Como contar que perdeu o emprego
Independentemente das circunstâncias, pode ser desafiador falar sobre uma demissão. Veja dicas para se comunicar nesse momento
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Entenda que é natural sentir dificuldade para contar –
Ser demitido nos coloca em uma posição de vulnerabilidade que pode causar desconfortos e abalos na autoestima. “Independentemente das circunstâncias, podemos ter pensamentos de fracasso, impotência e indignação, ainda mais quando a demissão vem de surpresa”, diz Edwiges Parra, psicóloga organizacional especialista em recursos humanos. Ela explica que, por natureza, ninguém gosta de se sentir “preterido”, e ser desligado de uma empresa pode trazer essa sensação, junto com falta de pertencimento e medo de instabilidade financeira. “É legítimo ficar chateado e desgostoso nesse momento. Podemos entrar em contato com inseguranças que estão lá dentro e que nem reconhecemos.” O famoso: “o que vão pensar mim?”. Ela lembra que a situação pode ficar mais pesada diante da pandemia e da alta taxa de desemprego. -
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Seja transparente com parceiros e filhos –
A dificuldade de contar pode aumentar se tem alguém que depende da sua renda. “Nesse caso, podem vir também culpa e vergonha, junto com medo de prejudicar as pessoas que contam com você e, mais do que isso, de ser descredibilizado por elas”, diz Parra. Mas ela lembra que uma família é uma equipe que precisa trabalhar junto, e uma situação assim pode ser uma oportunidade para todos desenvolverem empatia, resiliência e maturidade emocional. “É importante inteirar logo a família sobre o que aconteceu, porque isso faz as pessoas se sentirem incluídas.” Para os filhos, Parra recomenda escolher palavras mais brandas e “positivas” (“agora não vou mais trabalhar nessa empresa”), sem mascarar a situação – é claro que crianças muito pequenas não precisam saber de todos os detalhes. Também é interessante deixar claro que tipo de apoio você quer da família e até prepará-la para o caso de um período com orçamento mais apertado. -
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Só compartilhe os detalhes com pessoas de confiança –
Ter uma rede de apoio ajuda a encarar uma situação de demissão: conversar pode colaborar para digerir as coisas. “É importante ponderar com quais amigos e familiares você quer desabafar. Escolha aqueles que você sabe que vão te ouvir sem julgamentos. Não se exponha à toa”, diz a psicóloga. Para colegas e familiares menos próximos, ela recomenda contar apenas que você está no mercado, sem se justificar ou dar satisfações. Esse é um tempo de acolhimento de si mesmo, explica a psicóloga e, se você considerar necessário, pode buscar uma terapia com um profissional. -
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Aproveite o momento para uma autoanálise –
Para Edwiges Parra, pode convir tirar um tempo para adquirir clareza e direcionar atenção a outros aspectos da vida, como a saúde e as relações, para depois olhar para frente. “Às vezes, as pessoas ficam muito no mundo da empresa em que trabalham e perdem a noção do que está rolando fora. Uma demissão pode abrir os olhos para as possibilidades.” Guilherme Fernandes, CEO na América Latina da multinacional de headhunting francesa Alexander Hughes, lembra que demissões também podem ter a ver com relações desgastadas dentro de uma empresa, e nos convidam a pensar sobre o nosso comportamento em um futuro emprego. “É um tempo precioso de aprendizado e reflexão”, diz. -
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Ative sua rede de contatos e expanda os relacionamentos –
Na busca por novas oportunidades, Fernandes acredita que não é preciso comunicar que você foi desligado de uma empresa, apenas se mostrar competente e aberto para novos segmentos e funções. “Você é a sua trajetória e o que você realizou ao longo do tempo, não interessa se foi demitido”, diz. Para ele, a procura por emprego pede networking feito com direcionamento e inteligência, caprichando na abordagem e na comunicação: é tempo de se reconectar com antigos colegas e expandir a rede de relacionamentos. “Hoje, a principal forma de recolocação é a indicação – 70% das vagas são preenchidas assim.” Ele sugere procurar pessoas que você admira no mercado e marcar reuniões para pedir conselhos e trocar ideias. “Executivos e outros profissionais estão mais abertos a isso do que as pessoas pensam. Muitos gostam de compartilhar sua história profissional.”