Os álbuns de 2023 que não saíram dos headphones da Gama — Gama Revista

Os álbuns de 2023 que não saíram dos headphones da Gama

Samba, reggaeton, disco, rock: conheça o Top 10 dos lançamentos favoritos da equipe da revista neste ano que termina

26 de Dezembro de 2023

Ao longo de 2023, a redação da Gama se apaixonou pelos lançamentos de música e indicou o que mais gostou de ouvir na seção Achamos que Vale. Aqui, você tem a seleção dos álbuns que não saíram dos headphones da equipe neste ano, com um bônus track: a coluna de Fernando Luna sobre o álbum “Relicário: João Gilberto (ao vivo no Sesc)”, com gravação inédita dos anos 1980 do músico baiano.

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    Xande de Pilares traduz Caetano como nem o próprio faz

    Caetano chorou e disse que ficou “honrado, grato e encantado”. E assim ficamos todos que ouvimos o álbum “Xande canta Caetano”, que desde o seu lançamento não saiu do compartilhamento dos stories. Em dez faixas e 34 minutos, o sambista vai a Cuba para cantar Qualquer Coisa, e usa do samba mais elegante e gingado para “Lua de São Jorge” e para arrancar todas as lágrimas em “Gente”. Definitivo para público e crítica. (Isabelle Moreira Lima)

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    A nova fase de Ana Frango Elétrico

    Após o elogiado “Little Electric Chicken Fish” (2019), a artista passou alguns anos se aventurando na produção musical e agora lança seu terceiro álbum de estúdio. Em “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”, volta mais madura, com um disco tão íntimo quanto feroz. Passeando por décadas e estilos, traz baladas românticas e sensuais sobre sua vivência de amores não-binários. Nostálgico e atual na mesma medida, o álbum é uma mistura de groove-pop-disco-jazz que testa limites de gênero em todas as suas definições. (Isabela Durão)

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    Gal Costa por Filipe Catto

    Revisitar canções que fizeram história graças ao timbre cristalino e à personalidade de Gal Costa é um tanto arriscado, ainda mais quando se vive o luto por sua perda. Mas Filipe Catto faz isso com genialidade no álbum “Beleza São Coisas Acesas Por Dentro”. Artista trans e não-binária, Filipe ressignifica músicas como “Tigresa” e “Vaca Profana”, com emoção explícita na voz. “Nada Mais” é o ponto alto: o hit oitentista da fase “trilha de novela” de Gal foi convertido num baladão roqueiro de dilacerar corações mais sensíveis. (Dolores Orosco)

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    “Javelin”, o novo álbum de Sufjan Stevens

    Se você estava com saudades da melancolia do multi-instrumentista norte-americano, anime-se (ou chore de emoção): seu novo álbum é um retorno à sonoridade de “Carrie & Lowell”, disco de 2015 que o consagrou como um dos artistas mais interessantes de sua geração. Em “Javelin”, Stevens explora temas já conhecidos de sua discografia como amor, sofrimento e religião em dez faixas. (Daniel Vila Nova)

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    Jessie Ware, a incendiária

    Depois do “What’s Your Pleasure” (2020), a expectativa era alta sobre a nova aventura da cantora britânica. Mas eis que o momento chegou e Ware entrega novos hinos disco (“Begin Again”) e house (“Freak Me Now”), e se firma como um dos nomes mais quentes quando o assunto é pista. “That! Feels Good” talvez precise de mais de uma audição, mas depois cola como chiclete, com produção impecável e o instrumento certo na hora certa. Vale procurar as vozes de Roisin Murphy e de Kylie Minogue no hit que dá título ao álbum. (Isabelle Moreira Lima)

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    FBC e seu novo álbum (já) mítico

    Letras que exprimem o espírito do tempo (“não quero brigar por mensagem de aplicativo”, “qual a chance de eu te achar no Insta?”) em batidas modernas e saudosistas, e, de brinde, o retorno do saxofone com tudo na dance music fazem do novo álbum de FBC um dos melhores de 2023. É ouvir e viciar no minuto 1. “Químico Amor” é um desbunde, mas difícil dizer qual a melhor de “O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão nos Levar para Outro Planeta”. (Isabelle Moreira Lima)

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    O novo álbum de Bad Bunny

