Objetos que são a cara de 2022 — Gama Revista

Objetos que são a cara de 2022

Camisa da seleção, berrante e chinelo nuvem. Confira a seleção de objetos icônicos do ano analisados pela Gama

Andressa Algave 26 de Dezembro de 2022

A Copa do Mundo, o remake da novela “Pantanal” e o cenário político das eleições marcaram o ano de 2022 e inspiraram os objetos que analisamos. Dentre esses estão a nova camisa da Seleção Brasileira, que incorporou características da brasileiríssima onça pintada e foi um esforço para afastar a interpretação política do traje. Já o berrante da família Leôncio, da novela “Pantanal”, despertou curiosidade sobre a antiga tradição dos boiadeiros. Relembre esses e outros Objetos de Análise da Gama em 2022:

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    Nova Camisa da Seleção Brasileira

    Inspirado na onça-pintada, o novo modelo da tradicional camisa amarela da seleção brasileira – além, é claro, de sua alternativa em azul – traz poucas mudanças em relação ao uniforme que conhecemos, mas com uma polêmica exceção. Na versão principal, há manchas em amarelo-claro ao longo de toda a camisa, imitando o corpo do felino. Já no modelo azul, as pintas ficam nas mangas, num degradê que une o azul ao verde fosforescente da barra. Outra novidade é que agora a camisa é sustentável, 100% feita de poliéster reciclado de garrafas plásticas. Fora isso, permanece do lado esquerdo do peito o tradicional escudo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) abaixo das cinco estrelas, que representam as conquistas brasileiras na Copa do Mundo, e, do direito, o símbolo da Nike, patrocinadora oficial da seleção. Apresentada como uniforme oficial para a Copa do Qatar, além do animal que é símbolo nacional, ela presta homenagem à garra da nação. O anúncio, no entanto, gerou polêmica nas redes sociais, com comparações à personagem Juma, de “Pantanal”, e críticas ao design arrojado – pela primeira vez na história do país, a peça traz detalhes baseados em animais. Outro debate surgiu quando se descobriu que o site da Nike proibia personalizar a camisa com palavras como Ogum ou Exu, mas permitia que se escrevesse Jesus Cristo, com usuários apontando discriminação religiosa. Depois das reclamações, o site passou a proibir qualquer tipo de nomenclatura religiosa ou política.

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    Berrante

    Uma corneta feita de chifres de boi ou de outros animais, com tamanhos variados, usada para guiar o gado por áreas abertas ou trilhas. Apesar de criticado por movimentos de liberação animal e ativistas do veganismo, o berrante é tradição mantida por vaqueiros e peões da área rural do Brasil inteiro. Para além do uso prático para o gado, os toques do instrumento são codificados para sinalizar rituais diários: os toques para saída, para acelerar a boiada, para situações de perigo, para a hora do almoço e os toques livres, chamados de floreio. Novelas famosas usam do berrante como característica de identificação de personagens — é o caso das produções “Ana Raio e Zé Trovão”, “O Rei do Gado” e o remake de “Pantanal”. A apreciação pelo instrumento já virou competição: na anual Festa do Peão de Barretos, em São Paulo, os concursos de berrante são populares e criteriosos. Berranteiros de todo o país se reúnem para competir entre cinco tipos de toques principais, que podem alcançar até três quilômetros de distância. Além da função prática, o berrante também já virou decoração – é comum encontrar berrantes como peças decorativas de bares e restaurantes em tamanhos variados.

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    Nikon Coolpix L-15

    Um aparelho eletrônico retangular, com uma lente com sensor de proximidade do objeto que se quer fotografar, e um pequeno flash para captura de fotos e vídeos. Junto com itens como a calça de cintura baixa e o gloss com glitter, ela foi reavivada pela nostalgia da cultura do Y2K, que celebra a estética dos anos 2000. A câmera Nikon Coolpix L15 marcou selfies no espelho no início do milênio e agora voltou a ocupar lugar nas mãos de celebridades. Algumas das principais it girls do momento foram vistas usando o equipamento: é o caso da modelo palestina Bella Hadid e da influencer americana Charli D’Amelio. A moda virou trend no TikTok: na hashtag #digitalcamera, além da Nikon, usuários recomendam os melhores modelos de outras marcas e ensinam truques como colocar hidratante labial e plástico filme nas lentes dos celulares para reproduzir uma estética mais retrô.

