A seleção da Gama dos melhores livros de 2023 — Gama Revista

A seleção da Gama dos melhores livros de 2023

Contos, poemas, fantasias, uma biografia especulativa, uma obra premiada, um texto sobre a memória dos mortos e uma pesquisa a respeito de famílias inter-raciais. Colunistas e a equipe da redação elegem as leituras que marcaram o ano

Ana Elisa Faria 02 de Janeiro de 2024

Contos, uma coleção de poemas, histórias fantásticas de horror, uma biografia especulativa, uma obra premiada, um texto sobre a importância de manter viva a memória dos mortos e uma pesquisa a respeito de famílias inter-raciais. Tem de tudo um pouco — entre gêneros literários e temáticas — nas leituras que marcaram equipe da redação e colunistas da Gama durante o ano de 2023.

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    “Coisas Frágeis: Breves Ficções e Maravilhas”

    de Neil Gaiman (Intrínseca)

    Poucos autores sabem escrever fantasia como Neil Gaiman. Responsável por “Coraline”, “Belas Maldições” e “O Oceano no Fim do Caminho”, o escritor britânico já provou ser capaz de se aventurar em diferentes gêneros e temáticas, sempre produzindo algo melancólico e tocante. Em “Coisas Frágeis”, Gaiman nos apresenta diferentes universos em 31 contos. Dos contos de fadas à Bíblia, de Sherlock Holmes a H.P Lovecraft, as histórias do livro revisitam universos clássicos, mas abordam tais narrativas com um frescor que somente o criador de “Sandman” poderia imaginar. (Daniel Vila Nova, analista de mídias sociais)

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    “Dor Fantasma”

    de Rafael Gallo (Biblioteca Azul)

    Em “Dor Fantasma”, Rafael Gallo subverte a jornada do herói. Um pianista virtuoso sofre um acidente que o leva a perder uma mão. A partir daí, sua negação, seu orgulho e egocentrismo o levam a uma espiral de acontecimentos violentos e trágicos. A leitura é ambígua, pois o leitor torce pela superação e redenção do personagem, mas também é confrontado com a realidade de que existem pessoas más e odiosas. O livro foi vencedor do Prêmio Literário José Saramago. (Marcelo Knobel, colunista)

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    “Famílias Inter-raciais: Tensões entre Cor e Amor”

    de Lia Vainer Schucman (Fósforo)

    “O recado passado de mãe para filha nessa mensagem é: se você embranquecer, será amada.” Essa é uma das passagens emocionantes de “Famílias Inter-raciais: Tensões entre
    Cor e Amor”, de Lia Schucman. A pesquisa de Lia traz reflexões fundamentais à compreensão do racismo como organizador das relações sociais no Brasil, incluindo as dinâmicas familiares. Afetos também estão expostos à lógica de desumanização da branquitude assentada na cor da pele. Eis um livro crucial ao avanço do antirracismo. (Carol Canegal, colunista pelo Observatório da Branquitude)

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    “Os Perigos de Fumar na Cama”

    de Mariana Enríquez (Intrínseca)

    Uma jovem com fetiche por corações enfermos, um morador de rua cuja vingança espalha o terror num pacato bairro suburbano, uma horda de desaparecidos que ressurge misteriosamente… Os terrores urbanos da nova obra da autora argentina me assustaram menos por seus fantasmas, espíritos e zumbis do que pelas implicações de suas histórias no mundo ao redor. Assim como outros mestres do gênero, Enríquez deixa claro que uma boa narrativa de horror não trata de demônios nas profundezas de um inferno distante, mas de nós mesmos e da sociedade em que vivemos. E tem algo para botar mais medo na gente que isso? (Leonardo Neiva, redator)

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    “Saia da Frente do Meu Sol”

    de Felipe Charbel (Autêntica Contemporânea)

    Um sobrinho-neto investiga a vida pouco sabida de um tio-avô com quem dividiu o teto por alguns anos durante a juventude. Mas em “Saia da Frente do Meu Sol”, não são apenas as especulações biográficas de Ricardo — o parente misterioso “esquisitão”, o “malandro emérito”, o “inquilino do quartinho de fundos”, um cara que “tinha a alma portátil” — que vamos descobrindo. Em cada página, Felipe Charbel também tenta compreender um pouco mais da própria trajetória, como diz o autor, fazendo referência ao escritor francês Pierre Michon: “Falando dele é de mim que falo”. (Ana Elisa Faria, redatora)

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    “São Sebastião das Três Orelhas”

    de Fabrício Corsaletti (Círculo de Poemas)

    Fabrício Corsaletti foi laureado com o Jabuti de melhor livro de 2023 por “Engenheiro Fantasma”. Mas o livro que me tocou foi “São Sebastião das Três Orelhas”, plaquete que traz poemas inspirados pela paisagem da Mantiqueira. Tive a sorte de ler essa pequena coleção de poemas in loco, durante visita a Gonçalves, vizinha da cidade que dá título ao livro. Era quase como se lesse minha biografia, ouvindo os segredos das araucárias, tirando o mofo sob o sol reconfortante do inverno, bebendo vinho e fazendo com que quatro dias valessem por quatro meses. (Isabelle Moreira Lima, editora executiva)

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    “Um Brinde aos Mortos: Histórias Daqueles que Ficam”

    de Vinciane Despret (N-1 edições)

    A melhor leitura de 2023 foi “Um Brinde aos Mortos: Histórias Daqueles que Ficam”, da belga Vinciane Despret, livro que propõe mantermos ativos em nosso cotidiano os entes queridos que já morreram. Texto sensível à dor da perda, é um alento que ressalta a importância de prolongarmos a existência dos mortos, reacomodando-os nas nossas vidas, em vez de “esquecê-los” numa memória apenas remota, presentificando-os num ato salutar de criação por meio de narrativas, lembranças, homenagens, sonhos e “sinais” diversos. (Marilene Felinto, colunista)

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