Em janeiro, NEIL YOUNG pediu que o Spotify tirasse seu catálogo de músicas do streaming como protesto contra a falta de posicionamento em relação ao podcast do conservador Joe Rogan, que espalha desinformação sobre vacinas e a covid-19 para milhões de ouvintes – a atitude foi seguida pela cantora Joni Mitchell. A empresa, que tem um contrato na casa dos US$ 100 milhões com o podcaster, resolveu manter o programa.

Os podcasts têm se tornado importantes MEIOS DE COMUNICAÇÃO NAS PERIFERIAS – nessas regiões, muitas vezes são distribuídos por grupos de Whatsapp e até colocados para tocar em botecos das comunidades. Há, por exemplo, o data_lábia, do Complexo da Maré, no Rio, que foca em questões sociais e ambientais em episódios como “Como nasce uma favela”, e o Manda Notícias, da Zona Sul de São Paulo, que comenta notícias e promove a cultura periférica.

“Penso em PODCASTERS COMO MEUS AMIGOS – e não estou sozinha.” Coluna do jornal britânico The Guardian conta como, principalmente em meio ao isolamento social imposto pela pandemia, a dinâmica entre ouvintes e podcasters pode se tornar uma espécie de amizade platônica (ou relação parassocial). A gene do podcast favorece essa lógica, já que oferece uma escuta muito íntima, com episódios que podem ser longos, muitas vezes com detalhes pessoais da vida do narrador, e há produções dos mais variados nichos.

O PODCAST DE CULTURA Como Começar?, do Nexo Jornal, introduz o ouvinte a grandes nomes ou movimentos da literatura, música e cinema. A cada episódio, o narrador mergulha em temas como ver cinema iraniano, ouvir Paul McCartney pós-Beatles e ler Gabriel García Márquez e depois indica o melhor caminho para conhecer a obra em questão.

Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez são os protagonistas da série “Only Murders in The Building” (2021), disponível no Star+, que acompanha três estranhos OBCECADOS COM PODCASTS DE TRUE CRIME. Quando um crime misterioso acontece no prédio em que vivem, eles usam o conhecimento obtido nos programas para investigar enquanto gravam um podcast para documentar as descobertas.

Déia Freitas, em entrevista ao podcast da Gama. Ela é responsável pelo Não Inviabilize, um dos podcasts mais ouvidos no Spotify, com mais de 32 milhões de reproduções. A ideia por trás é simples, mas infalível: contar casos reais que ela recebe por email em clima de fofoca. Divididos em quadros como “Picolé de Limão”, “Mico Meu” e “Amor nas Redes”, são casos de romances, traições, brigas, sustos, entre outros.

Podcasts que narram crimes são fenômeno nos EUA e têm ganhado cada vez mais adeptos no Brasil.

Tem crescido o número de PODCASTS PARA O PÚBLICO INFANTIL. O Coisa de Criança, um dos primeiros no meio, responde perguntas diversas  (“por que não tem neve no Brasil”, “o peixe-boi é peixe ou boi?”) em linguagem acessível e episódios cursos. Outros, como o Fafá Conta e o Conta pra Mim, focam em contação de histórias. Podem vir a calhar para entreter os pequenos em situações diversas.

“The Midnight Gospel” (2020), da Netflix, é uma animação psicodélica sobre um homem que apresenta um podcast espacial com entrevistados de diversos planetas e espécies sobre temas profundos como drogas, meditação, religião, morte e consciência. Produzida pelo criador de “Hora de Aventura” (2010), a série É UMA ADAPTAÇÃO DAS CONVERSAS DO PODCAST Family Hour, do comediante americano Duncan Trussell, que faz a voz do protagonista.

O PODCAST DE HUMOR POLÍTICO Medo e Delírio em Brasília tenta colocar alguma ordem nos acontecimentos absurdos do governo Bolsonaro. Análises satíricas e ácidas são entremeadas por notícias, trechos de falas, paródias e memes do momento em roteiros acelerados e muito criativos. Bom para se manter informado, rir e passar raiva, não necessariamente nesta ordem.