Como responder as perguntas das crianças sobre sexo — Gama Revista
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Isabela Durão

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5 dicas

Como responder as perguntas das crianças sobre sexo

Com o maior acesso à internet, as dúvidas infantis sobre sexualidade estão surgindo cada vez cedo. Não seja pego de surpresa e saiba como estabelecer um canal de diálogo livre com seu filho

Dolores Orosco 12 de Novembro de 2023

Como responder as perguntas das crianças sobre sexo

Dolores Orosco 12 de Novembro de 2023
Isabela Durão

Com o maior acesso à internet, as dúvidas infantis sobre sexualidade estão surgindo cada vez cedo. Não seja pego de surpresa e saiba como estabelecer um canal de diálogo livre com seu filho

  • 1

    Seja lúdico, mas não minta –
    “De onde vem os bebês?”. A pergunta costuma pegar os pais de surpresa e é o ponto de partida para uma série de dúvidas e descobertas sobre sexualidade que vão surgir ao longo da infância. Portanto, estabeleça desde esse início um vínculo forte de confiança com seu filho. “Não diga que foi a cegonha ou um anjinho que trouxe o bebê, por menor que a criança seja. Ela vai desenhar essa imagem na cabeça e, mais tarde, descobrirá que os pais mentiram”, diz a bióloga Ivana Marques, autora do projeto de educação sexual “De Bem Comigo, De Bem com a Vida”.
    Claro que nesse primeiro momento, seria precoce se aprofundar no tema, falando em óvulo e espermatozóide. Mas a história da “sementinha que o papai colocou na mamãe” é lúdica e mais próxima da realidade. “Como essa explicação faz sentido, por um período ela será suficiente para a criança”, afirma a educadora sexual Rita Bueno. “O importante nessa fase das primeiras dúvidas é ser objetivo. Não adianta entrar em muitos detalhes, porque os pequenos nem entenderiam.”

  • 2

    Não fuja de nenhum tema –
    Mudar de assunto ou dizer que aquela “não é uma conversa de criança” é uma péssima maneira de reagir aos primeiros questionamentos infantis sobre sexualidade. “Fugir da pergunta passa a mensagem de que aquele é um tema velado, que não deve ser falado e que existe algo proibido em torno do sexo. Por mais que os pais tenham sido pegos de surpresa, não devem deixar a criança sem resposta”, explica Rita. “Uma saída é dizer: ‘olha filho, eu vou pesquisar e quando souber a resposta certinha te digo’. E retomar a conversa em um momento mais tranquilo e oportuno.”
    Também é importante ouvir a criança e dar credibilidade as suas dúvidas, como explica Marcos Ribeiro, autor do livro “Você Conversa com seu Filho Sobre Sexo?” (Editora Autêntica; R$ 49,65; 184 págs.). “Isso é essencial para que elas tenham um desenvolvimento sadio, num ambiente seguro. Quando a educação sexual começa desde cedo, é meio caminho andado para a prevenção da violência sexual.”

  • 3

    Antes de proibir, entenda a origem da pergunta –
    Seja por meio dos hits da música pop ou das dancinhas hipersexualizadas que viralizam nas redes sociais, está cada vez mais complicado controlar o acesso infantil aos conteúdos impróprios na internet. Se por acaso a criança repetir ou quiser saber o que significa um termo de duplo sentido ou um palavrão, reprimir não é o caminho. “Aproveite para conversar sobre o assunto. Pergunte o que ela achou e entendeu daquilo”, diz Rita. “Primeiro escute a criança ao invés de passar um sermão ou dizer que é feio e não pode. Às vezes, ela está fazendo uma leitura inocente e o adulto vai lá e despeja uma série de informações desnecessárias.”

    Demonstrar curiosidade sobre o que a criança está dizendo, também pode ser uma forma de explicar o assunto adequadamente. “Faça perguntas como: ‘o que você acha que isso significa?’. Isso vai ajudar a ter uma ideia de onde seu filho ouviu aquela informação e o que já tem de conhecimento sobre o ele e aí vai ser mais fácil elbaorar uma resposta”, completa Ivana.

  • 4

    Explique que algumas práticas são íntimas –
    Descobrir as primeiras noções de prazer sexual através do toque e de brincadeiras com os órgãos genitais é parte do processo de crescimento e não deve ser reprimido. Porém é preciso que a criança entenda que aquela prática deve acontecer em privacidade. “A hora do banho é um bom momento para explicar que algumas partes do nosso corpo são íntimas, apenas nossas. Por isso usamos roupas íntimas, como calcinha e cueca”, explica Rita. “Por isso não é legal ficar tocando na frente de outras pessoas.”
    Quando acontecer de a criança se tocar em público, nada de gritos como “tire a mão daí”. “Isso só vai constrangê-la. Vá mais na linha: ‘sei que é gostoso, mas lembra que a mamãe explicou que algumas partes são só nossas, que são íntimas?’”.

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    Diga que cada um tem seu jeito de namorar –
    Falar sobre orientação sexual com uma criança não deve ser nenhum bicho de sete cabeças. Assim como as outras dúvidas sobre sexualidade, as respostas devem ser simples e diretas. “Explique que as pessoas são diferentes e que, por isso, cada uma tem o seu jeito de namorar e querer ficar junto”, diz Marcos Ribeiro. “Pais heterossexuais devem explicar ao filho que nem todas as pessoas são como o papai ou a mamãe, mas que há casais como os ‘tios João e Luis’, por exemplo, que estão juntos e são felizes.”
    Se a criança for mais velha, com uma melhor compreensão, é possível acrescentar que orientação sexual não pode ser a medida para o julgamento de uma pessoa. “E mais importante do que ser hétero, homo ou bissexual, é ser capaz de viver a própria sexualidade de forma saudável, respeitando a si e ao outro”, completa o educador.