Sete Anos de Escuridão
Conhecida como ‘Stephen King sul-coreana’, a escritora You-jeong Jeong explora a jornada de um jovem para desvendar os crimes cometidos pelo pai
Desde o cinema, com filmes como “Parasita” (2019) e “A Criada” (2016), até a literatura, de “A Vegetariana” (Todavia, 2018) a “Pachinko” (Intrínseca, 2020), temos presenciado nos últimos anos uma verdadeira dominação sul-coreana em vários setores culturais, o que naturalmente atraiu nossos olhos para novos artistas e autores que surgem por lá. Conhecida por suas histórias impactantes e misteriosas, geralmente violentas e com personagens marcantes, boa parte da cultura do país asiático que foi exportada para o mundo tem um pé no suspense e no terror.
E uma das vozes mais proeminentes a se erguer em um mar de escritores talentosos vem justamente desses gêneros, com um estilo que fez a autora You-jeong Jeong ficar conhecida como a “Stephen King sul-coreana”. Depois de se tornar um pequeno fenômeno internacional com o lançamento de “O Bom Filho” (Todavia, 2019), que empreende um mergulho na mente de um psicopata, ela aporta novamente no Brasil com “Sete Anos de Escuridão” (Todavia, 2022), seu romance mais elogiado até o momento.
Novamente envolvendo um crime violento no seio familiar, cercado por um mistério que nem o tempo se encarregou de revelar, o livro acompanha a história de Sowon, um jovem órfão atormentado pelo passado. Seu pai, que foi acusado de cometer uma série de assassinatos, acabou rendendo ao protagonista a alcunha de “filho do psicopata”, que o persegue aonde quer que ele vá. Resignado a carregar esse fardo por toda uma vida, um dia o jovem recebe um manuscrito que pode jogar alguma luz sobre o que realmente aconteceu.
Prólogo
Eu fui o executor de meu pai.
A madrugada de 12 de setembro de 2004 foi a última vez que estive, de fato, ao lado de meu pai. Eu nada sabia na época — nem que ele tinha sido preso, nem que minha mãe tinha morrido, nem o que acontecera na véspera. Mas quando o sr. Ahn me tirou do estábulo no Rancho Seryong, eu tive certeza de que alguma coisa estava terrivelmente errada.
Dois carros de polícia bloqueavam a estrada que levava à fazenda. O piscar de suas luzes vermelhas e azuis feria os amieiros à beira da via. Insetos voavam dentro das luzes. O céu ainda estava escuro, a neblina era densa e o ar da madrugada, muito úmido. O sr. Ahn pôs seu celular em minha mão. “Guarde-o bem”, ele sussurrou. Um policial nos fez entrar numa das viaturas.
À medida que o carro avançava, eu vislumbrava a devastação — a ponte avariada, as estradas debaixo d’água, as ruas destruídas, o emaranhado de carros de bombeiro e de polícia, ambulâncias, o helicóptero circulando no céu negro. O Vilarejo de Seryong, que tinha sido nosso lar durante as últimas duas semanas, fora completamente destruído. Eu estava com medo de perguntar o que havia acontecido. Não ousava olhar para o sr. Ahn. Tinha medo de ouvir algo terrível.
O carro nos levou até a delegacia de polícia em Sunchon. Os policiais nos separaram um do outro. Dois detetives me esperavam numa pequena sala.
“Conte-nos apenas o que aconteceu com você”, instruiu um deles. “Não o que você ouviu ou o que imaginou. Entende?”
Eu sabia que não podia chorar. Tinha de lhes contar calmamente o que acontecera naquela noite. Só assim deixariam que eu e o sr. Ahn fôssemos embora. Então poderíamos encontrar meu pai e ver se mamãe estava em segurança.
Eles ouviram minha explicação.
“Deixe-me ver se entendi”, disse o mesmo detetive. “Foram os seguranças que levaram você para o lago, não seu pai.”
“Sim.”
“Depois você ficou brincando de esconde-esconde com uma garota que estava morta havia duas semanas, até que esse homem, que você chama de sr. Ahn, veio buscá-lo.”
“Não era esconde-esconde. Era vivo ou morto.”
Os dois inspetores me fitaram, incrédulos. Pouco depois, um deles me levou ao saguão da delegacia; meu tio estava lá. Viera me buscar, para me levar à sua casa. Mas havia muitos repórteres na rua. O detetive segurou meu cotovelo enquanto me empurrava, atravessando a multidão. Flashes espocavam a toda volta. Olhe para cima! Olhe para cá! Ei, garoto, você viu seu pai? Onde você estava na hora do incidente?
Eu estava meio tonto. Pensei que ia vomitar. O detetive continuou a me conduzir apressadamente. Pensei ter ouvido o sr. Ahn me chamar. Livrei-me da mão do inspetor e olhei para trás, procurando o sr. Ahn naquele mar de rostos. Nesse instante, todas as câmeras dispararam; eu estava numa ilha cercada por um mar de luz.
