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@claricelimao

Cearense radicada em São Paulo, Clarice Lima é bailarina, coreógrafa e diretora. Seus trabalhos promovem um diálogo entre dança, performance e artes visuais 

Laura Capelhuchnik 14 de Agosto de 2020

  • Depois de canceladas suas apresentações nacionais e internacionais em função da pandemia, Clarice decidiu fazer uma retrospectiva profissional por meio de registros fotográficos

  • Entre eles, os da performance “Árvores”, que já circulou por países como Chile, Uruguai e Portugal. O trabalho conta com a participação da população local para acontecer

  • Mais de mil pessoas já participaram da experiência, que cria paisagens temporárias nas cidades (e aponta novos jeitos de ver o mundo)

  • Também há passagem por “Iracema”, espetáculo de dança voltado para o público infantil, que reconstrói o romance de José de Alencar de uma perspectiva decolonial e de valorização dos conhecimentos dos povos originários

  • “Resolvi olhar para o passado, não só pelo desejo de compartilhar um pouco da minha trajetória, mas também como um respiro, de pegar um fôlego, de ter fé na dança e nas artes presenciais para quando a gente voltar, já que é um setor afetado drasticamente com o isolamento”

  • Durante a quarentena, a bailarina adaptou um de seus trabalhos para as limitações do isolamento. “Bichos Soltos”, uma performance para crianças, agora acontece no espaço virtual: eles continuam soltos, mas em casa

  • “‘Bichos Soltos’ aproxima a criança não pela narrativa, mas pelo movimento, que é a grande potência da dança. É um desafio pensar em como ele atravessa a tela e chega nas outras pessoas”

  • O desejo de criar obras para crianças vem muito da experiência com os filhos, Noel e Nina, e do repertório trazido por eles

  • Então você se pergunta: como é a vida de uma bailarina com dois filhos pequenos em quarentena? Talvez algo parecido com isso:

  • De vez em quando, mais ou menos assim:

  • O isolamento também fez nascer novos trabalhos, como as projeções que faz janela de casa, com o artista Renan Costa Lima. Foram criadas para dar vazão “à tristeza, raiva e frustração de estar vivendo um período de pandemia completamente desamparados pelo Estado”

  • E “Tristechno”, com o qual você provavelmente vai se identificar: ele foi feito depois de cinco semanas de isolamento, tristeza profunda e vontade de chorar

  • O trabalho nos traz a sabedoria de que não vale sofrer solitariamente neste momento. Muito mais proveitoso é chorar em conjunto

  • Apesar de tudo, temos encontrado belíssimos jeitos de nos expressar diante da profusão de sentimentos confusos que o novo normal nos traz

  • E conviver com eles enquanto pensamos em como nos reinventar

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