Achamos que vale
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O guia alimentar considerado modelo lá fora
Vale ler o Guia Alimentar para a População Brasileira, que virou assunto na última semana, quando o Ministério da Agricultura divulgou nota técnica com diversas críticas ao documento e um pedido de extinção da classificação que desaconselha ultraprocessados, o que foi visto por cientistas estrangeiros como fruto de lobby da indústria. O guia foi desenvolvido há quase uma década por um time de pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo e sempre foi considerado um modelo para outros países. O estudo, chefiado pelo professor Carlos Augusto Monteiro, foi feito a partir da mesa do brasileiro, o orçamento médio das famílias e seus hábitos. Recomendamos ainda ler esta entrevista com Carlos Monteiro e ouvir este podcast em que Rita Lobo, criadora do Panelinha e entusiasta do guia, defende sua importância.
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Ambiência e espacialidade ao pé do ouvido
Nascida para segurar o mundo sob sua língua, “You, at the End” (você, no final) é a peça central de “The Fifth Season”, novo álbum de Lafawndah, lançado no início de setembro. Trombone, tuba, ambiência e uma espacialidade surreal permeiam o disco, inserindo-o numa genealogia de músicos de vanguarda como Brigitte Fontaine e Scott Walker. A iminência cinematográfica de que algo pode acontecer a qualquer segundo é aguda ao longo de todo o disco, mas ainda mais urgente nesta faixa, que lembra a Bjork da era “Volta”, ao mesmo tempo em que conversa com a cantora britânica FKA Twigs e recorda alguma trilha sonora de um filme exibido na madrugada. Lafawndah (née Yasmin Dubois), metade egípcia, metade iraniana, cresceu em Paris, morou no México, passou parte da infância em Teerã e hoje costura referências do jazz de vanguarda, da música de câmara, do folk, da literatura (a canção é um poema da performer Kate Tempest musicado). Para os dias em que o isolamento bater mais forte.
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Educação sexual à moda nórdica
A insegurança com o próprio corpo assola a todos, mas crianças são particularmente sensíveis a esse mal. Será possível se relacionar de maneira mais saudável com nós mesmos? Essa é a tentativa de “Ultra Strips Down”, um programa de TV dinamarquês voltado para crianças e adolescentes que aborda corpos reais. O New York Times fez uma reportagem sobre o programa, que é extremamente popular no país nórdico. Adultos pelados são enfileirados em um palco de teatro e respondem a perguntas de crianças que estão na plateia. O cuidado da produção é gigantesco e se as crianças -- que tem a autorização dos pais para participar do programa -- se sentirem desconfortáveis, são retiradas na hora. Entretanto, os produtores garantem que isso jamais ocorreu. O bate papo entre as crianças e os adultos é honesto e tem caráter educativo. O objetivo é apresentar corpos reais e fazer com que as crianças entendam que cada corpo é único e válido. Apesar da revolta de conservadores dinamarqueses, o programa parece fazer efeito. Na reportagem do Times, uma das meninas que participou do programa afirmou que passou a se sentir mais confiante sobre seu próprio corpo. Se você entende dinamarquês, ou só deseja checar a série, é possível ver alguns trechos no YouTube.
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Aqui quem fala é o analista
Por que nos sabotamos? Por que é tão difícil terminar um relacionamento? Qual a relação entre angústia e desejo? Em "A Loucura Nossa de Cada Dia", o psicanalista Guilherme Facci comenta temas da atualidade relacionados à psicopatologia da vida cotidiana. No episódio mais recente, ele investiga a tristeza que bate em boa parte de nós especificamente aos domingos. Spoiler: tem a ver com a dificuldade de suportar o ócio, mas tamponar a angústia por meio da produtividade pode só agrava-la. Do arrepio causado pela voz do apresentador Faustão ao conceito de neurose dominical, definido pelo psiquiatra austríaco Viktor Frankl, Facci desvenda os mistérios do domingo e sua melancolia em um conteúdo que merece a escuta tanto dos iniciantes como dos iniciados na psicanálise.
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O pôr do sol fora da Terra
Turistas que já aplaudiram o pôr do sol visto das pedras do Arpoador, no Rio de Janeiro, fariam o mesmo em Vênus, Marte ou Urano se pudessem estender suas cangas por lá. Afinal, outras cores, igualmente belas, se espalham pelos céus desses mundos conforme eles se afastam da luz do sol em seus movimentos de rotação — a explicação para o fenômeno é que os raios solares fluem em diferentes direções dependendo do ângulo e dos tipos de molécula presentes nas atmosferas de cada planeta. Enquanto as viagens espaciais não são uma realidade, dá para admirar as diversas paletas de cores nesta simulação feita pelo cientista da Nasa Geronimo Villanueva. De quebra, o Canal Tech reúne imagens de sondas e satélites que também dão uma ideia de como seria testemunhar um ocaso interplanetário.