Como ser mais proativo no trabalho

Não espere que as coisas cheguem até você –
Não tinha como deixar de lado uma das regras de ouro dentro do livro da proatividade. Se considera algo de grande importância ou acredita que é necessário tomar uma ação, vá e faça. Aja, sugira ideias e soluções, assuma prioridades, tente prevenir problemas. Em home office, no entanto, se fazer presente sem estar fisicamente no escritório pode ser um desafio ainda maior. Para lidar com isso, a coach executiva Melody Wilding sugere algumas ações cotidianas simples, como falar mais em vídeo e fazer um esforço para se conectar com colegas de trabalho, mostrar-se constantemente disponível, se voluntariar para fazer algumas atividades e até organizar uma newsletter semanal com os progressos individuais de toda a equipe. “A proatividade é uma característica natural de todo bom profissional. E ela nada mais é do que ir atrás das coisas, não esperar que aconteçam. Prevenir situações problemáticas, antever dificuldades futuras”, explica Miriam Rodrigues, professora de comportamento organizacional na Universidade Mackenzie. Como bem cantou Geraldo Vandré, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Acumule conhecimento –
Como correr atrás e fazer acontecer se você não tem muita noção de como as coisas funcionam? Uma das principais ações para ser proativo no ambiente de trabalho é buscar aprender e acumular conhecimentos relevantes para a sua área. Comece pelo básico, tentando entender ao máximo aquilo que faz. O que não é tarefa fácil, já que o mundo contemporâneo é de transformação constante. Em pouco tempo, mudam a empresa, o setor e o mercado como um todo. Enquanto isso, cai diariamente sobre nossas cabeças uma tonelada de informações, parte delas relevante mas a imensa maioria de pouca serventia. Então leia, estude e mantenha contato frequente com as pessoas e com o mundo. E note que até para isso é necessário ser proativo. “Hoje temos acesso às informações em vários canais, de maneira profusa e generosa. Mas também devemos trazer com a gente um motor interno, para ir atrás dessas informações”, diz Rodrigues.

Não exagere: todo excesso é ruim –
Ao lado do célebre “conhece-te a ti mesmo”, estava inscrito na entrada do Templo de Apolo, em Delfos, a frase “nada em excesso”. Se, na ânsia de se mostrar interessado e prestativo, você passar a ignorar seus horários de folga, ultrapassar constantemente as horas diárias de trabalho, deixar de lado a vida pessoal e o lazer, pode-se dizer que está vivendo em desequilíbrio. E isso não é vantagem sob nenhum ponto de vista, já que as chances são grandes de ele afetar inclusive seu desempenho profissional. Além disso, a pandemia e o home office trouxeram uma dificuldade a mais. “Antes vida pessoal e profissional eram separadas por ambiente. Agora tudo acontece ao mesmo tempo e no mesmo lugar”, lembra a docente da Mackenzie. Para enfrentar com sucesso mais esse desafio, organize-se, seja flexível, entenda seus limites e separe um tempo adequado para cada atividade. Seu bem-estar físico e psicológico agradecem.

Sempre que puder, seja franco –
Pouquíssima gente tem passado pelo período de pandemia sem nenhum tipo de impacto psicológico. E é natural que as questões que se acumulam, como a falta de contato interpessoal, o confinamento, o luto coletivo e individual e a escassez de perspectivas atinjam não apenas o lado pessoal, mas também o desempenho profissional. Assim, manter uma comunicação aberta e sincera com chefes e gestores sobre algumas dessas dificuldades acaba sendo o melhor caminho para vivermos essa época complexa. E isso é algo que não deve partir apenas dos funcionários. As empresas também precisam ter consciência do momento atual e abrir canais adequados para o diálogo. “Liderança não é ditadura, não é colocar um contador de tempo no seu computador do home office para saber se está trabalhando”, aponta a psicóloga Mariana Luz. “Uma pessoa que inspira e dialoga com seus subordinados acaba incentivando-os a não deixá-la na mão, o que leva a uma produtividade bem maior.”

Não ignore sua saúde –
Assim como na vida pessoal, problemas de saúde física ou psicológica interferem no desempenho e ânimo no trabalho. Embora não pareçam ser coisas diretamente ligadas à rotina profissional, praticar exercícios e manter um cuidado constante da saúde física ajuda, e muito. O mesmo vale para transtornos psicológicos. Mariana lembra que eles devem receber atenção especial em meio à pandemia. “Numa crise como essa, é preciso inclusive ter a consciência de que não vamos viver uma felicidade perfeita. Devemos desapegar um pouco do mundo que conhecíamos.” Para a maioria dos casos, a dica é fortalecer vínculos, tentar se abrir mais com amigos e família e até buscar uma terapia profissional.