Meu tio abriu a porta traseira de seu carro e eu me encolhi o mais que pude no assento. Abri o celular do sr. Ahn. Olhei a imagem que servia de papel de parede — um homem enorme e um menino, caminhando entre sempre-verdes, afastando-se da câmera. O homem levava a mochila do menino e o menino tinha a mão no bolso traseiro do homem. Éramos eu e meu pai, dez dias antes.
Fechei o celular e o segurei com firmeza. Pus a cabeça entre os joelhos e tentei conter as lágrimas.
O mundo referiu-se aos acontecimentos daquela noite como “a tragédia do lago Seryong”. Meu pai foi chamado de assassino psicopata e eu fiquei conhecido como “seu filho”. Naquela época, eu tinha onze anos.
Meu pai foi chamado de assassino psicopata e eu fiquei conhecido como “seu filho”. Naquela época, eu tinha onze anos
O Vilarejo do Farol
Na véspera de Natal, uma van preta rangeu os pneus ao frear em frente à farmácia. O motorista entrou. Eu estava prestes a comer meu lámen. Eram três da tarde, mas eu estava fazendo minha pausa para o almoço. De má vontade, me levantei para atendê-lo.
“Oi. Preciso de uma informação”, disse o homem, tirando seus óculos Ray Ban.
Relutantemente, pousei os hashi na tigela. Anda logo, pensei.
“Como se chega ao Vilarejo do Farol? Não achei placas mostrando o caminho.” Ele fez um gesto na direção do entroncamento.
Olhei para sua grande e poderosa van. Seria uma Chevy?
“Ei! Você me ouviu? Onde fica o Vilarejo do Farol?”
Eu não me deixaria intimidar por uma Chevy. E o tom rude de sua voz não me perturbou. “Você não tem um GPS?”
“Se estou perguntando, é porque o GPS não o achou”, o homem respondeu em tom brusco. Estava claramente irritado.
“Se o GPS não sabe, como é que eu vou saber?”, eu disse, irritado também.
O homem saiu bufando, voltou para a van e voou pelo entroncamento.
Retornei ao meu almoço. “Vilarejo do Farol” era o apelido de Sinsong-ri. Ele deveria ter dobrado à esquerda no entroncamento, em vez de seguir em frente. Eu sabia disso porque era lá que eu morava.
O vilarejo não estava no mapa; talvez fosse insignificante demais para que os cartógrafos o mencionassem. O sr. Ahn dizia que era o menor dos vilarejos na península de Hwawon. Meu patrão, o dono da farmácia, dizia que aquele era um lugar hediondo, enfadonho e inacessível. O presidente do clube juvenil do vilarejo dizia frequentemente que aquele era o último confim do mundo, um lugar onde era preciso andar uma enormidade para comprar algo tão simples como um par de chinelos. E é verdade: era preciso percorrer quinze quilômetros de região desabitada antes de avistar o vilarejo, no topo de um penhasco. O farol ficava na beira da falésia, num rochedo semelhante a um bico de pássaro, que se projetava sobre o mar. Rochas arredondadas erguiam-se da água, e uma longa e alta cordilheira abraçava o vilarejo por trás.
Logo após nos mudarmos para o vilarejo, subi a montanha com o sr. Ahn. Avistei o flanco oposto da cordilheira; um ermo estéril, sem árvores, vasto como o oceano. O governo tinha adquirido toda aquela terra para construir um complexo turístico, mas nada acontecera ainda. Ouvi dizer que tinha havido lá uma plantação de sorgo, com um pequeno vilarejo na extremidade mais distante. As crianças daquele vilarejo há muito desaparecido é que deram a Sinsong-ri o apelido que usamos até hoje.
Nosso vilarejo também estava próximo da extinção, restando apenas doze habitantes. Esse número incluía a mim e ao sr. Ahn; todos nos chamavam de “garotos” porque a idade média dos residentes era sessenta e nove anos. A maioria cultivava batata-doce — embora estivéssemos num lugarejo litorâneo, as pessoas eram velhas demais para pescar. Às vezes convenciam os “garotos” a molhar os pés no oceano e a apanhar alguma coisa que pudesse engrossar um ensopado ou servir de acompanhamento a uma bebida. Registros oficiais indicavam que o último bebê nasceu no vilarejo sessenta e um anos atrás — o presidente do clube juvenil. Ele era o dono do único barco a motor no vilarejo e nos alugava um dos quartos de sua hospedaria; também alugava quartos a mergulhadores que vinham explorar as rochas submarinas. O sr. Ahn e eu também havíamos sido atraídos pelo penhasco submarino, então decidimos ficar por lá. Talvez o homem da Chevy também tenha vindo por causa do rochedo sob as águas, mas eu esperava que não.
