Aprenda a lidar com um ciumento
Tem sido alvo de ciúmes? Veja algumas dicas para lidar com isso sem precisar se podar no dia a dia
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Desconstrua a ideia de que ciúme é prova de amor –
“Quem ama cuida”, diz um dos ditados favoritos dos ciumentos de plantão. De fato, a sociedade por muitas décadas e séculos parece ter sido mais compreensiva do que deveria com o ciúme. Livros, filmes e telenovelas também ajudaram a criar a ideia de que o ciúme é uma prova de amor e pode até ser algo bonitinho ou engraçado. Não que o sentimento seja incomum. Segundo a psicanalista Vera Iaconelli, todos nós sentimos ciúmes desde a infância, já que ele está fortemente conectado ao afeto. O problema não está no ciúme em si, mas em como lidamos com ele. “O ciúme revela insegurança em relação à pessoa ou objeto amado. A questão é quando a pessoa acredita que o sujeito lhe pertence e se acha no direito de maltratar, machucar, quebrar”, afirma Iaconelli. “Tanto não é prova de amor que, em alguns casos, pode vir acompanhado de muita violência.” -
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Tenha uma conversa franca –
A dica pode parecer óbvia, mas pouca gente demonstra coragem ou disposição para levar em frente: simplesmente abra um diálogo franco com o ciumento, explique sua posição e deixe claro o quanto aquilo está interferindo na relação. O conselho vale inclusive para pais que identificam comportamentos ciumentos nos filhos pequenos, seja por brinquedos, pela chegada do irmãozinho ou pela atenção materna/paterna, diz Iaconelli. Estabelecer um diálogo claro ajuda a criança a compreender que ela não pode ser o centro do universo e a criar desde cedo um vocabulário que facilite lidar com os próprios afetos, o que pode ter consequências positivas no futuro. “Elas começam a entender que a exclusividade nunca existiu e que isso não é ruim porque abre portas para que possam ter todos os amigos do mundo.” -
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Não torne um hábito se justificar por tudo –
Ao tratar com alguém que tem uma demonstração explosiva de ciúme, é normal tentar se explicar, justificar o ocorrido ou até pedir desculpas como forma de acalmar a pessoa. Em casos extremos, no entanto, essa está longe de ser a melhor maneira de agir. Da mesma forma, quando seu parceiro não gosta da roupa que você está usando ou de como se porta, é errado tentar mudar para agradá-lo, já que essas ações dão terreno para que a pessoa se aposse do corpo e do desejo do outro. “Vejo muitas mulheres que se dobram à história de que ciúme é amor e vão se culpabilizando cada vez mais. É uma cultura que pode levar ao abuso e até à morte sob a justificativa do amor”, alerta Iaconelli. Segundo a psicanalista, o ciúme é um problema de quem o sente, não do parceiro. Caso haja algum erro ou traição, pode ser melhor largar a pessoa do que intensificar o ciúme na relação. -
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Seja coerente –
Em casos de ciúme mais normalizado, assegurar o parceiro da confiança e lealdade dentro da relação é o ideal para garantir que as dúvidas desapareçam com o tempo. A psicóloga e terapeuta familiar Ana Rizzon recomenda que o alvo do sentimento deixe claro a importância daquele relacionamento para ele. Além disso, é essencial ser coerente com o que se diz e cumprir as promessas feitas. “Mentir, jogar, não cumprir combinados… isso é botar gasolina no fogo”, afirma. A profissional também recomenda conhecer melhor a história de vida do parceiro, que pode guardar os principais motivos para toda essa insegurança. As recomendações, no entanto, não valem para casos de ciúme patológico, que vão além do manejo conjugal. -
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Dependendo do caso, procure ajuda médica –
O ciúme é uma emoção normal e universal, que nasce da mistura do amor intenso com o medo intenso, diz Rizzon. Ele dá as caras quando surge uma ameaça de abandono, traição, concorrência ou confiança ferida. No entanto, quando descalibrada, a emoção pode virar um problema de saúde, transformando-se em ciúme patológico. “O ciumento interpreta a situação como ameaça à estabilidade de um relacionamento, muitas vezes sem qualquer evidência”, afirma Rizzon. Em casos extremos, o ciúme nos deixa em estado mental de luta pela sobrevivência, levando a comportamentos nocivos e que invadem a individualidade do parceiro. “Para casos graves, a psicoterapia é o tratamento aconselhável e é importante avaliar a necessidade do uso de medicação.”