Famosos revelam as surpresas que marcaram suas vidas — Gama Revista
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Isabela Durão

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Depoimento

Surpresas que marcam para sempre

Boas ou ruins, uma lista de histórias surpreendentes

04 de Agosto de 2024

Surpresas que marcam para sempre

04 de Agosto de 2024
Isabela Durão

Boas ou ruins, uma lista de histórias surpreendentes

  • “Minha bolsa estourou no Uber com 34 semanas de gravidez”

    Tainá Müller, atriz e protagonista de “Bom Dia Verônica”, da Netflix

    “A maior surpresa da minha vida foi quando a minha bolsa estourou no Uber. Grávida de 34 semanas eu estava indo fazer um exame para ver como é que andava a coisa, porque eu já sentia dores, mas não sabia que estava parindo, era muito antes do tempo. No mesmo dia de manhã, o médico disse que não tinha nenhuma chance de eu ter um parto prematuro, que eu poderia parir com 40 semanas. Só que aí a dor persistiu, eu peguei um Uber para voltar e fazer outro exame. Ali estourou a bolsa e eu fui direto para a maternidade sem mala, as roupinhas não estavam lavadas. Foi totalmente surpreendente. Com certeza foi a surpresa mais marcante da minha vida.”

    (depoimento a Isabelle Moreira Lima)

  • “A aliança não serviu, o que, para mim, foi um sinal”

    Déia Freitas, podcaster, criadora do Não Inviabilize

    “Eu tinha 20 e poucos anos e trabalhava muito, chegava tarde, enfim. Um dia, no meu aniversário, cheguei em casa do trabalho e havia um clima estranho no ar. Lembro que eu estava muito cansada, suja, suada. Sabe quando você só quer tomar um banho e descansar um pouco? Mas tinha gente em casa e tudo estava bem esquisito. De repente, os meus familiares falaram que iam fazer um churrasco para comemorar o meu aniversário. Só que eu já não comia carne, então um churrasco em minha homenagem não fazia nem sentido. Logo, o meu namorado da época chegou carregando uma sacolinha e começou a fazer um discurso. Aí eu, toda suja, cansada, pensei: ‘Ai, meu Deus, o que ele vai falar?’. No meio do discurso, ele tirou uma caixinha de aliança e me pediu em casamento. Toda a minha família estava sabendo da surpresa e, inclusive, emprestaram um anel meu para que ele comprasse a aliança do tamanho certo. Só que eles pegaram um anel que eu usava no dedinho, e aí a aliança não serviu, o que, para mim, foi um sinal. Na hora, fiquei tão constrangida que aceitei. Às vezes a gente fala: ‘Ah, eu no seu lugar não aceitaria’. E eu sou super a pessoa que não aceitaria, mas no momento fiquei tão sem jeito que aceitei, mas fiquei desconfortável o tempo todo. Enfim, foi um relacionamento que não deu certo.”(depoimento a Ana Elisa Faria)

  • “O pior é que eu não tinha contado para os meus pais sobre ele, até porque eles ainda não sabiam da minha orientação sexual”

    João Paulo Cajé, o @jotxiinha, criador de conteúdo digital

    “A surpresa que eu mais odiei foi quando um primo convidou o meu atual namorado, que, na época, era apenas um ficante, para o meu aniversário surpresa, onde estavam meus pais, amigos e alguns parentes. Nós tínhamos acabado de nos conhecer, não fazia sentido nenhum meu primo, que era o único que sabia dele, o convidar para essa festa surpresa. Além disso, ele morava há 40 minutos da minha casa, e a festa foi à noite. Foi complicado para ele voltar quando a festa acabou. Observação: ele morava em Alagoas e eu em Sergipe. O que divide os dois estados é um rio, e o único transporte para essa travessia era uma balsa. Fora que o porto onde a gente pegava a balsa não ficava dentro da cidade e, por ser no interior, não tinha motorista de aplicativo, ônibus, nada do tipo. Tivemos que levá-lo até lá. Mas o pior é que eu ainda não tinha contado para os meus pais sobre ele, ou sobre qualquer outra pessoa, até porque eles ainda não sabiam da minha orientação sexual. E a gente tinha acabado de se conhecer, né? Isso me deu mais raiva ainda. Ninguém o conhecia, ele ficou super deslocado. Depois ele me contou que só aceitou ir porque ficou com vergonha de negar. Acabou que fiquei com raiva dos dois, dele e do meu primo. Hoje entendo que a intenção de ambos era boa, mas na época tive raiva. Hoje em dia a gente namora, são mais de quatro anos de relacionamento, e meus pais, meus amigos e parentes sabem e apoiam. Eu odiei a surpresa não pelo aniversário, mas pela situação em que esse meu primo me colocou.”