…todos nos chamavam de “garotos” porque a idade média dos residentes era sessenta e nove anos
Meu patrão chegou por volta das sete da noite e abriu o cofre, o que sinalizava o fim do meu turno. Sem demora, peguei furtivamente um pacote com fortificante chinês e um adesivo para aliviar a dor. Uma coisa horrível para fazer numa noite de Natal, mas eu tinha meus motivos.
Embora o sr. Ahn tivesse apenas trinta e nove anos, seus cabelos já estavam ficando ralos. Já tinha até cintilações de pelos brancos nas sobrancelhas. Nos campeonatos de triatlo que realizávamos todos os dias, seu desempenho era lamentável. Para começar, navegávamos até a ponta ocidental da ilha num barco alugado, e ali o ancorávamos. Em seguida, fazíamos a primeira prova, que era dar uma volta na ilha, a nado. A segunda prova era um mergulho no mar: tentávamos colher o máximo de moluscos, amêijoas e pepinos-do-mar que pudéssemos achar debaixo d’água, na base da falésia. A terceira prova era um jogo de basquete, um contra um; havia uma cesta pendurada num galho de árvore. O primeiro a fazer cinco pontos, vencia. A marca mais recente do sr. Ahn foi de nove erros em dez tentativas. Na semana passada, ele distendeu um músculo do pescoço ao tentar uma enterrada. Desde então, toda vez que põe os olhos em mim balbucia alguma coisa sobre como um canalha lhe dera um empurrão na cabeça quando tentava marcar.
“Estou saindo”, disse a meu patrão. Lá fora, peguei minha bicicleta. Depois de dobrar no entroncamento, pedalei de pé, descendo a toda velocidade pela sinuosa estrada costeira. A lua ainda não surgira, mas não estava muito escuro; estrelas pontilhavam o céu noturno. O mar cintilava à luz das estrelas, as ondas estouravam contra o penhasco, uma ave marinha prateada cruzava silenciosamente a escuridão ao longo da praia, a neblina serpenteava entre as pedras à beira d’água, e as ilhas rochosas projetavam sombras escuras. Seria ótimo acrescentar um floreio literário tipo “uma suave brisa marinha”, mas na realidade era o vento frio de dezembro que me fustigava o rosto, como lâminas afiadas. Chegando em casa, tive a impressão de que meu crânio estava em carne viva.
A Chevy preta estava parada junto à casa, perto da van roxa do sr. Ahn. Estacionei a bicicleta entre os dois veículos. Podia ouvir, no outro lado do muro, a voz do sr. Ahn. Soava como a voz de um robô, como se lesse um livro escolar, o tom que adotava quando era obrigado a dizer algo que não queria. “A ilha não só tem uma corrente forte e traiçoeira, como também contracorrentes submarinas. É como um labirinto. Esta é a época do ano com as maiores variações na maré. Está escuro, e vocês andaram bebendo…”
“Olhe aqui, camarada”, alguém o interrompeu, “quem é você para nos dizer o que fazer?”
O sr. Ahn continuou na mesma toada. “E acho que, se vocês estão bêbados, deveriam ir para a cama, não para a água.”
Eu abri o portão e entrei no quintal. Quatro sujeitos com roupas e equipamentos de mergulho estavam diante do sr. Ahn, em roupas de baixo e chinelos, e do presidente do clube juvenil, com suas costas encurvadas. Os olhos do sr. Ahn pareciam mais sonolentos do que de costume; com certeza fora tirado da cama.
“E eu acho que você é quem precisa ir para a cama. Você parece estar congelando aqui fora, só de pijama”, respondeu um dos homens. Era o sujeito com o Ray Ban que eu vira na farmácia.
“Você alguma vez mergulhou à noite numa corrente marinha?”, perguntou o sr. Ahn.
O do Ray Ban começou a rir, como se ele fosse o Ronaldo e o sr. Ahn tivesse perguntado se ele sabia cabecear uma bola
O do Ray Ban começou a rir, como se ele fosse o Ronaldo e o sr. Ahn tivesse perguntado se ele sabia cabecear uma bola. Seus amigos também riram ruidosamente.
O sr. Ahn cruzou os braços e olhou para o chão. “Quem age com imprudência corteja a desgraça.”
“E quem mete o nariz onde não deve corteja um soco”, disse o do Ray Ban ironicamente.
Seus amigos caíram na gargalhada. Talvez estivessem apenas um pouco altos, não bêbados.
O sr. Ahn esfregou o nariz com o polegar, olhando para o homem do Ray Ban. Parecia estar calculando quantas vezes seria socado se saísse na briga com aquele imbecil. Pelos meus cálculos, estávamos em desvantagem numérica.
