7 lições de carreira que podemos adotar em 2025 — Gama Revista
Curriculum Vitae

7 lições de carreira que podemos adotar em 2025

Uma musicista, um escritor, um ilustrador, uma socióloga, uma advogada, uma jovem liderança das periferias e uma economista que trabalha na ONU: pessoas de diferentes áreas compartilham aprendizados profissionais

Ana Elisa Faria 06 de Janeiro de 2025

Meter as caras, aprender com erros, contar com a sorte, não ter medo de arriscar. Fazer o que só você pode fazer, criar e sustentar um senso de coletividade, ler e estudar muito, mas também vivenciar o mundo fora da biblioteca. Cercar-se de figuras inspiradoras. Representar quem ainda não consegue ser ouvido e ocupar espaços. Essas são algumas das lições de carreira que Gama ouviu de profissionais das mais diversas áreas na seção Curriculum Vitae durante o ano de 2024.

Nos últimos 12 meses, conversamos com pessoas que trabalham no setor público, em empresas privadas, que criaram um negócio do zero e que atuam em organizações sociais ou intergovernamentais. Ouvimos gente que faz arte, música, literatura, que encabeça programas pela democratização da habitação, jovens que lutam pela conexão entre as periferias do país e mulheres que, diariamente, enfrentam o machismo no meio em que estão inseridas.

Entre indagações sobre os desafios, a sensação de realizar grandes feitos, os prêmios recebidos e os aprendizados mais valiosos, selecionamos sete conselhos imperdíveis que os nossos entrevistados compartilharam. São dicas que podem ajudar outros trabalhadores com insights, inspirações, na antecipação de possíveis problemas e na hora de repensar os caminhos da profissão.

  • Imagem

    “Fui colocando minha cara a tapa, aprendendo com erros, acertos e com a sorte. Sendo arrogante você não chega nos lugares”

    Gabriele Leite, violonista clássica

    “Não tenha medo de arriscar. Se estiver disposto a trocar com as pessoas, o processo ainda não é fácil, mas vai ser mais palatável. Quando eu era criança, não imaginava que ia morar em outro país, falando outra língua. Foram tantos os incentivos que fui colocando minha cara a tapa, aprendendo com erros, acertos e com a sorte, que também rola às vezes. Sendo arrogante você não chega nos lugares. Precisa entender que não se está sozinho no mundo, entender a moeda de troca. Una-se aos colegas, familiares, confie em quem quer te ver crescer. E tenha muita resiliência, paciência. Comecei a tocar violão com seis anos de idade, hoje tenho 26. Tem gente que precisa de menos, gente que precisa de mais tempo de prática.”

    Leia a entrevista completa aqui.

  • Imagem

    “Quero contar histórias em que as pessoas saiam da ficção e retornem à sua realidade com uma pequena mudança de olhar”

    Stênio Gardel, escritor. É autor de “A Palavra que Resta” (Companhia das Letras, 2021), vencedor do National Book Award

    “Vou dizer uma coisa que aprendi com a Socorro [Acioli], que para mim foi importante em vários sentidos. Ela fala para contarmos a história que só nós podemos contar. Perceber isso foi libertador. Para mim, significa que aquilo que eu escrever vai ter a minha marca, minhas lembranças, meus sentimentos e meu corpo. Nenhuma pessoa na face da Terra é igual a mim. Meu texto vai ter essas características. Mas também é libertador não precisar me preocupar com comparações. Se José Saramago já escreveu de tudo, eu vou deixar de escrever? Vou escrever o que quero, sinto, o que preciso escrever, do meu jeito. Posso usar Saramago como inspiração, mas não como algo que possa me inibir. E não encaro como missão, mas quero contar histórias em que as pessoas saiam da ficção e retornem à sua realidade com uma pequena mudança de olhar, um questionamento que depois provoque alguma coisa.”

    Leia a entrevista completa aqui.

  • Imagem

    “O senso coletivo é o maior desafio para o sucesso”

    Daniel Kondo, ilustrador, designer e artista gráfico

    “Quando você divide a autoria, você multiplica. Trabalho em um mercado colaborativo, onde o editor faz mudanças, o preparador de texto te ajuda, as leituras múltiplas da equipe contribuem, o publisher te dá um recorte comercial. São vários olhares para que um livro aconteça. Quando você é capaz de ser sensível e receptivo à opinião dos outros, ainda que seja para contestar, você é capaz de refletir e melhorar o trabalho. Foi um aprendizado que demorou um pouco para eu entender, mas quando aconteceu, eu percebi que todo mundo estava no mesmo barco lutando pelo melhor livro. O senso coletivo é o maior desafio para o sucesso. Quando você recebe um Jabuti, há um trabalho inteiro de uma equipe editorial, comercial, de divulgação por trás. O prêmio coroa o trabalho do autor e parece que ele faz tudo sozinho, mas é um trabalho coletivo.”

    Leia a entrevista completa aqui.

