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Podcast da semanaEugênio Bucci: Sem verdade factual não há política, só fanatismo
Jornalista, escritor e professor da USP afirma que a solução para o problema das fake news passa pela regulação das redes sociais
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Eugênio Bucci: Sem verdade factual não há política, só fanatismo
Jornalista, escritor e professor da USP afirma que a solução para o problema das fake news passa pela regulação das redes sociais
Mentira na política sempre existiu. Mas a revolução digital que balançou o mundo nos últimos anos foi o ambiente propício para que ela ganhasse um peso muito maior. A saída para o mar de fake news em que estamos nos afogando passa, invariavelmente, pela regulação das redes sociais e outras big techs. O diagnóstico é do jornalista, escritor e professor titular na Escola de Comunicação e Artes da USP Eugênio Bucci, entrevistado desta edição do Podcast da Semana.
“A resposta passa pela regulação. A China está fazendo isso e o capitalismo, não. É preciso ter uso de transparência em dados pessoais, é preciso impedir a circulação de discurso de ódio. E não estou falando de censura”, afirma na entrevista a Gama. “Mensageria privada tem que ser para mensagem e não de comunicação de massa como virou o WhatsApp”, completa.
Para ele, um dos principais problemas ligados à desinformação é o fanatismo. “As pessoas que embarcaram no fanatismo perdem a capacidade de ouvir argumentos sobre a própria posição delas e tomam por dogmas qualquer manifestação de seus líderes, de sorte que, na visão delas, a manifestação do líder fica acima do critério de ser verdade ou mentira, está acima do bem ou do mal, está acima da verificação empírica”, afirma o jornalista que é autor de “A Superindústria do Imaginário: Como o capital transformou o olhar em trabalho e se apropriou de tudo que é visível” (Autêntica, 2021) e de “Existe Democracia sem verdade Factual?” (Estação das Letras e Cores Editora, 2019), em que investiga o tema.
Bucci fala sobre a necessidade de coragem mas também de cautela dos meios de comunicação de massa para diferenciar o que são dados, que devem sempre ser privilegiados, do que é opinião. “A verdade não é a disputa de um programa de auditório. Na ética, a imprensa tem que buscar a verdade objetiva”, disse, em resposta ao espaço que é dado a negacionistas em razão de se ter um jornalismo plural. “O jornalismo precisa de uma cerimônia com relação ao direito das pessoas sobre informação. Uma dessas cautelas é saber separar o que é fato e o que é opinião.”
No Spotify, na Apple Podcast, no Google Podcast e no link abaixo você escuta essa conversa.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
Edição de som: Deisi Witz e Roberto Soares