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ReportagemQuer mudanças profissionais? Mostre mais o seu trabalho
Você sabe vender bem o seu peixe? Especialistas em recursos humanos, marca pessoal, carreira e inovação explicam como ser relevante na hora de fazer o próprio marketing profissional nas redes
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Quer mudanças profissionais? Mostre mais o seu trabalho
Você sabe vender bem o seu peixe? Especialistas em recursos humanos, marca pessoal, carreira e inovação explicam como ser relevante na hora de fazer o próprio marketing profissional nas redes
Dezembro é o mês oficial das retrospectivas, de lembrar dos fatos que abalaram o mundo e, introspectivamente, fazer um balanço da vida desde janeiro. Mas também é quando pegamos um binóculo para tentar enxergar um pedaço do futuro e planejar como será o próximo ano em várias áreas. E, na listinha do que mudar nos 12 meses que estão por vir, as intenções de melhorias no campo profissional estão sempre lá.
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Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, saber “se vender” pode abrir portas. Porém, dominar a arte da autopromoção e imprimir uma marca pessoal não são ações importantes apenas para quem está à procura de um emprego. São benéficas, da mesma forma, para empregados que desejam subir de posto, freelancers e profissionais liberais. Mostrar habilidades e realizações de forma objetiva e atraente é mais do que uma vantagem, muitas vezes trata-se de uma necessidade para se destacar em meio à multidão e conquistar novas oportunidades.
Se antigamente competências, experiências, conhecimentos, valores e adjetivos laborais ficavam restritos a algumas páginas do curriculum vitae do trabalhador, hoje as redes sociais servem como vitrines de currículos ambulantes.
No entanto, para estar ali e de fato se sobressair, é preciso de estratégia, equilíbrio, autenticidade, ponderação e, sobretudo, bom senso. Afinal, como diz o ditado: “Quem não é visto, não é lembrado”, mas se exibir em demasia pode não pegar bem.
Como, então, apresentar o que fazemos de maneira esperta? Gama ouviu especialistas em recursos humanos, personal branding, carreira e inovação para dar dicas de como ser relevante na hora de fazer o próprio marketing.
Autoconhecimento, objetivos e estratégia
A popularização das redes sociais trouxe uma demanda crescente para que profissionais estejam conectados. Autor do livro “A Marca Imita a Vida: Como Deixar a Sua Marca no Mundo”, André Carvalhal fala que esses meios de comunicação trazem grande visibilidade, projeção e engajamento, o que pode proporcionar uma série de ganhos benéficos para marcas e pessoas, mas enfatiza que não adianta usá-los de qualquer jeito. Ele ressalta que a presença online requer estratégia e uma conexão genuína com a audiência.
Se a gente não tem o mínimo de conhecimento sobre nós mesmos, como vamos nos colocar no mundo?
Vivian Lopes, estrategista de marcas pessoais e fundadora da VContent, acrescenta à fórmula o autoconhecimento. “A palavra acabou sendo um pouco banalizada, mas a verdade é que se a gente não tem o mínimo de conhecimento sobre nós mesmos, como vamos nos colocar no mundo?”, questiona. “Chegam inúmeras pessoas até mim pelo LinkedIn, às vezes pelo Instagram ou pelo site perguntando: ‘Como funciona o seu trabalho?’. E eu devolvo: ‘Qual é o seu objetivo?’. E ninguém sabe.”
A especialista comenta que sair postando tudo sem nem pensar e em qualquer rede, já que cada uma funciona de um jeito, pode ser mais uma perda de tempo do que um investimento na carreira. “É essencial saber com quem você quer conversar, sobre qual assunto quer falar, se quer vender algo, se quer uma parceria, se quer outro cargo”. A dica aqui, portanto, é: primeiro, saiba exatamente aonde almeja chegar e, depois, trace um plano para percorrer esse caminho.
Por outro lado, Elis dos Anjos, CEO e fundadora do Criamia, estúdio de design e inovação, pontua que a necessidade de estar nas redes depende da meta e do nicho de cada um. “Para algumas áreas, como a tecnologia, é indispensável. Já em mercados mais locais, como um vendedor de queijo em fazendas do interior, pode não ser tão necessário”, explica. “É uma escolha muito individual. Mas a tendência real para negócios de impacto nacional e internacional, é, infelizmente ou felizmente, estar nas redes sociais.”
Onde e como me mostrar?
A utilização dessas plataformas, entretanto, não precisa ser uniforme. Depende do setor, da geração que se pretende atingir, qual a profundidade das questões levantadas. Arquitetos, por exemplo, se dão melhor postando fotos dos seus projetos no Instagram, mas empresas voltadas à geração Z ficam mais perto do seu público-alvo no TikTok. O que não significa que um indivíduo especializado em conceber e executar obras arquitetônicas não possa fazer sucesso no LinkedIn, com reflexões interessantes. Nada disso é uma regra escrita em pedra. Há muitas variáveis envolvidas na lógica de cada rede e conhecê-las é fundamental. Além do mais, sabemos, os algoritmos mudam freneticamente.
