Um soco no estômago, “BOCA DE LIXO” (1992), de Eduardo Coutinho, mostra o cotidiano de homens, mulheres e crianças que tiram o sustento do lixão de Itaoca, em São Gonçalo (RJ). A câmera passeia pelas pilhas de resíduos, acompanha os trabalhadores e ouve as histórias de alguns deles. Interessante (e perturbador) saber que esse lixão foi desativado em 2012, deixando centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade extrema, e que até hoje há chorume vazando dali para a Baía de Guanabara. Disponível no Youtube.

Em passos minúsculos, a COMPOSTAGEM DOMÉSTICA está ficando mais comum no Brasil. A composteira mais pop do mercado é a Humi, da Morada na Floresta, divulgada nas redes por gente como Bela Gil, o ator Cauã Reymond e a influenciadora Nátaly Neri. Quem compra pelo site recebe em casa o kit com caixas, um saco de minhocas e o manual para montagem. No dia a dia, é preciso depositar os restos orgânicos ali e cobri-los com serragem.

Para quem ficou de quarentena, é difícil não notar o AUMENTO DE LIXO NA PANDEMIA, principalmente com tanto delivery e compras online. A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) estima que as medidas de isolamento social tenham gerado um aumento de 15% a 25% na quantidade de lixo residencial produzida no país. Reportagem da Gama explora o problema e sinaliza soluções.

Qual o destino do lixo plástico? Série de gráficos do Nexo Jornal traz um panorama do acúmulo desse material no mundo, mostrando a geração, o gerenciamento, os tipos de plástico e o índice de reciclagem.

Um manual para quem quer diminuir a quantidade de lixo em casa, “UMA VIDA SEM LIXO” (Alaúde, 2018) traz dicas práticas da Cristal Muniz, ativista do movimento “lixo zero” no Brasil. A designer catarinense divulga suas experiências com redução de lixo desde 2015 em seu site, redes sociais e canal no Youtube. No livro, ela explica o que se pode fazer em cada cômodo e passa receitas de produtos de limpeza naturais.

Dos documentários mais alarmantes na Netflix sobre lixo, “Oceanos de Plástico” (2016) escancara a poluição de PLÁSTICO NOS MARES. O jornalista australiano Craig Leeson investiga junto à mergulhadora e ativista Tanya Streeter os impactos nocivos do lixo plástico em ecossistemas marinhos por diversas partes do globo, mostrando as graves consequências para os animais e a saúde humana.

Reportagem da Folha conta sobre o desfile da Beija-Flor no Carnaval de 1989, cujo título foi “Ratos e urubus… larguem minha fantasia”. O famoso carnavalesco Joãosinho Trinta marcou a história do Sambódromo carioca com uma estátua gigante do Cristo coberta por um SACO DE LIXO PRETO.

A economia circular tem sido vista como um caminho possível de organização da produção, no qual os resíduos gerados por uma indústria são transformados em matéria-prima para outras. Um dos fundadores da base teórica do modelo é o químico alemão Michael Braungart, coautor do clássico livro “Cradle to cradle: Criar e recriar ilimitadamente” junto ao arquiteto americano William McDonough. A edição em português está esgotada; a Amazon vende o ebook em inglês.

Para compor esta edição sobre lixo, sugerimos ouvir o hit “Joga fora”, composto por Michael Sullivan e Paulo Massadas e interpretado no antológico álbum Sandra Sá (1986).

Sobre lixo, arte, desigualdade e possibilidade de transformação, “LIXO EXTRAORDINÁRIO” (2010) retrata dois anos do trabalho do artista Vik Muniz junto aos catadores do Jardim Gramacho, então maior aterro sanitário do mundo, em Duque de Caxias (RJ). O filme, cujo um trecho ilustra a capa desta edição da #Semana_Gama, foi indicado ao Oscar e recebeu prêmios por festivais mundo afora. Disponível n0 Netflix.