Coluna da Maria Ribeiro: Trinta de outubro — Gama Revista
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COLUNA

Maria Ribeiro

Trinta de outubro

Este dia não pode ser o responsável pela existência ou não do meu futuro – embora seja

26 de Outubro de 2022

No próximo dia 9 de novembro, estreia a nova temporada de “The Crown” (motivo para existir número um). Dia 20, por sua vez, começa a vigésima segunda Copa do Mundo de futebol (motivo pra existir número dois). Dia 16, meu sobrinho faz aniversário (motivo número três). E dia 2 é feriado nacional (motivo numero zero desde 1985, quando a escola passou a começar às 7h).

Acontece que antes de novembro tem outubro. E, outubro, assim como janeiro, março, maio, julho, agosto e dezembro, tem 31 dias, sendo o dia 30, obviamente, parte fundamental dessa matemática. Dia 30, como os leitores sabem, é o dia mais importante da história do Brasil. Mas confesso que a pressão nas redes sociais tem me deixado um tanto fóbica, como está evidente nesta coluna.

É o dia mais importante da história do Brasil. Mas confesso que a pressão nas redes sociais tem me deixado um tanto fóbica

Antes, portanto, da entrada da nova Diana na serie da Netflix, do primeiro jogo do Brasil (contra a Sérvia), dos 27 anos completos do David, e do dia de finados – ou seja, antes de tudo ser depois – vai mesmo ter o dia 30. E parece que quanto a isso, até católicos e evangélicos estão de acordo.

Eu pensei em propor no grupo da família que o dia 29 durasse 48 horas, mas depois desisti. Também pensei em tentar antecipar o domingo que vem para esse, mas o calendário gregoriano ainda não aceita deep fake e nem fake news; é um departamento tão old school quanto falar old school. De modo que compreendi o óbvio: vou atravessar a data em questão. E que, para isso, vou precisar do mês seguinte, e também do outro, e do seguinte, e do ano que virá, e da vida que independe dos próximos quatro anos. Porque o dia 30 não pode ser o responsável pela existência ou não do meu futuro – embora seja.

Isso não é uma eleição, isso é uma guerra. Dia 30 não é um dia, são 1.460

Até la, eu terei colado aproximadamente 147 adesivos em todos os lugares da minha casa e por onde passo, usado todas as camisetas que nos últimos meses praticamente se casaram com a minha maquina de lavar, e sentido o coração bater mais forte a cada debate e a cada mentira do inimigo.

Por que isso não é uma eleição, isso é uma guerra. Dia 30 não é um dia, são 1.460. Mas, como diz meu amigo Aldo, o sol, a despeito dos números das urnas, vai nascer. E, seja qual for o resultado, em novembro tem a estreia da nova temporada de “The Crown”, o aniversário do meu sobrinho, a Copa do Mundo do Qatar e o dia de finados. Dois de novembro, dia dos mortos: quando amanheceremos sem as quase 700 mil vitimas da Covid que perdemos aqui, mas, se tudo der certo, com um país (ou o que resta dele).

Oremos.

Maria Ribeiro é atriz, mas também escreve livros e dirige documentários, além de falar muito do Domingos Oliveira. Entre seus trabalhos, destacam-se os filmes "Como Nossos Pais" (2017) e "Tropa de Elite" (2007), a peça "Pós-F" (2020), e o programa "Saia Justa" (2013-2016)

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões da Gama.

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