Editamos e escolhemos aquilo que queremos comunicar
Na hora de vender o peixe, outra dúvida é costumeira: criar uma conta profissional ou postar sobre trabalho na pessoal? Segundo Carvalhal, nas redes sociais, podemos tudo. “Porque editamos e escolhemos aquilo que queremos comunicar”, frisa. Se quiser, é possível separar os dois temas, analisa. “Mas você pode usar o perfil de trabalho para personificar aquilo que você faz.”
Para ele, de uma forma ou de outra, todos deixamos uma impressão no mundo. “Todas as pessoas têm o que hoje se chama de marca pessoal. É aquilo que os outros reconhecem e se lembram da gente”, afirma. Essa imagem, conforme Carvalhal elucida, é criada a partir de tudo o que falamos, a forma como agimos, como nos comportamos, o conteúdo que compartilhamos, o que comentamos, a maneira como respondemos às pessoas, se respondemos.
“O que a gente faz cria uma resposta emocional nas pessoas. Então, o primeiro cuidado para qualquer um que use profissionalmente uma plataforma social é pensar estrategicamente no que quer comunicar, como quer comunicar e qual é o objetivo por trás”, sugere. Isso porque, de acordo com o autor, a imagem vai ser passada independentemente de ter sido planejada ou não.
Elis dos Anjos acrescenta que essa separação é uma decisão individual e depende do foco de cada profissional: “Meu perfil [o da pessoa física] mistura elementos pessoais e profissionais porque os valores da minha empresa estão alinhados as minhas crenças.”
Overposting e autopromoção sem base
Para evitar excessos ou erros, os especialistas recomendam certas precauções. Sabe aquele colega ou aquela amiga com tracinhos a perder de vista nos stories, com autoelogios profissionais, notícias, frases motivacionais de autoria duvidosa e selfies sem fim? Tudo junto e misturado? Não é de bom tom, caso a arroba em questão esteja sendo usada para angariar clientes ou atrair um futuro chefe.
“Se você posta demais, parece que não trabalha. Se só fala bem de si, vai parecer que você é um robô, que não é vulnerável. E a vulnerabilidade é importante porque não existe ser humano perfeito”, avalia Vivian Lopes, da VContent.
Sócia e co-CEO da Cia. de Talentos, Paula Esteves ressalta a importância de preparar bem a mensagem antes de publicá-la. “É importante validar habilidades e conquistas antes de compartilhá-las. Quantas vezes essa habilidade apareceu em contextos diferentes? Ela é percebida por outras pessoas como uma qualidade sua? Tal êxito foi conquistado sozinho? É essencial estruturar bem o que contar, trazendo indicadores ou métricas que ajudem a tangibilizar o que está sendo dito”, sinaliza.
Esteves acredita que as redes sociais podem ser úteis para mostrar realizações de maneira consistente. “Ao compartilhar suas conquistas em diferentes ocasiões, como palestras ou projetos, você chancela suas habilidades. Mas é preciso cuidado para não parecer apenas autopromoção, como se você fosse a melhor pessoa do mercado, sem nenhum defeito ou qualquer fragilidade.”
É preciso cuidado para não parecer apenas autopromoção, como se você fosse a melhor pessoa do mercado, sem defeito ou fragilidade
Ela adiciona um alerta: Evite postar conteúdos indiscriminadamente ou participar de polêmicas sem refletir sobre o impacto daquilo. O que publicamos vai refletir na reputação profissional que desejamos projetar. “Tem que tomar cuidado com as discussões que você participa, inclusive com o tom de voz usado, e o quanto elas ajudam ou atrapalham a sua imagem. Você pode usar [as redes] para alavancar ou também para ter uma conta cancelada”, adverte.
Outras formas de se colocar no mundo
Embora a era digital traga novas ferramentas que auxiliam o contato com muitas pessoas — de outras áreas e de diversos países —, o bom e velho networking presencial continua relevante. O convite para um cafezinho profissional ou para aquele almoço de negócios não saiu de moda.
“Não dá para morar só na internet. Participar de eventos e encontros amplia redes e oportunidades. Você não fica limitada a uma bolha. As bolhas servem para ser furadas”, destaca Vivian Lopes.
Relacionamentos reais e os olhos nos olhos são insubstituíveis. Paula Esteves reforça essa ideia: “O presencial cria memórias mais fortes e nos ajuda a nos conectar em um nível mais profundo. Pequenos gestos e conversas pessoais constroem laços que as interações online não conseguem se igualar”.
Outra tendência que merece atenção é o uso da inteligência artificial. A designer Elis dos Anjos, CEO da Criamia, aponta que ferramentas como o ChatGPT e o Gemini estão se tornando espaços de busca por profissionais. “Trabalhar o SEO [Search Engine Optimization, conjunto de técnicas para otimizar as buscas online] para essas plataformas é o próximo passo”, diz. Essa adaptação é uma parte da evolução da marca pessoal que, segundo ela, “é uma construção por toda a vida”.
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