Corredores e corredoras compartilham o que sentem ao correr
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Depoimento

Qual o barato de correr?

Corredores e corredoras compartilham com Gama o que sentem quando correm e como essa prática os ajuda em outras áreas da vida

02 de Junho de 2024

Qual o barato de correr?

Corredores e corredoras compartilham com Gama o que sentem quando correm e como essa prática os ajuda em outras áreas da vida

02 de Junho de 2024
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    Arquivo pessoal

    “Eu sinto que posso fazer qualquer coisa”

    Hugo Farias, 44, atleta e empresário que completou 366 maratonas em 366 dias consecutivos

    “O que eu sinto ao correr? Eu sinto liberdade. Eu sinto que posso fazer qualquer coisa. Eu sinto que posso ir para qualquer lugar. Eu sinto que posso vencer a mim mesmo. A corrida me traz disciplina, foco, me ajuda nos meus desafios diários e eu sinto que posso inspirar outras pessoas também a cuidar da saúde física e da saúde mental. A corrida sempre me ajudou, inclusive no meu controle emocional, em como eu lido com as situações do dia a dia, seja na vida pessoal ou no trabalho. Então, é assim que eu me sinto. Eu me sinto vivo.” (depoimento a Ana Elisa Faria)

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    “Um momento que tenho para me reconectar comigo mesmo e com o espaço em volta de mim”

    Marcio Black, 45, diretor da Advocacy e Conhecimento no Instituto Beja

    “Os motivos que me fazem gostar de corrida são óbvios, indiretos e pessoais: as razões óbvias são pela saúde física e, consequentemente, mental. De forma indireta, a corrida para mim funciona como um hábito angular, pois me ajuda a dormir melhor, ter mais foco, me alimentar melhor e ajuda com a disposição durante o dia e a sensação pessoal de autoeficácia — veja bem, sem obsessão por números e busca por resultados quantitativos. E a razão pessoal é muito alinhada com o que Haruki Murakami, que tem um livro lindo sobre corrida, pensa, ao dizer que ‘qualquer ação, por mais banal e simples que pareça, se repetida com disciplina e regularidade, pode se tornar um momento de contemplação e criatividade…’. Para mim a corrida é isso. Um momento que tenho para me reconectar comigo mesmo e com o espaço em volta de mim. Um momento de paz e reflexão.” (depoimento a Emilly Gondim)

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    Arquivo pessoal

    “A corrida é a minha terapia”

    Luciana Grandi Lourenção, 37, personal trainer

    “A corrida é a minha terapia. Quando saio para correr é o meu momento de descarregar as coisas ruins do dia a dia, de deixar o estresse ir embora. É meu momento de leveza, mas também de euforia. É quando me pego nos meus pensamentos, é quando paro para refletir sobre as minhas coisas, sobre as questões das minhas filhas. É um hobby, é uma terapia. Curto também pela estética. Estou há tantos anos na corrida [ela começou a correr aos 16] que já nem sei mais o que dizer sobre o bem que ela me faz. Eu adoro correr e sempre tento incentivar quem eu posso a começar. A corrida é um bichinho, é aquela coisa que pica, te pega e vira uma paixão.” (depoimento a Ana Elisa Faria)

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    “O meu slogan é: ‘Quem corre é mais feliz!’”

    Silvana Almeida Silva, 45, assistente de vendas

    “Correr para mim foi uma grande descoberta. Comecei a correr em 2018, aos 39 anos. Se eu soubesse que era maravilhoso, teria começado antes. Quando estou correndo me sinto conectada com o meu eu interior. Correr é prazeroso! Correr é vida! O meu slogan é: ‘Quem corre é mais feliz!’. Todos os dias saio para correr para dar o meu melhor. Todos os dias eu tenho um desafio na corrida. Conecto meu corpo, minha alma, minha mente, calço o tênis e saio correndo para apreciar cada km com prazer. Celebro todas as minhas conquistas. A minha distância do coração é correr 21 km. Me sinto poderosa. Me sinto feliz! Quando cruzo a linha de chegada, olho para trás e penso: valeu a pena todo sacrifício para estar aqui. O barato de correr é que você incentiva outras pessoas a se cuidarem melhor. A corrida é transformadora. Algumas pessoas foram impactadas com as minhas mensagens e hoje elas estão correndo. Correr com a galera da assessoria [grupo que monta e monitora o treino de corredores] da qual faço parte é prazeroso. A corrida fica mais leve.” (depoimento a Emilly Gondim)

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    Arquivo pessoal

    Todo mundo deveria correr, sai correndo que melhora”

    Waldemar Ribeiro, 59, professor e sócio da Deluka Treinamento Desportivo. Completou 22 maratonas de 42km