“Meu rapaz, que tipo de linguagem é essa?”, interveio o presidente do clube juvenil. “Ele não veio até aqui por brincadeira. Está tentando impedir que tenham um acidente. É o melhor mergulhador nesse vilarejo. Se ele diz que as condições não estão boas é porque as condições não estão boas. Vou alugar meu barco a vocês pelo tempo que quiserem amanhã de manhã, mas por hoje chega.”
“Mas que merda”, disse o do Ray Ban e cuspiu no chão, agressivamente. “Você não entende como funcionam os contratos? Quem paga é que manda.” Apontou o dedo para o rosto já vermelho do presidente do clube juvenil. “Nós pagamos, coroa, e você recebeu. Então agora você nos arranja o barco. Estamos entendidos?”
Fechei o portão atrás de mim com uma batida.
O presidente do clube juvenil olhou para mim. “Ah, quando foi que o garoto chegou aqui?”
O sr. Ahn se virou também.
Os sujeitos da Chevy fizeram o mesmo, inspecionando-me. “Vejam só quem chegou”, disse o do Ray Ban. “O sr. balconista da farmácia.”
“Preciso falar com você”, eu disse ao sr. Ahn.
O do Ray Ban pôs-se na minha frente. “Como você conseguiu achar o caminho de casa se não sabia onde ficava o Vilarejo do Farol?”
Eu sabia onde ficava o nosso quarto, o primeiro da casa — que tinha forma de L, como é tradicional na Coreia. A janela dava para a rua, e dela se vislumbravam o farol e o mar.
“Imagino que seu patrão não sabe que contratou um idiota que não tem a menor ideia de onde mora”, continuou o do Ray Ban. “Seja como for, o que você tem a ver com o especialista em mergulhos? Vocês não parecem ser parentes. Ah, entendi. Vocês dormem juntinhos, não é?”
Seus camaradas riram.
Eu me afastei, ignorando-o.
“A decisão é sua”, disse o sr. Ahn ao presidente do clube juvenil. “Eu disse o que tinha a dizer.” Entramos juntos, e através da porta pude ouvir os assobios e as vaias.
Pouco depois o presidente do clube juvenil começou a gritar e ouvimos o motor da van sendo ligado. Então, iriam mesmo à praia. Mas em vez de irem logo embora, os caras passaram a gritar e a buzinar, a piscar os faróis da van, e ligaram o som no volume máximo.
Fechei as cortinas, enquanto eles continuavam a piscar os faróis e a buzinar. A música fazia a janela estremecer, sacudindo as vidraças.
O sr. Ahn sentou-se à escrivaninha. Eu tirei as meias. Finalmente, passados cinco minutos, eles foram embora.
“Que diabo foi isso?”, perguntei.
“O que você acha? São idiotas.”
“Por que ele alugou para esses imbecis?”
“Ele não pode escolher clientes. São os primeiros que aparecem este mês.”
“Por que ele meteu você nessa confusão?”, perguntei.
Eu era o filho do louco homicida que matara uma menina de onze anos de idade, torcendo-lhe o pescoço, assassinara o pai dela com um martelo
“Para ajudar. Eles se embebedaram e o atazanaram para que os deixasse pegar o barco.” O sr. Ahn parou um instante para pensar. “Isto é, não havia nada mais que eu pudesse ter feito para que eles me ouvissem, havia?”
Sacudi a cabeça enquanto pegava o remédio chinês e o estendia para ele.
“Pare de trazer essas coisas”, disparou o sr. Ahn. “E se tiver efeitos colaterais?”
“Talvez seu cabelo cresça e fique espesso como a juba de um leão. Quem sabe?”, eu disse. “Se você não quiser, fico com ele.”
Ele o arrancou de minha mão. Fui me lavar.
Dizem que um gato pode sentir o trovão antes de ouvi-lo. Talvez o cérebro humano tenha uma aptidão sensorial semelhante: um relógio da ansiedade, que começa a tiquetaquear quando há uma tragédia à espreita. Eu estava deitado na cama, mas não conseguia adormecer. Percorria minhas lembranças, de volta àquele dia, sete anos atrás, em que fui separado do sr. Ahn.
Minha mãe foi cremada sem um funeral adequado, e eu fui confiado ao irmão mais moço de meu pai. No meu primeiro dia em minha nova escola, dei-me conta de que os garotos sabiam sobre mim e sobre o que tinha acontecido mais do que eu mesmo. Eu era o filho do louco homicida que matara uma menina de onze anos de idade, torcendo-lhe o pescoço, assassinara o pai dela com um martelo, matara a própria mulher e jogara o corpo no rio, e depois abrira as comportas da represa, afogando quatro policiais e quase metade dos moradores locais. Eu era o único que sobrevivera àquela noite terrível sem um arranhão sequer.
- Sete Anos de Escuridão
- You-jeong Jeong
- Todavia
- 416 páginas
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