Qual é a sua fantasia?

“Carnaval não é ferias”

Gregório Duvivier, escritor, humorista e apresentador

“Vou de padre de festa junina. Tem alguma coisa nesse personagem que resume um Brasil: um padre de araque, que se diz ortodoxo mas a igreja ortodoxa desconhece, um candidato de araque, e o melhor: desmascarado em rede nacional por Soraya Thronicke. Naquele momento já antevi a fantasia perfeita. ‘Ah, mas é quente’, dirão. Sim, fantasia de Carnaval boa é quente. Carnaval não é férias.”

“Não quero usar máscara; quero deixar sonhos e vida transparentes”

Janaína Rueda, chef e empresária

“Fantasia é para a gente poder brincar, se divertir e ser quem a gente sonha ser dentro de um tema ou de um conceito que a gente ache que pode ser bom, bom pra realizar sonhos. É como se fosse um dia de sonho, que você vai realizar. Neste ano, esse tema maior é ‘sem máscara’, uma fantasia mais transparente. Está na hora de caírem as máscaras, as fantasias virão muito mais fortes que elas: você ter a fantasia do que você quer, assumir seu corpo como está e fazer o que quer fazer. Neste ano, eu saio na coroa da Vai-Vai, em São Paulo, no abre-alas, com uma fantasia linda, com muita pedraria, muita coisa bonita. O que eu não quero é usar nenhum tipo de máscara; quero deixar histórias, sonhos e vida muito transparente.”

“Minha fantasia de Carnaval é ficar mais desconectada do mundo e mais ligada no presente”

Maeve Jinkings, atriz

“Adoro fantasias de seres imaginários”

Fernando Luna, jornalista e colunista da Gama

“Vou de petista infliltrado, porque adoro fantasias de seres imaginários como boitatá, pé grande e esquerdista disfarçado de bolsonarista!”

“A melhor fantasia é aquela que te desnuda”

Maria Homem, psicanalista e colunista da Gama

“A melhor fantasia, eu diria, é aquela que te desnuda. É aquela que, paradoxalmente, revela quem é você ou qual é a sua fantasia inconsciente. Nunca é uma fantasia aleatória. Claro, pode ser um clichezão, e aí você está na indústria cultural de massa: revela que você precisa se colocar dentro do que se espera do olhar majoritário e idealizante da cultura que vive. Se é uma fantasia mais autoral, mais singular, mais específica, ela também vai mostrar um traço, mesmo que seja por uma via do humor, do trágico, do drama, do irônico – algo que mostra uma posição subjetiva. Temos uma história famosa de um analista francês, renomado, com livros publicados, e que fez uma festa fantasia de analistas – veja só, que coisa mais curiosa. E ele foi de Marie Antoinette. Chegou lá com um vestido enorme, rosto branco, maquiagem, Maria Antonieta na veia. Foi uma sensação, tanto que décadas depois estou aqui narrando essa pequena história. É preciso muita coragem e muita análise pra dizer: sou isso, gozo com isso, revelo isso, me expresso assim. E ainda colocar na roda. Então, desejo que neste Carnaval todo mundo possa exercer sua fantasia. E até conhecer um pouco mais dela, poder brincar com ela. Afinal, qual é a graça da festa, da vida e da festa que pode ser a vida, se não pra brincar com as nossas fantasias?”

“Uma fantasia para mostrar que o povo tabajara tem todo o apoio”

Helio de la Peña, ator, humorista e apresentador

“Quero me fantasiar de índio Tabajara. Aproveitando que o cacique Munduruku descancelou a fantasia. A fantasia constará de cocar, colares e uma camiseta das Organizações Tabajara [empresa fictícia criada pelo grupo de humor Casseta & Planeta] que têm sido injustamente atacadas. Quero deixar evidente aqui: as Organizações Tabajara sempre produziram artigos criativos que dão soluções inteligentes e baratas para os problemas do povão. É uma empresa brasileira na sua essência e por isso se identifica e homenageia este povo originário, como fez a Orquestra Tabajara. A associação feita a produtos de baixa qualidade nunca foi de responsabilidade nossa. Portanto, uma fantasia para mostrar que o povo tabajara tem todo o apoio das Organizações Tabajara. Em tempo, estamos desenvolvendo nosso próximo lançamento: o Kit Descanceleitor Tabajara.”

“Um Carnaval cibernético, ambulante”

Fausto Fawcett, cantor, compositor e escritor

“Tenho duas opções de fantasias. Na verdade, são armaduras nos tempos atuais. Uma é um teleprompter do Juízo Final. Um colete, uma calça cargo, um óculos de teleprompter com notícias sensacionalistas, catastróficas, fofocas idiotas para as pessoas lerem, rirem e ficarem nervosas ao mesmo tempo. A outra é uma fantasia Led Zeppelin. Ou seja, um drone com um led passando imagens de um zepelim, para sair de madrugada pegando os blocos noturnos e os incautos. O povo olhando para cima, sem entender nada. Um Carnaval cibernético, ambulante.”

“Minha fantasia é dar pano pra manga”

Tulipa Ruiz, cantora, compositora e ilustradora

“Minha fantasia neste Carnaval é dar pano pra manga para as subjetividades.”