    “Comecei a correr aos 9 anos. Sempre gostei e sempre me dei bem. Quando perdia a pipa eu mesmo ia buscar. Se eu paro de correr gera uma certa tensão no ar. Você consegue canalizar bastante coisa treinando, às vezes sem competir mesmo. Quando estou viajando eu acordo mais cedo do que a família e saio correndo, faço meu treino, fico feliz e todo mundo também fica contente. É uma coisa minha, como todo mundo tem que respirar, ir ao banheiro, eu tenho que correr. Como professor, acho muito gostoso quando uma pessoa chega pra mim e reconhece que ela chegou ali sem perspectiva de correr e hoje tem habilidade para correr o quanto quiser. Tem uma mudança principalmente no humor, na capacidade da pessoa tolerar coisas que não tolerava antes, ela é mais receptiva, se torna uma pessoa melhor com toda certeza. Todo mundo deveria correr, sai correndo que melhora.” (depoimento a Luara Calvi Anic)

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    Fla Correa

    “É um esporte que consegue fazer momentos difíceis se tornarem prazerosos”

    Rafael Varandas, 38, empresário

    “O pessoal fala muito em runner’s high, barato da corrida hoje em dia, ou endorfinado. Para a decepção de algumas pessoas, eu não sinto uma relação de causa e efeito igual a algumas drogas psicoativas. Não é que você vai correr uma vez e vai ter essa sensação. Eu acho que, obviamente, você pode ter uma sensação de bem-estar como qualquer atividade física. Depende muito do treino também, porque um treino mais leve, aeróbico, pode trazer um bem-estar maior do que um treino forte, pesado, que você só vai querer vomitar e morrer depois. Ao mesmo tempo, eu acho que a relação do runner’s high que eu sinto é muito mais a longo prazo, é quando você se envolve na prática e o seu corpo começa a se adaptar para te dar prazer em uma sensação que outrora seria de extremo desconforto. Acho que esse é um motivo, por exemplo, que atrai para a corrida pessoas que foram dependentes químicas, com traumas ou depressão. Acho que é um esporte que consegue fazer momentos difíceis, desprazerosos, se tornarem prazerosos. Isso é quase uma aula da prática da corrida, mas como eu disse, a prática. Não é só uma corrida que vai fazer isso. Esses dias tive uma lesão e fiquei alguns dias sem praticar, sem correr. Tive sintomas de abstinência, irritação, problemas para dormir, eu tive ansiedade. Então acho que prova que existe uma relação química.” (depoimento a Luara Calvi Anic)

  • “Por ser tão inclusivo me faz sentir muito mais confortável”

    Peroli, 29, tradutora, Dj e gerente de projetos

    “Correr é uma atividade que eu flertava já há tempos, mas por muitas limitações físicas acabei levando muito tempo até entender que eu podia dar o primeiro passo de fato. Assim que eu corri, me senti superdesafiada por tudo, mas o pós foi uma das melhores sensações que já senti. Foi uma experiência incrível, que eu quero repetir muitas vezes. Acabei de ganhar o meu primeiro tênis de corrida, e não vejo a hora de poder estrear. Para além do esporte, acredito que correr tem algo a mais que conversa muito com a comunidade onde estou inserida e por ser tão inclusivo me faz sentir muito mais confortável.” (depoimento a Emilly Gondim)

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    “A corrida me mostra muito do mundo de outro jeito”

    Tiago Archela, 41, estrategista de marketing digital e triatleta

    “Correr é uma parte muito importante da minha vida. Eu brinco que, junto com os outros esportes do triatlo, a corrida acabou virando parte da minha personalidade. Correr é quando eu fico comigo mesmo. Eu sou bastante conectado com o celular, sempre busco dopamina nas interações digitais, tenho uma filha pequena, uma companheira, trabalho 98% do tempo de casa, no computador, e a corrida se tornou aquele momento em que eu fico comigo. É o momento de contato comigo, com o meu corpo, com o lugar onde estou. É quando posso garantir esses encontros comigo mesmo ao longo dos dias. Porque, se deixar, sou contaminado e vou sendo atropelado por outras coisas. Tem a parte, obviamente, de ser um investimento na saúde, mas, para mim, é uma parte quase secundária. O que eu acho muito bonito, e que gosto demais da corrida, é ver os lugares de outras perspectivas. Mesmo em São Paulo [ele mora no bairro da Aclimação], gosto de correr por outros bairros e isso me dá uma perspectiva diferente, vejo a cidade de um outro jeito. Quando morei fora do Brasil [em Santiago, no Chile], descobri vários lugares a partir da corrida. Um lugar diferente para comer, uma praça legal, um parque para visitar depois, via gente diferente, ia desbravando a cidade a partir da rotina da corrida. Quando viajo também sempre levo o par de tênis. Já tive encontros muito afortunados que não teria numa viagem andando de metrô ou fazendo uma coisa turística comum, por exemplo, se não fosse a corrida. A corrida, além de tudo, me apresenta várias coisas e mostra muito do mundo de outro jeito.” (depoimento a Ana Elisa Faria)

