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1
Qual é sua ideia de felicidade perfeita?
Domingo de sol, tempo fresco, café, um livro, meu gato dormindo ao meu lado.
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2
Qual é o seu maior medo?
Enlouquecer (demais, ou não o bastante).
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3
Que característica mais detesta em você?
Eu perco rápido demais o interesse pelas coisas.
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4
Que característica mais detesta nos outros?
Não gosto de gente que não é de verdade, que parece feita de plástico por dentro.
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5
Que pessoa viva você mais admira?
Vira e mexe me pego pensando em Tawy Zó'é, o indígena que carregou seu pai velho e doente nas costas por horas para que ele pudesse se vacinar contra a covid - atravessando a floresta, subindo e descendo morros, cruzando igarapés.
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6
Qual é a sua maior extravagância?
Compro livros como se eu fosse um Rockefeller (não recomendo).
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7
Qual é o seu estado mental atual?
Ando muito feliz e muito cansado. Mais feliz que cansado.
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8
Que virtude considera superestimada?
A coerência.
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9
Em que ocasião você mente?
Nunca, a não ser agora.
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10
O que menos gosta sobre sua aparência?
Gostaria de ser um palmo mais alto, mas aí teria que ter nascido de outra mãe.
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11
Que pessoa viva você mais despreza?
O joalheiro da Flórida.
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12
Que qualidade mais admira em um homem?
As mesmas que admiro em mulheres.
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13
Que qualidade mais admira em uma mulher?
As mesmas que admiro em homens, mas que são muito mais frequentes nas mulheres.
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14
De que palavras ou frases você abusa?
"É como se…"; "De certa forma…"; "Você já leu…?"
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15
O que ou quem é o maior amor da sua vida?
Meus pais.
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16
Quando e onde você foi mais feliz na vida?
Agora. Aqui.
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17
Que talento você mais gostaria de ter?
Gostaria de tocar piano como a Martha Argerich.
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18
Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?
Eu seria imune à ressaca.
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19
O que considera sua maior conquista?
Ter sido capaz de mudar de rota, depois seguir mudando.
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20
Se você morresse e voltasse como uma coisa ou uma pessoa, o que você gostaria de ser?
Eu gostaria de ser um músico tocando com a Nina Simone no Festival do Harlem de 1969.
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21
Onde você mais gostaria de morar?
Em uma casa grande, silenciosa e ensolarada, cercada de mato, mas que também fosse no meio de uma grande cidade.
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22
Qual é o seu pertence mais estimado?
Um relógio de bolso que ganhei de meu avô. Ele o usou por uns 60 anos. Recentemente ele me deu esse relógio de presente. Já não funciona mais, mas segue pendurado na parede da minha sala.
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23
O que você considera o nível mais baixo da desgraça?
Devastar um país, semear o ódio, depois fugir.
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24
Qual sua ocupação favorita?
Escritor e jardineiro. Citei duas porque são quase a mesma coisa.
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25
Qual sua característica mais marcante?
Falo muito e gosto de opinar sobre tudo.
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26
O que você mais valoriza em seus amigos?
Que me façam rir e que não me levem muito a sério.
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27
Quais os seus escritores favoritos?
Não sou bom com "favoritos". Hoje são Guimarães Rosa, Roland Barthes, Joan Didion. Mas depois serão outros.
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28
Quem é seu herói na ficção?
O personagem de "O elefante", poema do Drummond.
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29
Com qual figura histórica você mais se identifica?
Victor Klemperer, linguista judeu alemão que sobreviveu a Hitler e manteve um diário secreto em que documentava como o nazismo penetrava na língua e na consciência alemãs.
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30
Quem são seus heróis na vida real?
As profissionais da enfermagem.
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31
Quais são seus nomes favoritos?
Nomes curtos que parecem apelidos: Théo, Luna, Lia.
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32
O que você mais detesta?
Ter a obrigação de fazer o que já não tem sentido para mim (me sinto jogando pingue-pongue com um cadáver).
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33
Qual seu grande arrependimento?
Não ter aprendido a cozinhar. A vida me cercou de ótimos cozinheiros, mas sou preguiçoso e indisciplinado.
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34
Como gostaria de morrer?
Muito velho, sem dores, de repente, numa terça à tarde qualquer, no meio de um cochilo depois do almoço.
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35
Qual é o seu lema?
Ter um lema pra vida parece coisa de coach ou de guru (o Proust não viveu pra ver a onda dos coachs e dos gurus de internet - sorte dele).
Doutor em sociologia pela Universidade de Michigan, professor na Fundação Getulio Vargas e autor do best-seller instantâneo “O Que É Meu” (2023, Editora Fósforo), o paulista José Henrique Bortoluci explora no novo livro as narrativas e histórias que aprendeu com o pai, que foi motorista de caminhão por 50 anos