    (depoimento a Ana Elisa Faria)

  • “A surpresa foi a certeza de que tem alguém olhando por mim. Eu só preciso ajudar o meu santo”

    João Paulo Cuenca, escritor

    “Há alguns anos, na saída de uma discoteca em Macau, fui defender uma moça de um agressor e arrumei uma briga. O sujeito sacou uma faca da cintura e aquilo virou uma confusão ainda maior porque ele fazia parte da máfia local. Pensei que já ia virar estampa de camisa, mas o manobrista de um hotel me puxou dali com força e me empurrou dentro de uma limusine preta. Era realmente uma limo daquelas compridas, com uma garrafa de champanhe aberta no gelo. Eu matei a garrafa enquanto o carro acelerava pra longe dali. A surpresa não foi a briga ou meu quase óbito, mas a certeza de que tem alguém olhando por mim. Eu só preciso ajudar um pouco o meu santo de vez em quando.

    Essa história está no meu livro de crônicas de viagem ‘Qualquer Lugar Menos Agora’” (Ed. Record, 2021)”

    (depoimento a Isabelle Moreira Lima)

  • “Arremessei o bolo nos meus primos. Virou uma gritaria”

    Cesar C., publicitário

    “Saí com a minha família no dia do meu aniversário. Na hora de voltar para a casa de uma tia, falei para o pessoal: vamos comprar um bolo e comemorar meu aniversário de forma bem simples. Aí metade do grupo foi para casa ‘descansar’, como eles disseram, e a outra foi comigo comprar um bolo de aniversário. Na hora que voltei com o bolo em mãos, todo mundo gritou ‘surpresa’ e começou a cantar parabéns. Fiquei muito puto. As pessoas ficaram rindo da minha expressão, alguns um pouco preocupados. Na segunda parte do parabéns, gritei: eu odiei, odeio surpresas! As pessoas começaram a rir de nervoso, o que me deixou tão puto de raiva que peguei o bolo que tinham comprado e arremessei nos meus primos, os responsáveis pela festa. Virou uma gritaria. Depois fiquei muito mal por ter estragado a festa e passei a tentar resolver o problema. Tentei ser amigo e divertir todo mundo. Até pedi para cantar parabéns de novo com o bolo que eu tinha comprado. Alguns estavam rindo de tristeza, outros entraram na história e alguns acreditaram que eu estava bem mesmo. Quando levei isso para a terapia, entendi que não gosto quando as coisas saem do controle, ainda mais quando são questões muito pessoais. Terem feito uma festa surpresa me deixou muito puto porque saiu do meu controle.”

    (depoimento a Leonardo Neiva)

  • “Meu pai ganhou na Mega-Sena quando eu tinha 15 anos e, querendo ou não, isso mudou bastante coisa”

