5 dicas para organizar as finanças do casal — Gama Revista
Seu dinheiro não dá pra nada?
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5 dicas para organizar as finanças do casal

A recomendação principal é conversar sobre dinheiro. Especialistas dão caminhos para tornar o assunto natural na convivência a dois

Flávia Mantovani 23 de Junho de 2024

5 dicas para organizar as finanças do casal

Flávia Mantovani 23 de Junho de 2024

A recomendação principal é conversar sobre dinheiro. Especialistas dão caminhos para tornar o assunto natural na convivência a dois

Dinheiro não parece um assunto sexy para se conversar no começo de um namoro ou no auge de uma paixão, mas especialistas recomendam que façamos exatamente isso se quisermos aumentar a chance de que um relacionamento dê certo.

Se não faltam pesquisas mostrando que questões financeiras estão por trás de boa parte das brigas e divórcios, o antídoto pode ser acostumar-se a tratar do tema com franqueza e naturalidade, além de criar uma organização que sobreviva às fases de vacas magras e paixão em baixa.

“Acredito muito na máxima de que o combinado não sai caro”, diz Michel Marques, criador de conteúdo do perfil Graninhas. “A conversa tem que ser transparente e honesta. Por exemplo, se você não pode participar de um rolê pro qual seu parceiro ou sua parceira te convidou devido a dificuldades financeiras naquele mês, ele ou ela deve entender, e vice-versa”, afirma.

À medida que o relacionamento evolui, as decisões ficam mais complexas. É melhor ter dois carros na garagem ou pagar mais para morar perto do metrô? Garantir a casa própria ou investir o dinheiro e viver de aluguel? Pagar uma escola cara para o filho ou economizar para proporcionar viagens e outras experiências para a criança?

“As pessoas não brigam por dinheiro. Elas brigam por valores, visões de mundo, direcionamentos de vida”, afirma a psicóloga Valéria Meirelles, especialista em terapia familiar e em psicologia econômica.
Segundo Valéria, os casais têm mais dificuldade de falar sobre dinheiro do que sobre sexo. “É um assunto que não parece romântico, mas nada é mais anti-romântico do que um casal não dar certo porque não soube se organizar em termos de finanças”, afirma. A seguir, confira cinco dicas para organizar as finanças do casal e parar de brigar (ao menos, por essa razão).

  • 1

    Construam uma intimidade financeira, não evite o tema do dinheiro –
    A intimidade entre duas pessoas pressupõe a construção de confiança em diversas dimensões da vida — inclusive financeira. Mas, na prática, muita gente não conhece nem o básico sobre os rendimentos do outro: segundo uma pesquisa feita em 2023 pela Serasa com 1.456 brasileiros, 40% disseram não saber qual é o salário do parceiro ou da parceira.
    Pode parecer que conversar sobre dinheiro desgasta a relação, mas é quando fingimos que ele não existe que surgem as crises.
    “Falar sobre dinheiro é estar inteiro no relacionamento. As pessoas têm medo de terminar se fizerem isso, mas é o contrário. A relação vai ficar mais real”, diz Valéria Meirelles.
    Portanto, a dica é não evitar o tema. Isso significa sair do automático e conversar não só sobre os gastos do dia a dia, mas também sobre planos financeiros de longo prazo, sobre medos e convicções a respeito de como se deve gastar ou economizar e sobre o que significa sucesso financeiro para cada um.
    Vale considerar reservar um horário definido para essa conversa, com a periodicidade que for necessária, para que o casal não deixe de discutir o assunto por ser atropelado pelas demandas da rotina.

  • 2

    Separem recursos conjuntos dos individuais –
    Terapeutas de família costumam dizer que duas individualidades somam uma boa conjugalidade. Com a vida financeira, não é diferente.
    A recomendação mais comum é que o casal divida seus recursos em três entidades financeiras diferentes: uma conta conjunta, a conta individual de um e a conta individual do outro.
    Assim, todo mês os dois colocam na conta conjunta o valor acordado para bancar as despesas compartilhadas (boletos da casa, escola das crianças, a conta do cinema), ao mesmo tempo em que cada um mantém a liberdade para decidir sobre gastos e planos pessoais.
    “Isso evita que um fique dando pitaco nos gastos ou nas poupanças do outro. O que é do casal deve ser tratado como tal, e o que é individual deve ser respeitado como algo pessoal”, diz Michel Marques. Ou seja, menos uma fonte de brigas e desgastes.

