Bruna Dantos Lobato e a tradução de livros brasileiros — Gama Revista
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Podcast da semana

Bruna Dantas Lobato: "A tradução de um livro é sempre um trabalho autoral"

Tradutora premiada com o National Book Award pela versão em inglês de “A Palavra que Resta”, ela conta que sempre quis levar história dos Nordeste aos EUA e fala da atenção que a literatura brasileira tem hoje fora do país

Isabelle Moreira Lima 17 de Março de 2024

Bruna Dantas Lobato: “A tradução de um livro é sempre um trabalho autoral”

Isabelle Moreira Lima 17 de Março de 2024
Isabela Durão

Tradutora premiada com o National Book Award pela versão em inglês de “A Palavra que Resta”, ela conta que sempre quis levar história dos Nordeste aos EUA e fala da atenção que a literatura brasileira tem hoje fora do país

Nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, a escritora e tradutora Bruna Dantas Lobato, radicada nos EUA desde que terminou o ensino médio duas décadas atrás, sempre quis publicar livros nordestinos nos Estados Unidos. “Queria mostrar para os leitores da língua inglesa a variedade de vozes e de formas de viver das pessoas no Brasil, que não existe um só jeito de ser brasileiro”, afirma.

Foi daí que veio o desejo e o entusiasmo em traduzir “A Palavra que Resta” (Companhia das Letras, 2021), do cearense Stênio Gardel. O livro conta a história de Raimundo, que, nascido e criado na roça, decide aprender a ler e a escrever aos 71 anos para ler a carta de amor de Cícero, que guardou a vida inteira. Pelo livro, Lobato, a tradutora, e Gardel, o autor, ganharam o National Book Award de 2023 na categoria de Literatura Traduzida.

“O que eu queria era captar um jeito de falar do nordestino, um senso de humor, uma criatividade, uma forma de usar as palavras que enfatizam o sentido metafórico, é uma forma bem específica. E, em certo sentido, foi um desafio, porque me deu muito trabalho, mas foi um prazer imenso”, conta a Gama.

 Divulgação

Tradutora de alguns dos mais relevantes autores brasileiros contemporâneos, Lobato fala ao Podcast da Semana sobre como a tradução é um processo que envolve autoria. “É sempre autoral, e isso de criar novos caminhos é a parte mais legal do que eu faço porque cada língua vai ter as suas próprias possibilidades”, diz na entrevista.

É dela a tradução para o inglês de “O Avesso da Pele” (Companhia das Letras, 2020), de Jeferson Tenório, que tem sido alvo de censura no Paraná e em Goiás. “Usar o conteúdo sexual como justificativa para censura é só uma desculpa para não prestar atenção no que o livro diz sobre a violência policial, sobre o racismo institucional, sobre racismo no sul do Brasil”, afirma.

Prestes a lançar seu primeiro romance nos EUA, “Blue Light Hours”, livro que ela mesma está traduzindo para lançar no Brasil pela Companhia das Letras, Lobato conta sua história e comenta o atual interesse pela literatura brasileira fora do Brasil, entre outros temas que envolvem o amor pelos livros.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

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