  • O momento da corrida não pode ser interrompido, não dá pra ver Instagram ou Whatsapp, o que é ótimo

    Antonio Prata, 47, escritor e roteirista

    “Se perguntar para mim se a vida é boa em um dia que eu não fiz esporte, eu vou falar ‘depende, está complicado, a vida é difícil’. Agora, em um dia que eu fiz esporte, eu vou falar, ‘está ótimo, tudo certo, maravilhoso’. Na corrida, você entra num fluxo de movimentos musculares e respiração que é uma espécie de um mantra — sem querer ser muito hippie, mas sendo. Por uma hora você é um animal vivo, com o sangue pulsando do coração, o ar entrando e saindo do pulmão, ouvindo os batimentos. Você fica nesse fluxo constante que é muito parecido com a meditação, com você se ligar ao lugar e ao momento em que você está. É como toda essa coisa de mindfulness que a gente ouve hoje: você está ali naquele momento. E, sendo totalmente contraditório com o que eu acabei de falar, tem outra possibilidade maravilhosa que é correr 40 minutos ouvindo música ou podcast. Se eu ouço música, é como ficar dançando com a corrida. Quando ouço podcast, aprendo sobre o cérebro do polvo, sobre a Islândia e o aquecimento global. É um momento meu. O momento da corrida é um dos poucos momentos que são nossos, estamos fazendo aquilo para a gente. Você está fazendo aquilo consigo próprio, não tem nada para fazer com ninguém e nem para ninguém. Você não pode ser interrompido, não dá pra ver Instagram ou Whatsapp, o que é ótimo.” (depoimento a Isabelle Moreira Lima)

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    Arquivo pessoal

    “A curtição passou a ser correr de boa, para correr para sempre”

    Iberê Dias, 47, juiz titular da Vara da Infância e Juventude de Guarulhos

    “Entre 2005 e 2015, minha curtição era bater recordes pessoais. Uma relação mais pragmática com a corrida. Treinos pesados, volume e intensidade altos, alimentação regrada, fortalecimento, tudo para ver o relógio derreter, numa vibe Salvador Dalí. Quando a idade começou a fazer os recordes pessoais parecerem imutáveis, a curtição passou a ser correr de boa, para correr para sempre. Saúde e longevidade, observando o sol entre as árvores do parque, ouvindo música, meditando em movimento, pensando em questões prosaicas do cotidiano e sentindo bater o barato da endorfina.” (depoimento a Leonardo Neiva)

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    “O maior sentimento é esse de existir que tenho correndo”

    Ellen Valias, 42, a influenciadora @atleta_de_peso, esportista, estudante de educação física e meia maratonista

    “Meu barato de correr é ocupar esse espaço, porque o meu corpo preto e gordo não tem protagonismo na corrida, eu não vejo corpos iguais ao meu. Então é trazer mais representatividade, construir uma nova relação com a corrida sem punição, com o direito do meu corpo se movimentar, de prazer, bem-estar, saúde mental e física. Necessariamente não tem a ver com o emagrecimento. O que eu sinto correndo é que existo, sou humanizada, posso praticar um esporte, ser respeitada, além de toda a questão da saúde mental e do bem-estar. Eu me sinto livre, em paz comigo mesma. São tantas coisas que posso falar, mas o maior sentimento é esse de existir que tenho correndo, o sentimento de que meu corpo tem direito de praticar corrida.” (depoimento a Leonardo Neiva)

  • “Hoje esse espaço da corrida é o da manutenção da saúde”

    Ricardo Lísias, 49, escritor e autor de livros como “Divórcio” (Alfaguara, 2013) e “O Céu dos Suicidas” (2012)

    “Para mim, a corrida já ocupou diversos lugares. Há o espaço que ela ocupou ficcionalizada no romance “Divórcio”. Esse espaço durou por um ou dois anos. Depois houve uma função curiosa, que foi a de desafio das minhas próprias possibilidades. Então participei de algumas competições, tentei melhorar meu tempo, cheguei até a pesquisar sobre roupas, acessórios etc. No entanto, já de uns anos para cá, a corrida ocupa um espaço mais leve: não tenho metas e nem obrigações. Inclusive, quando fui internado gravemente por covid-19 e depois precisei me recuperar com fisioterapia respiratória, o que ficcionalizei em “Uma Dor Perfeita”, a corrida ocupou um espaço de recuperação e saúde. Então hoje esse espaço da corrida é o da manutenção da saúde. Mas não só, a corrida também oferece tempo para pensar: fico livre de outras preocupações e então consigo até mesmo planejar capítulos, coisas assim.” (depoimento a Leonardo Neiva)