  • Imagem

    “Se você não estuda, não tem dúvida e não produz conhecimento, produz cancelamento”

    Márcia Lima, socióloga e secretária de Políticas de Ações Afirmativas, Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial

    “Essa geração precisa abrir um livro e ler mais de 140 caracteres. Não dá para estudar pelo TikTok. A gente precisa ler o autor, não o que se diz do autor. Eu vejo muito isso, mesmo na USP. Pegar atalhos na formação vai custar muito caro. Acho que o que faz essa geração julgar tanto é a falta de conhecimento. Nas ciências sociais, você estuda o Marx e o crítico do Marx. Nesse processo de formação intelectual, você constrói múltiplas perspectivas. O que eu vejo hoje é uma ausência de pluralidade de perspectivas. Na pós-graduação, os alunos falam: eu quero fazer uma tese para dizer isso. Você não faz uma tese para dizer alguma coisa, você tem uma pergunta. Se você não estuda, não tem dúvida e não produz conhecimento, produz cancelamento. Isso serve para a formação intelectual e política. Eu preciso conhecer melhor o pensamento conservador, o que pensam adeptos das religiões. Um cientista social tem que se formar à moda antiga, que é estudar muito. As pessoas estão virando especialistas com muita rapidez e isso tem uma conta alta, que é a produção da intolerância. Para ter tolerância, você precisa estar aberto a perspectivas. E ninguém constrói isso sem um conhecimento aprofundado das coisas.”

    Leia a entrevista completa aqui.

  • Imagem

    “Talvez as respostas para os problemas que a gente vai encontrar estejam nas ruas”

    Juliana Souza, advogada e presidente do instituto Desvelando Oris

    “É importante estar rodeada de pessoas e coisas que te alimentem. Sempre digo para os estudantes de direito não ficarem trancados na biblioteca. É óbvio que é importante ler, desenvolver um pensamento crítico, mas, para mim, é mais essencial ainda estar em contato com as pessoas, com a cidade, com o campo, com o que forma a nossa ciência jurídica. Talvez as respostas para os problemas que a gente vai encontrar estejam nas ruas. Ninguém precisa ter todas as respostas para começar, você pode ir com o que tem, e vai descobrindo as alternativas e as possibilidades durante o caminho, que vão mudando, inclusive, conforme você também é transformado no processo. Uma outra lição é, essencialmente, que as pessoas são pessoas.”

    Leia a entrevista completa aqui.

  • Imagem

    “Não posso esquecer de falar das pessoas do Norte, referenciar as pessoas do Nordeste, não posso esquecer das comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, extrativistas”

    Thuane Nascimento, diretora-executiva do PerifaConnection

    “Com o avanço da agenda das periferias, ficamos felizes porque essa é a nossa luta há tempos, porém, também nos preocupamos porque existem pessoas que fazem parte de organizações periféricas, mas que ascenderam de vida e não moram mais nas periferias. E, para mim, quem sabe da favela é o favelado, quem sabe da periferia é o periférico, é o morador da periferia. Não tenho nada contra quem ascende, óbvio, mas a voz e a representação desses locais têm que vir de pessoas que moram nos territórios. Se você não vivencia a realidade do dia a dia, dificilmente vai conseguir falar o que realmente está acontecendo. Quando vou para esses espaços, vou sabendo que sou uma pessoa periférica e que tenho um compromisso coletivo. As periferias são muitas no Brasil e muitos territórios não têm espaço e nem visibilidade no debate. Então, eu, como uma menina do Sudeste, não posso esquecer de falar das pessoas do Norte, referenciar as pessoas do Nordeste, não posso esquecer das comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, extrativistas. Não posso falar por essas comunidades, mas tenho que lembrar delas e referenciá-las, até para que, numa próxima vez, chamem para ouvir alguém de uma favela do Nordeste ou de uma comunidade do Norte. Assim, não só conseguimos acessar os espaços, mas ajudamos a mostrar que não somos os únicos.”

    Leia a entrevista completa aqui.

  • Imagem

    “As mulheres têm a tendência de achar que não precisam ocupar certos espaços e, assim, os deixamos vazios, mas eles acabam sendo ocupados”

    Anacláudia Rossbach, economista e diretora-executiva do ONU-Habitat

    “No meio da crise da covid, como muita gente, aos fins de semana eu limpava a casa ouvindo podcasts. Um dia escutei um episódio do podcast da Gama com a Juliana Saldanha [estrategista em marcas pessoais, consultora e criadora do curso Movimente Sua Marca], que falou duas coisas que me bateram pesado. Para ela, no futuro, as grandes transformações vão ser realizadas por meio de coalizões de grupos e associações, ou seja, elas serão coletivas. Só que o mundo ainda não chegou nesse ponto. Então, por enquanto, as opiniões e as presenças individuais são essenciais. O segundo ponto está relacionado à questão de gênero. As mulheres têm a tendência de achar que não precisam ocupar certos espaços e, assim, os deixamos vazios, mas eles acabam sendo ocupados. É nossa obrigação ocupá-los e expressar as nossas opiniões. Depois disso, comecei um processo de repensar muita coisa, passei a me posicionar mais e a colocar a minha voz e a trabalhar com bastante intencionalidade em direção ao meu propósito.”

    Leia a entrevista completa aqui.

Quer mais dicas como essas no seu email?

Inscreva-se nas nossas newsletters

  • Todas as newsletters
  • Semana
  • A mais lida
  • Nossas escolhas
  • Achamos que vale
  • Life hacks
  • Obrigada pelo interesse!

    Encaminhamos um e-mail de confirmação