que o sofrimento é sempre uma questão de ponto de vista.

  • 5

    Edite o seu feed para excluir as Polianas tóxicas –
    No universo online, é muito fácil se deparar com publicações que esbanjam positividade tóxica. Se esse é o caso do seu feed do Instagram, é o momento ideal para uma limpa nos perfis que segue, e também para repensar quanto tempo passa nas redes. De acordo com Adriana Drulla, quanto mais tempo passamos online, mais facilmente acreditamos que tudo aquilo é real — quando não é. “Devemos lembrar que todo mundo sofre. A internet, vista de uma forma realista, é como a vitrine de um shopping”, explica Drulla. Ela diz também que essa dinâmica das redes torna difícil que alguém publique algo dizendo que está triste, quando errou ou falhou. Lembre-se de não acreditar em todo aquele papo de gratidão e energias positivas: “Todo mundo sofre, passa por momentos difíceis, têm defeitos”.

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