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    “Estimular a minha mente a aguentar mais do que eu acho que ela aguenta”

    Beatriz Scarpa, 21, estudante de nutrição na UFMG

    “O barato de correr para mim é estimular a minha mente a aguentar mais do que eu acho que ela aguenta. Sempre que estou correndo e bate aquele cansaço físico, eu trabalho meu mental para aguentar mais, porque a mente cansa antes do corpo. Depois eu passei a aplicar isso em situações da minha vida, situações que eu estava muito desgastada emocionalmente e aí eu pensava, ‘eu já corri 10 km, nada pode me abalar’. Eu consegui. Sinto prazer enquanto estou correndo, mas quando o treino é muito cansativo ou desafiador, por exemplo, de tiro, eu sinto vontade de desistir o tempo inteiro.” (depoimento a Emilly Gondim)

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    “É algo que fortalece a sua relação com a cidade e com outras pessoas”

    Maria Fernanda Barros, 21, repórter na Casacor

    “Acho que correr tem vários baratos. O primeiro é que você só precisa sair na rua e vai correndo, então é acessível. Pode fazer em qualquer lugar e a qualquer hora. É um esporte que você pode desenvolver muito rapidamente e percebe essa evolução, mais até do que na musculação, pelo menos para mim. Outra coisa é que te permite estar em contato com a cidade, você sai de casa e começa a querer correr em outros lugares, com outras pessoas. É algo que fortalece a sua relação com a cidade e com outras pessoas. É um mix de sentimento que causa em mim, às vezes quero me matar de tanto cansaço e também tem aqueles momento que estou muito feliz de viver e de estar correndo praticamente sentindo a música que toca no meu fone de ouvido.” (depoimento a Emilly Gondim)

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    “A corrida mudou minha vida demais, só tenho visto benefícios na minha saúde”

    Renata Lago, 58, assistente social

    “O que eu acho legal na corrida, além da melhoria da qualidade de vida, são os amigos que eu faço, as viagens que realizo para correr. A corrida mudou minha vida demais, só tenho visto benefícios na minha saúde. Quando estou correndo sinto uma liberdade infinita. O desafio é comigo mesma, sou eu e eu, a gente não se preocupa com o outro. A linha de chegada é o que há de melhor, pois quando chego, penso, ‘quando é a próxima?’. O bom da corrida é correr.” (depoimento a Emilly Gondim)

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    “Sempre fui a atleta mais contra corrida de todas”

    Paula Saul, 31, publicitária

    “O barato de correr é que eu nunca fui corredora, muito pelo contrário, sempre fui a atleta mais contra corrida de todas. Agora, numa fase que eu achava que já sabia de tudo sobre mim, estou correndo e viciada em testar meus limites. Chega ser até clichê, mas quando corro minha mente vai pra um outro lugar. Um lugar de extremo foco e presença. Preciso sentir meu corpo, focar na respiração e dar tudo de mim — pelo menos sempre mais do que da última vez. Mas falando sobre sentir, não há palavras que descrevam o que você sente depois de correr. É uma realização ao vencer um pequeno (e cansativo) desafio. A recompensa é instantânea e só dá mais vontade de correr mais.” (depoimento a Emilly Gondim)

  • “Me sinto livre, vivo e muito mais disposto para fazer qualquer coisa”

    Samuel da Paz (@garotoflorido), 33, fundador do Disciplina Training

    “Me sinto livre, vivo e muito mais disposto para fazer qualquer coisa. Durante [a prática] posso sentir um desconforto e uma dificuldade misturada com um ritual de evolução, que só vou conseguir superar depois que concluir esse treino. No pós é quando eu me sinto realizado por honrar o compromisso que assumi comigo mesmo, gosto de como minha mente e meu corpo se comportam após a atividade, é viciante” (depoimento a Emilly Gondim)

  • “Graças às corridas, eu já conheci lugares maravilhosos do nosso planeta”

    Clayton Conservani (@claytonconservani), 58, jornalista

    Eu amo curtir o percurso, a jornada da corrida. Adoro observar tudo que encontro pelo caminho. Graças às corridas, eu já conheci lugares maravilhosos do nosso planeta. Antártida, Patagônia, desertos do Saara e Atacama, México e muitos outros lugares incríveis do Brasil e do mundo. Quando eu corro, liberto meus pensamentos, é um momento de muita inspiração. Já tive grandes ideias para textos, roteiros e lugares para minhas expedições. (depoimento a Leonardo Neiva)