Como falar sobre pornografia com os filhos — Gama Revista
falar de pornô com os filhos

Como falar sobre pornografia com os filhos

A internet está cheia de conteúdo pornográfico que pode ser facilmente acessado por crianças e adolescentes. Veja dicas para conversar sobre esse assunto cabeludo de forma saudável e educativa

Daniel Vila Nova 03 de Fevereiro de 2022
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    Entenda (e explique) que a pornografia não é real –
    Antes mesmo de começar a conversar sobre esse assunto cabeludo com seu filho ou sua filha, é preciso ter bem claro uma coisa: pornografia e realidade são duas coisas distintas. “A sexualidade, o toque e o afeto são reais. Agora, a apresentação deles na pornografia é irreal.” Quem fala isso é Yael Gotlieb, psicanalista que trabalha com crianças há mais de 30 anos. Segundo ela, o pornô conversa com as ideias de cenários e personagens e deixa a realidade em segundo plano. As dinâmicas de um filme pornográfico, assim como os corpos ali presentes, não correspondem ao que a grande maioria da população encontrará no quarto. Ter consciência disso na hora de abordar o assunto e deixar isso claro no começo da conversa é muito importante. “Uma criança de 11 anos, por exemplo, já sabe o que é uma história e o que é realidade. Depois que elas começam a ler e a escrever, elas sabem o quão fácil é criar e conseguem entender o conceito de fantasia”, afirma Gotlieb.

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    Não complique e mantenha a conversa apropriada para a idade –
    Nenhuma criança é burra, portanto, não a trate como tal. Filhos e filhas mais novos, no entanto, têm uma compreensão limitada para certos assuntos. “Eles vêem muitas coisas, mas entendem poucas. Muitas vezes, sequer sabem que o que estão vendo é pornografia”, diz Gotlieb. Para a psicanalista, o mais importante na hora de abordar o assunto é adotar um tom tranquilo. “Quanto mais complicada for a abordagem, maior será a curiosidade da criança. Mantenha a conversa calma e simples”, relata. Para a psicóloga Fernanda Kimie Tavares Mishima, o importante é explicar as dúvidas da criança  atentando a idade. “Os termos utilizados, a dinâmica da conversa, a profundidade do tema. Tudo isso vai depender do quão velho seu filho é.” Para as duas profissionais, até os setes anos o tema deve ser evitado quando possível ou lidado com muita cautela. A partir dos oito, as crianças têm um repertório maior para lidar com tais informações. Tavares entende que é fundamental responder tudo o que as crianças perguntam, mesmo que não se tenha todas as respostas. “Não há nenhum mal em assumir o desconhecido e falar ‘Eu não sei, mas posso te falar depois’. O que precisa ser feito é deixar isso claro e abrir um espaço para que a criança pergunte de novo, caso seja necessário.”

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    Responda somente o necessário –
    Que pai não tremeu ao ouvir a pergunta “De onde vem os bebês?” A resposta, no entanto, pode ser bem mais simples do que aparente. “Essa é uma pergunta sobre sexualidade, não sobre o sexo”, diz Gotlieb. “Muitas vezes, a criança sequer sabe a complexidade por trás de sua pergunta.” Nesses casos, o recomendado é bem simples – responda somente o que a criança perguntar, nada mais ou nada menos. “Devo chegar no meu filho de oito anos e falar que ele está proibido de ver pornografia? Muitas vezes, ele sequer sabe o que eu estou falando”, afirma a psicanalista. Para Tavares, é possível perceber quando os pais estão dando explicações muito técnicas ou detalhadas para as crianças. “A criança não se mostra à vontade com a explicação ou demonstra que não está entendendo. Quando isso acontecer, volte ao básico e responda só o que foi perguntado.”

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    Tente não desmonstrar sua ansiedade –
    Se você é daqueles pais que, ao ouvir o termo “pornografia”, já começa a suar frio e encomenda 15 livros sobre sexualidade infantil na livraria mais próxima: calma. Respire, inspire, conte até três e saiba que tudo vai ficar bem. Comprar livros educativos sobre o tema pode ser uma saída interessante, mas tenha cuidado para não deixar a ansiedade parental bater forte demais e acabar soterrando seu filho ou filha com novas informações. “O adulto supõe sempre a pior coisa, aí se desespera. Na maioria dos casos, essa não é a realidade”, afirma Gotlieb. “Essa ansiedade coloca a criança em um local horrível, como se ela soubesse de tudo e estivesse fazendo a coisa mais errada do mundo. Quando, na realidade, ela só está curiosa pela vida.” Para os adolescentes, a ansiedade dos pais pode acabar inibindo possíveis conversas. Cansados de ouvirem tantas perguntas sobre o assunto, filhos e filhas podem decidir só não conversar mais sobre a temática com os pais.

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    Não antecipe a conversa; espere (e ouça) os sinais –
    Quando é a melhor hora de conversar sobre o tema com os filhos? De acordo com as duas especialistas, quando o assunto surgir. Antecipar essa conversa sem que haja um real motivo para ela acontecer tende a ser prejudicial para ambos os lados. “Quando você antecipa o assunto, a conversa que poderia ser informativa acaba se tornando um problema que nem havia passado ainda pela cabeça do seu filho”, diz Gotlieb. De acordo com a psicanalista, o importante é prestar atenção no filho ou na filha e ficar atento aos sinais que, segundo ela, são claros. Perguntas mais diretas, muito tempo no banheiro ou uma estranheza na hora de reuniões familiares podem ser alguns dos indicativos. Para Tavares, outro fator importante é estar atento ao que as crianças e, especialmente os adolescentes, podem ensinar aos pais. “Hoje, existem diversos tipos de sexualidades que muitos pais sequer sabem que existem.” O ideal, de acordo com a psicóloga, é escutar o que os filhos têm a dizer e procurar entender de forma conjunta quais são as dúvidas e as questões que o filho tem.

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