  • 3

    Definam a divisão de gastos que consideram mais justa –
    E quando um ganha mais do que o outro? Alguns casais definem que cada um contribua com uma porcentagem equivalente a seus rendimentos para bancar as despesas. Outros preferem dividir as despesas por igual, mesmo que isso signifique manter um estilo de vida mais modesto, que caiba no orçamento de quem tem o salário menor.
    Qual é melhor? Depende. Por um lado, dividir proporcionalmente pode parecer mais equilibrado. Por outro, quem paga mais pode se sentir tentado a fiscalizar a forma como o outro gasta o dinheiro.
    Portanto, o caminho é avaliar qual faz mais sentido para cada dupla — e, se preciso reavaliar o acordo quando alguém sentir necessidade. Um dos grandes motivos de briga é quando um dos integrantes do casal se sente injustiçado. Se o assunto não for discutido e o ressentimento tomar conta, pode virar uma crise, especialmente nos momentos de vacas magras.

  • 4

    Usem apps de finanças compartilhadas –
    Automatizar o que for possível é útil para evitar o desgaste de analisar extratos e faturas do cartão de crédito todo mês. Além das tradicionais planilhas de Excel, existem aplicativos que facilitam a gestão conjunta de gastos — Splitwise, Cumbuca e Noh são três exemplos.
    Esses apps ajudam a dividir contas que são pagas por grupos e alguns já permitem também fazer pagamentos dentro da própria plataforma, funcionando como se fosse uma conta conjunta.
    Mas, por mais que alguns deles “prometam” acabar com as DRs (discussões de relacionamento) por razões financeiras, é preciso ter em mente que planilhas e ferramentas tecnológicas ajudam, mas não são uma solução por si só, ressalta o consultor Eduardo Amuri em sua aula online “Finanças para Casais”.
    Afinal, são duas pessoas que vieram de contextos diferentes e têm relações diferentes com o dinheiro coexistindo em uma casa e dividindo um pedaço de suas vidas. O que importa não é tanto a ferramenta que se usa, mas os acordos que são feitos.
    “Não espere que uma ferramenta vá resolver a situação do casal, em especial se esse casal não estiver vivendo um período de abundância financeira. Quando há restrições, é preciso fazer escolhas e aí surgem as dúvidas, as opiniões que divergem. Criar uma estrutura coerente pode fazer com que o casal discuta menos”, afirma Amuri.

  • 5

    Não deixem tudo na mão de um só –
    Mesmo que um dos dois seja “a pessoa das planilhas” e o outro não entenda nada de planejamento financeiro, é preciso tomar cuidado para que toda a vida financeira do casal não seja controlada por um só. Isso pode criar um desequilíbrio de poder que fragiliza um dos lados em fases de crise conjugal ou no caso de uma separação.
    Além disso, duas cabeças pensam melhor que uma e estudos mostram que o risco financeiro diminui quando o casal toma decisões juntos.
    Outro ponto é que organizar finanças e pagar boletos dá trabalho, então é bom que seja uma tarefa conversada e bem dividida, para que ninguém se sinta sobrecarregado.
    Portanto, para quem não está acostumado a lidar com as próprias finanças, a dica é buscar um conhecimento mínimo que seja sobre o tema, para conseguir participar deste aspecto tão relevante da vida a dois. Tem muita coisa boa na internet: veja indicações de canais que abordam o assunto aqui.
    Em muitos casos, será necessário vencer inseguranças sobre a própria capacidade de lidar com as finanças. Um primeiro passo é mudar a mentalidade e começar a pensar no dinheiro como um aliado, e não um inimigo.
    “Se desde cedo a gente entende o dinheiro como um parceiro e não um vilão, como um meio e não um fim, naturalmente as coisas vão acontecendo para que se consiga construir patrimônio e cumprir objetivos. Educação financeira cria cidadãos mais conscientes”, afirmou Bia Santos, CEO e criadora da Barkus, startup focada em democratizar o acesso ao tema das finanças pessoais, em entrevista ao podcast da Gama.