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    Sony Walkman TPS-L2

    Um pequeno leitor de áudio retangular e portátil, alimentado por pilhas AA, com uma abertura para inserir fitas cassete e uma entrada para fones de ouvido. Pioneiro em possibilitar a experiência de ouvir músicas em qualquer lugar – e mesmo em movimento – sem incomodar quem está por perto, o Sony Walkman foi um item chave da cultura jovem nos anos 80. O player é tão cercado de nostalgia que foi adaptado ao passar dos anos para atender a novas tecnologias – da fita ao CD, e do CD aos arquivos de áudio como o mp3. Tem vivido um revival graças à nova temporada da série oitentista “Stranger Things”: na já épica cena em que a personagem Max é capturada pelo vilão Vecna, a salvação da garota ocorre ao som do hit “Running Up That Hill”, gravado por Kate Bush em 1985 e que sai dos fones de um Walkman. O item é uma relíquia tech e tem charme vintage. Além da série “Stranger Things”, é companhia de personagens importantes do cinema como o vilão Patrick Bateman, de “American Psycho” (2000), e Peter Quill, de “Guardiões da Galáxia” (2014). Para colecionadores de fitas e adeptos dos meios analógicos, é um bom gravador de sons e pode dar uma sensação de máquina do tempo ao ser utilizado para tocar os hits do passado.

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    Durag

    Uma espécie de lenço de cetim ou seda, para ser amarrado na cabeça de modo a proteger ou modelar os cabelos. Relevante desde o Egito antigo, a durag virou um dos instrumentos da autoestima preta nos últimos anos, ao lado de itens como o pente garfo e a touca de cetim. O uso mais referenciado da peça é para fazer os waves, ou “ondas” no português, nos cabelos crespos. O passo a passo é aplicar no cabelo algum produto modelador, colocar a durag, usar até o cabelo secar e então retirar o tecido, revelando ondas simétricas. Alguns ícones da música são creditados pela popularidade do item – rappers como 50 Cent, que usou a peça na capa do disco “Get Rich or Die Tryin’” (2003), e Jay Z já usavam durags no início dos anos 2000, antes da alta das waves. Além da estética, as durags representam cuidado com os fios. A função independe do penteado e mesmo quem não tem interesse em fazer as waves pode proteger os cabelos com a peça ao usar capacetes, bonés, ou para fugir do sol ou vento. O material das durags pode ser escolhido de acordo com o frio ou calor: normalmente o item é produzido em cetim, veludo ou poliamida, um tecido fino, então vale usar na praia ou nas noites frias. Além disso, a peça pode ser um bom exercício de autoestima para pessoas pretas – como um dos itens carregados de história e simbolismo, usar a durag para proteger o cabelo ou para compor um look pode ser uma boa pedida.

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    Chinelo Nuvem

    Sandálias de borracha com plataformas acolchoadas e uma única tira larga, sem gênero, supostamente tão confortáveis que parece que você está pisando nas nuvens. Daí, é claro, vem o apelido pelo qual o calçado ficou mais famoso, embora também seja chamado de chinelo travesseiro, de acordo com o termo em inglês “pillow slide”. Pode haver variações, mas o modelo mais comum é aquele feito de EVA (acetato-vinilo de etileno), uma espuma de borracha sintética flexível e à prova d’água. Embora não seja reconhecido pela beleza – na verdade, ele se encaixa na moda dos “ugly shoes”, como os populares Crocs –, muita gente considera que ele mais do que compensa pelo conforto e bem-estar. Vale lembrar, no entanto, que o calçado é ótimo para circular pela casa, mas não foi feito para longas caminhadas, já que não oferece o amortecimento necessário. Se antes era encontrado apenas em lojas de produtos ortopédicos, hoje o chinelo nuvem está para todos os lados e existe aos montes no mercado, nas mais variadas colorações e formatos, como consequência da febre que virou entre os jovens.

