Junta local vende orgânicos e produtos artesanais no Rio — Gama Revista
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Foto: Samuel Antonini

Feirinha badalada do Rio vai de cesta a mercadão

A Junta Local, atualmente entregando orgânicos e produtos artesanais a domicílio, agora tem espaço próprio para a realização de futuros eventos

Betina Neves 16 de Julho de 2021

Aproximar produtores e consumidores, conscientizar sobre o consumo de alimentos saudáveis e corretos, construir uma comunidade colaborativa para vender comida boa e variada a preço justo — sempre foi sob esses preceitos que a Junta Local, inciativa carioca que já organizou mais de 300 feiras com agricultores orgânicos e produtores artesanais no Rio de Janeiro (RJ) e conquistou uma clientela fiel que inclui chefs de cozinha badalados, funciona desde sua fundação. Na pandemia, a empresa seguiu seu norte e teve que encolher para depois expandir: primeiro encaixou seus produtos em cestas vendidas online, como atuou durante todo o período de isolamento, e agora ganha espaço próprio no Moinho Fluminense, construção história na Zona Portuária da cidade, onde espera voltar à ativa no pós-pandemia.

A Junta surgiu em 2014 inspirada em inciativas vistas no exterior, como a francesa “The Food Assembly”, com a intenção de criar elos mais humanos e sustentáveis dentro da cadeia alimentar. “Ainda estamos muito presos nas garras dos grandes varejistas, que escondem a cadeia nefasta que está por trás do que chega às prateleiras”, diz Bruno Negrão, um dos sócios. Negrão é uma das pessoas a frente do bar e restaurante Comuna, que foi point alternativo no bairro de Botafogo desde que abriu, em 2012, até o fechamento no início da pandemia (em abril deste ano voltou a funcionar dentro do hotel Selina, na Lapa). Ali começou a se conscientizar em relação à dificuldade de encontrar ingredientes de qualidade na cidade. “Focados unicamente no lucro, os supermercados privilegiam alimentos ultraprocessados e aqueles produzidos com agrotóxicos, e excluem o pequeno produtor. Nós criamos um modelo que o valoriza e o beneficia, cortando intermediários e reduzindo custos.”

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Foto: Samuel Antonini

Alguns dos produtores que trabalham com a Junta

Hoje, eles trabalham diretamente com mais de 140 fornecedores, a maioria do Sudeste, entre agricultores orgânicos e agroecológicos e pessoas que fazem pão, geleia, queijos, azeites, cervejas e compotas artesanais. As decisões em relação a logística e preços são discutidas diretamente com os produtores em assembleias frequentes. “Temos uma visão colaborativa e horizontal na forma de gerir a empresa”, diz Negrão. Atualmente, o produtor paga uma mensalidade associativa e uma comissão de 22% do valor da venda para a Junta.

A iniciativa é uma das muitas que surgiram nos últimos anos focadas em facilitar o acesso a alimentos orgânicos e fortalecer o consumo consciente. Assim como fazem o Instituto Feira Livre e o Instituto Chão, em São Paulo (SP), a Feira Fresca, em Belo Horizonte (MG), e o mercado Acolheita, também no Rio, há um posicionamento contundente em relação a denunciar os problemas das grandes corporações de supermercados e seguir princípios da economia solidária. Eles também apoiam causas como a diminuição da produção de lixo, a redução do consumo de carne e a valorização de atividades tradicionais. Para Negrão, projetos desse tipo têm um dever pedagógico: “repensar a relação com a comida, nosso gesto de consumo mais corriqueiro, é o básico para pra começar um processo de mudança mais profundo.”

Entre 280 e 320 pedidos semanais são entregues duas vezes por semana no Rio e em Niterói por meio do sistema Sacola da Junta. Quem compra pode criar uma cesta personalizada no site e incluir desde abobrinha e tomate até tofu, fubá de milho crioulo, kombucha, pão de fermentação natural, frango orgânico e comida para pets. Na sessão de hortifrúti, chama a atenção a variedade disponível: tem jiló, folhas de mostarda, pupunha in natura, broto de beterraba e ora-pro-nóbis. “Os supermercados criam um consumo pasteurizado: só oferecem coisas com os quais as pessoas já estão acostumadas para garantir a venda e não dão a oportunidade de conhecer coisas diferentes.”

Foto: Samuel Antonini

Nas feiras há desde produtos hortifrúti a pratos para comer na hora

Antes, a Junta organizava a logística de triagem e montagem das cestas em alguns pontos parceiros pela cidade. Com a ampliação da demanda e a necessidade de mais espaço, aproveitaram a oportunidade que surgiu de ocupar um dos galpões do Moinho no começo deste ano. Neste momento, estão arredando recursos por meio de financiamento coletivo para melhorar a infraestrutura de armazenamento e embalagem, comprar barracas de feira próprias e começar uma horta comunitária. O espaço também tem servido de apoio para o projeto social da Junta, que distribui quentinhas e age em parceria com o Chega Junto, voltado para pessoas refugiadas.

Em outubro, a primeira feira presencial depois da pandemia vai ser realizada no Moinho, que passará a sediar também oficinas e eventos culturais, além de abrigar pontos de venda de produtos de forma permanente. “Queremos criar uma estrutura que consiga democratizar cada vez mais o acesso a comida e informação”, diz Negrão. A saber: a feira também voltará aos locais onde funcionava antes, na Tijuca, na Gávea e em Botafogo, uma vez por mês em cada bairro.

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