    Bel Coelho, chef da Clandestina e do Cuia Café

    “Meu pai ganhou na Mega-Sena quando eu tinha 15 anos e, querendo ou não, isso mudou bastante coisa. Ele jogava toda semana, até perguntaram para ele, “nossa, Coelho
    (todo mundo chamava ele de Coelho) como é que você ganhou? Que loucura!”. E ele
    falava “Ué, eu jogava toda semana, precisa jogar para ganhar”. E aí ele ganhou! Foi um
    bolão com o escritório dele, no mercado financeiro, com todo mundo de todas as áreas, a
    faxineira, a secretária. A gente já tinha uma vida muito confortável, mas fez uma diferença, era bastante dinheiro na época. Mas, enfim, também dizem que é um dinheiro meio maldito, e depois de um ano ele descobriu que tinha câncer, e aí veio a falecer depois de três anos. Acho que pode não ter nada a ver, claro. Mas, dizem isso, né? Que dinheiro de loteria é um dinheiro maldito.” (depoimento a Isabelle Moreira Lima)

  • “Fui colocada num blind date sem nem saber”

    Vanessa, radialista

    “Quando eu estava na faculdade, cursei um semestre de fotografia e precisava fazer um trabalho com fotos sobre comunicação. Escolhemos o zoológico. Fomos eu, minha amiga e o namorado dela. Só que, quando chegamos, um outro amigo dela também estava lá. Achei estranho, o que aquele cara estava fazendo ali? Aí ela me puxou de lado e contou que ele gostava de mim. Então fui colocada num blind date sem nem saber, enquanto fazia um trabalho da faculdade. Toda vez que acontece uma situação assim, tenho a sensação de viver um imprevisto, e aí você tem que improvisar, mas sem o tempo necessário para agir corretamente. É a sensação de ser julgado, constrangido, fazer algo de que você talvez se arrependa. Ficou uma situação meio esquisita, porque em todo lugar que a gente ia o amigo estava. Ele saiu nas fotos e teve uma hora que até comprou churros para mim. Minha amiga ficava incentivando: olha como ele é cavalheiro, te deu um guardanapo… umas coisas muito bestas. Tratei ele normal, mas obviamente não aconteceu nada. Depois de um tempo, ele sumiu.”

    (depoimento a Leonardo Neiva)

  • “Não é um jogo do Corinthians, é muito melhor! É Disney On Ice!”

    Marina Galesso, estudante

    “Eu tinha 9 anos. Sou corintiana e na época o time estava na série B. Minha família falou que iríamos assistir um jogo do Corinthians. Eu estava muito animada, seria meu primeiro jogo no estádio. Então contei para meu amigo na escola, também corintiano, que finalmente iria assistir o time ao vivo. Esse meu amigo discutiu comigo dizendo que não tinha jogo naquele dia, ele argumentava que não tinha nenhum jogo da série B. Mas fui firme, eu iria sim ao jogo do Corinthians. Chegou o dia. Fiquei chateada que minha família não comprou uma camiseta do Corinthians para mim, algo que eu sempre quis, mas tudo bem. Atravessamos a cidade, porque moro longe, porém chegamos num estádio que não era o Itaquerão e não havia torcida nenhuma. Minha família grita: ‘Parabéns! Surpresa! Não é um jogo do Corinthians, é muito melhor! É Disney On Ice!”. Acontece que eu fui uma criança que não gostava de coisas consideradas ‘femininas’. Então eu definitivamente não gosto de patinação no gelo. E eu estava muito animada para assistir o jogo do Corinthians. Fiquei muito chateada. Minha família achou que seria uma grande surpresa, um grande mousse, um upgrade em relação ao jogo, mas não. Foi um total flop e ainda por cima até hoje não fui em um jogo do Corinthians.” (depoimento a Emilly Gondim)

  • “Ressignifiquei totalmente meu estilo de vida e minha forma de olhar o mundo”

    Quércia Andrade, Co-CEO da ATENAS.ag

    “A maior surpresa da minha vida foi em 2022, quando recebi o resultado do meu exame, onde tinha sido detectado um tumor cerebral. Naquele momento, meu “chão caiu” e após o procedimento de retirada, eu ressignifiquei totalmente meu estilo de vida e minha forma de olhar o mundo, buscando cada vez mais meu autoconhecimento e propósito de vida. Esse diagnóstico me fez perceber a fragilidade da vida e a importância de valorizar cada momento. Passei a dar mais atenção à minha saúde mental, dedicando tempo às coisas que realmente importam. A partir dessa experiência, redescobri minha força interior e o poder da resiliência, transformando cada desafio em uma oportunidade de crescimento pessoal.” (depoimento a Amauri Terto)

