Achamos que vale
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O poder do hard rock na Guerra Fria
Você já deve ter ouvido o assobio que abre balada “Wind of Change”, um hit da banda de hard rock alemã Scorpions. Ela foi um sucesso estrondoso no Brasil, é apontada como responsável por um baby boom na França no início dos anos 1990 e, segundo investigação do jornalista americano Patrick Radden Keef, pode ter sido também uma importante peça de propaganda política. A partir de uma pista dada por um ex-funcionário da CIA de que teria sido a agência americana de inteligência a verdadeira autora da música (e não o vocalista do Scorpions, Klaus Meine, dono da voz rouca), Keef passa a investigar a origem da música e apresenta essa história no podcast “Wind of Change”. A ideia é que a balada pop seria uma arma cultural para influenciar os países do bloco soviético depois da queda do muro de Berlim em 1990. No podcast, ele nos leva por sua investigação que vai de Washington D.C a Kiev, e que ouve de agentes aposentados da CIA, como a fascinante Jonna Mendez, viúva de Tony Mendez, retratado em “Argo”, 2012, a nomes envolvidos na cena roqueira dos anos 1990, como o empresário Doc McGhee, que conseguiu o feito de levar bandas americanas como Bon Jovi e Skid Row à União Soviética. (Isabelle Moreira Lima)
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Uma semana de cinema brasileiro
Uma adolescente trans e youtuber que precisa se adaptar à realidade e aos preconceitos de uma nova escola e o assassinato da vereadora Marielle Franco como inspiração de campanhas políticas de várias mulheres pretas pelo Brasil estão entre os destaques da tradicional Retrospectiva do Cinema Brasileiro do CineSesc, que chega à sua 21ª edição neste ano online e gratuita. “Alice Júnior” e “Sementes: Mulheres Pretas no Poder” estão entre os dez filmes da retrospectiva que ficarão em cartaz entre os dias 10 e 16 de dezembro e podem ser acessados no site da plataforma. Além disso, também haverá uma programação especial dedicada a curtas-metragens contemporâneos, exibidos ao longo de duas semanas, e uma retrospectiva da obra do grande cineasta Leon Hirszman, que permitirá rever alguns clássicos do nosso cinema como “Eles Não Usam Black-Tie” (1981) e “São Bernardo” (1972). (Leonardo Neiva)
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24 horas de puro teatro
Em uma ano atípico para atores e atrizes, a 16ª edição da Virada Cultural, que acontece nos dias 12 e 13 de dezembro, irá prestigiá-los como 2020 não foi capaz. Entre as mais de 400 atrações com o mote "tudo de arte, nada de aglomeração", estarão 27 espetáculos virtuais na série "Novas Formas, um Novo Teatro", com apresentações que fizeram sucesso ao longo do ano, como "(In)Justiça", da Companhia de Teatro Heliópolis; "Novos Normais – Sobre Sexo e Outros Desejos Pandêmicos", da Companhia Os Satyros; e “Siete Grande Hotel”, do Grupo Redimunho. A maratona, que vai das 18h de sábado até o mesmo horário no domingo, ainda conta com oito espetáculos presenciais, como "Mãe Fora da Caixa" e "Os Monólogos da Vagina", que irão seguir os protocolos de segurança relacionados à pandemia e que serão encenados em diferentes teatros da cidade. Além das artes cênicas, artistas como Criolo, Elba Ramalho, Gloria Groove, Arnaldo Antunes e Elza Soares terão seus shows gravados no Theatro Municipal, e transmitidos nos dias do evento. (Manuela Stelzer)
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O novo testamento em vertigem
Se o especial de fim de ano do Roberto Carlos anda ameaçado, o Porta dos Fundos pode oferecer um substituto à atração -- a única questão é que talvez não agrade à tradicional família brasileira. Depois do polêmico especial do ano passado, em que Jesus era gay, o coletivo de humor aposta em um tema mais leve para acalmar os ânimos, a política. Inspirado no documentário “Democracia em Vertigem” (2019), a produção "Teocracia em Vertigem” acompanha a vida de Jesus Cristo e os inimigos e aliados políticos que o filho de Deus fez ao longo dos seus 33 anos. Seguindo o estilo mockumentary, popularizado por séries como “The Office” e “Modern Family”, o especial está no canal do Porta dos Fundos. Além dos atores do Porta, como Gregório Duvivier, Fábio Porchat e Rafael Infante, o novo humorístico conta também com a participação da turma do Choque de Cultura. (Daniel Vila Nova)
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Os cem anos de Clarice Lispector
“Não posso fazer horóscopo porque há dúvidas: não se sabe se nasci em 23 de novembro ou 10 de dezembro. Nem em que hora. E foi num lugar que não figura no mapa: uma aldeia na Ucrânia.” Embora a vida e a obra de Clarice Lispector tenham sido esmiuçadas por biógrafos e pesquisadores, sua data de nascimento, como relatado por ela em uma carta ao escritor espanhol Jose Luis Mora Fuentes, permaneceu sempre uma incógnita. Já que os documentos da imigração falam em 10 de dezembro de 1920, convencionou-se esse dia — o que marca seu centenário nesta semana. Entre as comemorações, que incluíram algumas reedições ao longo do ano e um volume com epístolas inéditas (como aquela à Mora Fuentes), está o lançamento de um site bilíngue dedicado à escritora pelo Instituto Moreira Salles, detentor de seu acervo. Em português e inglês, o portal traz fotos, manuscritos, áudios, vídeos e cartas, além de aulas e textos críticos, e faz parte da Hora de Clarice, evento-homenagem realizado anualmente pelo IMS desde 2011. No embalo das celebrações, o Nexo publica duas análises de especialistas sobre os enigmas que rondam o conto “O Ovo e a Galinha”, misterioso até para a própria autora. (Mariana Payno)