    Conhecido pela mistura festeira de reggaeton e trap, o rei latino do pop lança “Nadie Sabe Lo Que Va Pasar Mañana” e aposta numa pegada trip hop e letras mais densas. “Nadie Sabe”, que abre o álbum, traz um vocal seco e base composta por um piano na maior parte de seus seis minutos. “Vou 787” parte de um sample de “Vogue”, o clássico de Madonna, a quem o rapper porto-riquenho se compara na canção. No entanto, o coelhão ainda quer ver você dançar: “Fina” e “Cybertruck” têm tudo para fazer rebolar nas melhores pistas. (Dolores Orosco)

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    “Hackney Diamonds” dos Rolling Stones

    Os vocais de Mick Jagger seguem vigorosos, embora agora cantem sobre envelhecimento, mortalidade e missão de vida. O novo álbum é solar, com vários arranjos dançantes e letras celebrativas. Não tem como não se emocionar com “Sweet Sounds of Heaven”, que sugere: “Vamos deixar os velhos acreditarem que são jovens”. A faixa, aliás, tem participação de Stevie Wonder e Lady Gaga, que se juntam a um time de convidados estelares como Elton John e Paul McCartney. Entre os melhores álbuns da banda, sem exagero. (Dolores Orosco)

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    Feist em disco perfeito para o inverno

    O café da manhã dos dias mais frios do ano já tem trilha. São as 12 músicas que compõem “Multitudes”, o novo álbum da canadense Leslie Feist, que volta depois de seis anos. Talvez seja o álbum mais delicado da cantora, com tão pouca bateria e cantos tão suaves que levam à introspecção. São ecos de sua nova maternidade, uma vez que foi composto quando adotou a filha Tihui, durante a pandemia. (Isabelle Moreira Lima)

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    Os novos ares de André 3000

    Membro da lendária dupla de rap OutKast, André 3000 acaba de lançar seu primeiro álbum solo aos 48 anos. Mas “New Blue Sun” não é um disco de rap. Depois de anos colaborando com nomes como Beyoncé, Future e Kanye West, André oferece uma hora e meia de música instrumental minimalista, em que toca diversos instrumentos de sopro. Um prato cheio para rappers em busca de novos samples, ou para quem quer apenas relaxar e ouvir um pouco de flauta. (Isabela Durão)

Fundamental é mesmo o amor/ é impossível ser feliz sozinho

Semana passada fui ouvir João Gilberto cantar e tocar aqui em São Paulo.

Não acredito em vida após a morte nem em espírito a não ser de porco, mas boto fé no bruxo de Juazeiro.

E ele apareceu, folclore à parte, como quase sempre aparecia quando tava por aqui. Eu mesmo tive em seis apresentações dele, que fez a fineza de comparecer a todas.

(Já dividi a mesa com uma senhora que conhecia só o refrão de uma única canção do repertório do baiano. Quando chegou a hora, ela não perdeu a chance — se você disser que eu desafino, amor, saiba que nada se compara àquilo. A onomatopéia mais famosa do cancioneiro foi destroçada ao pé do meu ouvido: “Qüénnn, qüénn, qüem, qüéeem, qüemm”. Fiquei anos sem escutar “O Pato”.)

Dessa vez, porém, vieram apenas voz e violão — como se fosse justo escrever “apenas”, quando voz e violão são tudo.

Era o lançamento do álbum “Relicário: João Gilberto (ao vivo no Sesc)”, no mesmo teatro da Vila Mariana onde aconteceu em 5 de abril de 1998 o show agora remasterizado – além do som límpido, tem as inéditas em disco “Violão Amigo” e “Rei sem Coroa”.

Essa última foi uma das faixas pinçadas pra tocar nas caixas de som e apresentar a descoberta, criando um jogo de espelhos sonoro.

A plateia de hoje se juntou à plateia de 25 anos atrás nos aplausos, sobrepondo as palmas ao vivo às gravadas: João Gilberto deu um jeito de subverter o tempo mais uma vez — agora sem precisar sequer adiantar ou atrasar seu canto, marca registrada de sua reinvenção do samba.

Depois, deram play em “Eu Sei que Vou te Amar”. A turma de 2023 fez coro com João e as 645 pessoas presentes no show original.

Sei lá por quê, mas escutar uma música ao lado de outras pessoas é mais impressionante que sozinho no fone de ouvido — deve ter a ver com o fato de que “é impossível ser feliz sozinho”, como ensina Tom Jobim em “Wave”, uma das 36 faixas reunidas agora.

Vai ouvir tudo na plataforma digital do Sesc e diz se não é o achado arqueológico mais importante do país desde o crânio de Luzia.

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