  • “Fiquei em um hotel cinco estrelas na Coréia por conta de um ciclone”

    Aline Gabriela, fisioterapeuta e cocriadora do @como.todo.mundo

    “Não foi uma surpresa de alguém ter preparado para mim, mas foi a melhor surpresa da minha vida. Quando eu fui para o Japão, o voo ia parar diretamente em Tóquio. Por conta de um ciclone naquela região, tivemos uma parada de emergência na Coreia. Tive que passar um dia na Coreia passeando, uma noite em um hotel cinco estrelas maior do que qualquer apartamento que eu já tenha morado na minha vida, tudo por conta da companhia aérea. Foi sensacional! Uma surpresa incrível ter conhecido um país e ter me hospedado bem bacana por conta de um ciclone. Foi algo dos deuses.” (depoimento a Luara Calvi Anic)

  • “Uma surpresa muito infeliz quase me leva a morte e acabou virando o começo de um renascimento”

    Sebastian, integrante da banda Francisco, El Hombre

    “Foi uma surpresa muito infeliz que quase me leva a morte e que acabou virando o começo do que eu considero ser um renascimento, fazendo jus ao mote popular ‘há males que vem para o bem’. Me lembro de quando em 15 de Janeiro de 2015, em uma de nossas primeiras andanças pela América do Sul, a minha banda Francisco, El hombre (até então um simples projeto de amigos que viajavam estrada afora tocando música a troca de hospedagem e alimentação) quando nossa nave mãe (o velho carro abarrotado em que viajávamos) foi abordado a mão armada por quatro homens que me golpearam e derrubaram ao chão e por último pressionaram uma arma na minha cabeça e dispararam — nunca esquecerei o inconfundível barulho metálico do apertar do gatilho — e me deixaram no chão, atônito mas vivo pois do tiro nenhuma bala saiu, teria sido uma ameaça apenas ou uma falha da pistola, jamais saberei. Ainda no chão, me lembro bem de ver nosso carro indo embora e com ele os homens armados levando toda nossa vida material, nossos instrumentos, documentos e pertences, e me levantar, empoeirado e possuído por uma tremedeira existencial — em completo choque — e imediatamente ser acometido pelo maior sorriso que já tive até então na vida e lágrimas que choveram feito cachoeira na cheia, pois percebi então que estava vivo e que não havia nada mais especial e precioso do que estar vivo. Cito essa supresa como a mais marcante da vida pois, apesar de ser um grande infortúnio, ganhei a coisa mais preciosa que se pode ganhar que é a percepção do valor do estar aqui e agora e, com isso, alcancei uma compreensão da felicidade para além do que jamais algum dia havia sentido.
E a partir de então começou uma bola de neve de eventos um mais surpreendente que o outro: a banda que até então passava o chapéu na praça começou a ser procurada por jornalistas e aparecemos nas rádios, jornais e programas de TV da Argentina, do Brasil, do Uruguai e do Chile, e passamos a ser validados publicamente como uma banda “de verdade”. E assim começou-se a espalhar nossa música e nossa mensagem. Os shows começaram a crescer e conseguimos juntar o dinheiro para gravar nosso primeiro disco, com o qual acabamos sendo nominados para o Grammy Latino e passamos a nos apresentar em mega festivais internacionais pelo Brasil e por diversos países do mundo.

    Não foi tudo que começou naquele assalto de 2015, mas foi com certeza um agente catalisador da maior transformação de minha vida.”

  • “Descobri que estava grávida e organizaram uma festa surpresa pra mim na minha casa. Eu tinha uns 24 anos, estava exausta e ninguém ia embora!”

    Camila Fremder, podcaster e escritora