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    Álbum da Copa

    Uma publicação temática de futebol, de 23 centímetros de altura, 1 centímetro de espessura e 27 centímetros de largura, para colecionar imagens de jogadores das seleções que irão disputar a copa do mundo. Febre da Copa do Mundo 2022 no Catar (e de outras edições do mundial também), o álbum de figurinhas da copa é popularmente produzido pela editora italiana Panini e se tornou um sucesso estrondoso. Na Argentina, onde o mercado das figurinhas foi afetado pela crise econômica e a alta do dólar, a Secretaria de Comércio do país se reuniu com a Panini para negociar a compra de mais pacotes de figurinhas e driblar o mercado paralelo da venda dos envelopes em sites e aplicativos de entrega. A popularidade dos álbuns também vem das figurinhas raras – pacotes distribuídos em menor quantidade e com figuras seletas, separadas nas categorias Bordô, Bronze, Prata e Ouro, que podem ser vendidas a preços exorbitantes. A troca de figurinhas repetidas acaba por ser uma atividade de sociabilidade intensa dos meses que antecedem o mundial: se encontrar com outros colecionadores para negociar os adesivos faz parte do processo de encher o álbum. Se conseguir uma figurinha rara, melhor ainda – o influencer Felipe Neto manifestou nas redes o desejo por uma figurinha Ouro, a categoria mais difícil de ser encontrada e que pode chegar a até R$ 9 mil no mercado paralelo que surge com o advento das figurinhas especiais.

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    Chapéu de Palha Quicksilver

    Um chapéu com 132 cm de circunferência na aba, 62 cm de encaixe na cabeça, uma pequena corda ajustável, forrado ou não com tecido e produzido em palha natural trançada. Como uma reinvenção de um clássico do imaginário popular, o chapéu de palha Quicksilver é uma opção estilizada do adorno com a mesma funcionalidade e estética. Não difere muito do chapéu original e simples, como o utilizado por personagens como Chico Bento, da Turma da Mônica, e se tornou um componente estiloso para o look, adotado por celebridades como Gabriel Medina e Neymar. O chapéu é atemporal, bonito e contribui para um look simples e útil nas altas temperaturas. E não se resume só ao aspecto fashion: um chapéu de palha forrado com tecidos de tecnologia UV é importante para proteger a pele dos raios solares. No caso das peças produzidas só em palha natural trançada, o material é completamente biodegradável. E apesar de ser vendido como masculino, o adorno pode ser usado por qualquer gênero – o modelo é neutro e ajustável a qualquer pessoa, basta combinar com os itens de verão do guarda-roupa.

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    Bucket Hat

    Um chapéu de formato tubular com uma aba curta, que pode ter um cordão ajustável. Em versões de pelúcia, jeans e crochê, o bucket hat, algo como “chapéu- balde” em português, vai e volta como tendência do streetwear desde os anos 80. Popularizado pelas culturas do rap e do Y2K, que imita a moda dos anos 2000, a peça virou item de grife e foi usada por Lauryn Hill, Pharrell Williams e Rihanna, que já foi vista com diversas versões de pelúcia do chapéu. No Brasil, se popularizou pela influencer Jade Picon, que apareceu com um bucket hat dupla face com estampa de vaquinhas no BBB 22, e pela cultura da música trap. O item é uma peça coringa em looks casuais e não é cercada de limitações de gênero: qualquer pessoa pode usar, durante o dia ou noite. Também é bastante diversa, com versões com e sem estampa e fabricada em diferentes materiais. Quem tem expertise em costura, crochê e tricô pode experimentar produzir chapéus personalizados sem problemas, já que o design do item é relativamente simples. Se bem usado na composição das roupas, confere um ar de estilo à nível Rihanna – o que é uma grande vantagem.

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    Scrunchie

    Um prendedor de cabelo ondulado e volumoso, revestido de tecido, normalmente usado para fazer penteados sem amassar os cabelos. Sucesso nos anos 80 e 90, os scrunchies já foram usados por personagens como Phoebe, da série Friends (1994); passaram a ser vistos como cafona nos anos 2000; e agora voltaram com tudo com ícones da cultura pop atual, como Ariana Grande, como embaixadoras do acessório. A proposta do elástico é simples: dar um up nos penteados mais despretensiosos, como os rabos de cavalo frouxos, ou servir como peça adicional no look. Com opções estampadas, lisas, feitas de materiais delicados como o tule ou com tamanhos exagerados, os scrunchies podem ajudar a manter o cabelo sem danos e são coringa no visual do dia a dia. Para quem gosta de usar um rabo de cavalo alto, o scrunchie ajuda a dar volume. Além disso, uma das vantagens do acessório é a variedade de tecidos e estampas: a socialite Kim Kardashian usa os scrunchies com frequência em tons que combinam com o visual.

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