O grupo de rock americano Grateful Dead já não brilha mais sobre os palcos, mas não deixou de mãos abanando sua legião de fãs de roupas coloridas, os "Deadheads", e os admiradores mais jovens que não alcançaram o tempo de vê-los ao vivo. Além da série de registros de shows históricos transmitidos em streaming durante a quarentena, o grupo que nasceu na Califórnia dos anos 1960 também lançou, este ano, duas edições comemorativas de trabalhos emblemáticos na sua trajetória. Depois do novo "Workingman’s Dead", agora é vez de "American Beauty", quinto álbum de estúdio -- e possivelmente o mais prestigiado -- ganhar uma versão remasterizada em ocasião de seu 50 aniversário. O trabalho vem acompanhado da gravação inédita de um show feito pela banda em 1971, em Port Chester, Nova York. Para os mais apegados, a peça está sendo comercializada em edições limitadas de vinil. Pelos mortais, ela pode ser apreciada na íntegra, em três discos, pelas plataformas de streaming. (Laura Capelhuchnick)
“Oh, a vida é maior, é maior que você, e você não sou eu. Até onde eu iria, a distância nos seus olhos. Oh, não, eu falei demais.” Você já deve ter ouvido esses versos antes, provavelmente em inglês. Eles abrem a canção “Losing My Religion”, um dos maiores sucessos da banda americana R.E.M. e foco de um episódio da nova série documental da Netflix, “Song Exploder”. Um hino da insegurança e da dúvida é como o vocalista Michael Stipe descreve a música, cuja gênese é destrinchada ao longo de pouco menos de meia hora. Inspirada num podcast de sucesso, a primeira temporada traz um hit por episódio, em que artistas contam em detalhes o processo de concepção e lançamento de uma de suas canções. Além do conhecido refrão do R.E.M., a série conta com Alicia Keys apresentando a recente “3 Hour Drive” e Lin-Manuel Miranda, que abre o processo de criação da música “Wait for It”, do musical “Hamilton”, concluindo com o rapper Ty Dolla $ign falando sobre a gênese de “LA”. (Leonardo Neiva)
O amor explicado pelo sol, o céu e o mar — a premissa antiga da lírica embala “Via Láctea”, novo single de Céu e Liniker, composto pela dupla em parceria com Anelis Assumpção. Unindo as vozes e estilos das duas cantoras em uma baladinha romântica, a canção chega às plataformas digitais acompanhada de um lyric video para quem quiser aprender a letra. O lançamento aproveita as vésperas da cerimônia de premiação do Grammy Latino, que acontece em 19 de novembro com Céu indicada em três categorias por seu último álbum, “Apká!” — Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, Melhor Canção em Língua Portuguesa e Melhor Álbum de Engenharia de Gravação. (Mariana Payno)
Se você convive com algum adolescente é certo que já ouviu falar sobre K-pop. Extremamente popular, o gênero musical sul-coreano também arregimentou seguidores no Brasil e ganha uma programação especial no final de semana do dia 23 ao dia 25 de outubro. É quando acontece o K-Expo Brasil, o maior festival de cultura coreana da América Latina. Organizado pelo Centro Cultural Coreano no Brasil, a quarta edição do festival será 100% online e conta com palestras sobre culinária coreana, turismo na Coreia, Taekwondo e é claro, muito K-pop. Os fãs do gênero musical ainda podem conferir uma apresentação exclusiva da banda SF9, feita especialmente para os fãs brasileiros. As atrações serão transmitidas no canal do YouTube do Centro Cultural Coreano de forma gratuita e a programação pode ser vista no Instagram deles. (Daniel Vilanova)
Quem acompanha de perto a família Gil sabe que Flor Gil, filha de Bela e neta de seu Gilberto, recentemente encantou plateias mundo afora ao subir com o avô nos palcos para um dueto de “Norte da Saudade - Goodbye My Girl”. Se na época da turnê do disco “OK OK OK”, no ano passado, os vídeos de ensaios e apresentações da dupla bombaram no Instagram, agora avô e neta apostam no lançamento de um EP, em que entoam outras duas canções juntos: “Refazenda” -- que Flor já tinha gravado para a abertura do programa de sua mãe, Bela Gil, no GNT -- e “Volare” -- que a pequena também já tinha cantado com Gil a convite da TV italiana uns meses atrás. Reunidas no pequeno álbum “Gil & Flor - De Avô para Neta”, as parcerias da dupla contam ainda com a participação de outros talentos da família: Bem, José e Nara, filhos de Gil e tios de Flor. Além do EP, já disponível nas plataformas digitais, o clã esbanja esse DNA musical no clipe de “Norte da Saudade - Goodbye My Girl”.
Ele reinventou a música aditiva, repensou o piano, reinventou a ópera, fez trilha sonora para documentários experimentais, filmes de Hollywood, inspirou e foi inspirado por David Bowie. Com um currículo desses, não é à toa que Philip Glass é considerado o compositor norte-americano mais importante do século 20. Esta edição do Escuta, podcast de música do Nexo Jornal, conta a história de Glass desde seus anos de formação e estudo, passando por suas influências em música Serialista e Indiana, seu diálogo com outros contemporâneos como John Cage e Steve Reich, até suas colaborações com cineastas, dramaturgos, e até com a companhia de dança brasileira Grupo Corpo.
Nascida para segurar o mundo sob sua língua, “You, at the End” (você, no final) é a peça central de “The Fifth Season”, novo álbum de Lafawndah, lançado no início de setembro. Trombone, tuba, ambiência e uma espacialidade surreal permeiam o disco, inserindo-o numa genealogia de músicos de vanguarda como Brigitte Fontaine e Scott Walker. A iminência cinematográfica de que algo pode acontecer a qualquer segundo é aguda ao longo de todo o disco, mas ainda mais urgente nesta faixa, que lembra a Bjork da era “Volta”, ao mesmo tempo em que conversa com a cantora britânica FKA Twigs e recorda alguma trilha sonora de um filme exibido na madrugada. Lafawndah (née Yasmin Dubois), metade egípcia, metade iraniana, cresceu em Paris, morou no México, passou parte da infância em Teerã e hoje costura referências do jazz de vanguarda, da música de câmara, do folk, da literatura (a canção é um poema da performer Kate Tempest musicado). Para os dias em que o isolamento bater mais forte.